sábado, 17 de dezembro de 2016

A TEORIA DO CAOS E O EFEITO BORBOLETA


“A minha vida está um caos!”... É uma expressão muito comum na boca das pessoas desorganizadas e/ou atrapalhadas.

O que é o caos? Caos é desordem, bagunça, confusão, desequilíbrio, imprevisão. Caos é nada,vazio, portanto, desesperança. Em princípio, caos é algo negativo, ruim. Na verdade, em sua concepção antiga, uma situação de caos, é ma situação de vir a ser, pois é algo que está à espera de alguém com força para a reorganização, reestruturação.

Modernamente falando, mas sem aprofundamento científico de sua análise, surgiu a “Teoria do Caos”, que tem em sua essência a imprevisibilidade. Tem muita gente gostando desse tema.

Assim, a nova ‘teoria do caos” parte do princípio de que uma mudança num sistema qualquer, por menor que seja, por mais banal ou corriqueiro, vai alterar a equação que a explica e ter consequências imprevisíveis num futuro distante. Foi descrita inicialmente pelo meteorologista do MIT, Edward Lorenz, em 1963, batizando-a como “Efeito Borboleta”, dizendo que o simples bater de asas da borboleta pode causar efeito a milhares de quilômetros de distancia.

Esta teoria foi corroborada pelo matemático polonês Benoit Mandelbrot, que paralelamente desenvolveu os “fractais”, com o mesmo sentido e consequências.

A Teoria do Caos e o Efeito Borboleta explicam a imprevisibilidade dos sistemas caóticos (confusos e desorganizados, como a meteorologia) e também da vida. E os exemplos surgem aos borbotões. Uma palavra errada dita na hora errada, que gera conflitos e traumas irreversíveis... Um descuido no volante, quantas consequências!

E o caso de um noivo, que na festa de seu casamento, se descuidou e caiu sobre a taça de champanhe que segurava. Um dos cacos cortou-lhe a artéria da virilha? Morreu antes de o resgate chegar.

Um negócio mal feito. Uma atitude de desrespeito. Um mau trato ou palavras de preconceito a uma criança. Atitudes que podem parecer banais no momento, como o bater das asas de uma borboleta, mas guardam no seu bojo o potencial do caos, da desordem, do desequilíbrio, da imprevisibilidade, que vão se manifestar ao longo da vida.

Será que a Teoria do Caos, fora do campo científico pode ser evitada ou minimizada?  Difícil dizer, pela própria imprevisibilidade, mas pode nos remeter a um nível de consciência a respeito do cuidado, do amor no seu verdadeiro sentido, dos valores humanos.

São preocupações possíveis no micromundo das relações humanas e também no macro mundo das sociedades humanas, especialmente no mundo político. Por falar nisso, algumas decisões, tomadas hoje e tidas como necessárias, terão, sim, o efeito borboleta, banais no nascedouro, mas geradoras de caos no futuro.

Quem viver verá.
  


Imagem: Google

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

"O COMPLEXO DE VIRA-LATAS"

Nelson Rodrigues

“O Complexo de Vira-Latas” foi uma expressão criada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues (foto) em sua coluna semanal “personagem da Semana” na antiga Revista “O Cruzeiro”. A origem da expressão remete ao sentimento de frustração do povo brasileiro após a derrota para o Uruguai, por 2x1, no Maracanã, na final da Copa do Mundo de 1950.

O povo brasileiro ficou muito abalado, afetando diretamente o seu complexo de inferioridade, o que Nelson Rodrigues chama de “Complexo de Vira-Latas”, lembrando a aquela raça de cachorro de rua que não tem pedigree, não tem dono, não tem destino e depende da comida que encontra nas latas de lixo que revira.

É uma afirmação ousada, mas que tudo tem a ver com a história do povo brasileiro, fruto da miscigenação, tão criticada por intelectuais nacionais e estrangeiros do inicio do século passado. Até a tentativa de se estabelecer um programa em longo prazo de “branqueamento da população brasileira”, sugerida por Arthur Gobbineau a D. Pedro II, ideia essa que o nosso imperador quase comprou.

Mas o “Complexo de Vira-Latas” não é uma simples expressão de alguém esperançoso de que o Brasil pudesse dar a volta por cima na próxima copa, no caso a de 1958, tão brilhantemente vencida pela nossa seleção. Nelson Rodrigues enxergava longe... Tanto o passado como o presente e o futuro. Sim, um profeta.

Gobineau errou em sua previsão de que em 2030 a população brasileira seria totalmente branca. Hoje a miscigenação gerou uma brasilidade racial nacional maravilhosa que está longe, muito longe de ser alterada.

Nelson Rodrigues não. Ele viu o que o complexo de inferioridade extrapola o âmbito do futebol. Esse complexo está presente hoje, em pleno sécul0 XXI. A derrota para Alemanha na copa de 2014 foi mais acachapante e vexatória e nem mexeu tanto com autoestima do brasileiro. O que esta impactando mesmo é a incapacidade de reação do povo diante das perspectivas negativas que se lhe apresentam diante da realidade social, econômica e política na atualidade.

Índices educacionais baixos... Qualidade de escrita e leitura abaixo da crítica (Que o digam os textos de MBAs)... Fluência duvidosa em inglês...

As previsões são sombrias. Desemprego aumentando... Milhões serão atirados para abaixo da linha da pobreza... Corrupção sem fim... Impunidade... Violência... Drogas lícitas e ilícitas... Consumismo Desgoverno... Deseducação... Comprometimento da saúde, da infraestrutura, do meio ambiente, inflação no supermercado altíssima e oficialmente baixíssima (puro engodo). E a população, estática, paralisada, anestesiada, desorientada... Massificada pelos meios de comunicação, que são instrumentos de dominação dos donos do poder.

É o Complexo de Vira-Latas presente... Quem está por baixo projeta-se em quem está por cima. Daí a presença dos ídolos (falsos deuses). Daí a mídia fazendo do catastrofismo um meio manipular e anestesiar ainda mais e reforçar a baixa autoestima e reforçando, sim, o “Complexo de Vira-Latas” do sofrido povo brasileiro.


Imagem: Google

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ESQUERDA E DIREITA NÃO PRECISAM EXISTIR


É tempo de pensar diferente. Estamos nos referindo à dicotomia política entre esquerda e direita.

Uns dizem que q esquerda acabou... E faz tempo! Desde a queda do muro de Berlim, em l989. A partir de então a direita vem dominando o cenário político em todos os lugares.

O que é “direita”? E o que é ”esquerda”?

A direita congrega os partidos políticos mais conservadores. As pessoas de direita são as donas do poder, tanto do poder político quanto do poder econômico. Esta concepção surgiu na Revolução Francesa. Naquela época as pessoas que não queriam perder os privilégios vindos da monarquia, naturalmente se alinhavam à direita e formavam partidos com essa ideologia para defenderem seus interesses.

No contraponto, as pessoas que sonhavam por uma vida melhor, com mais dignidade, com mais direitos sociais, econômicos e políticos, passavam a se alinhar à esquerda. Mas foi com o Marxismo que a esquerda se politizou de fato, pois foi essa ideologia que fomentou no mundo inteiro o Socialismo, como caminho para se atingir o Comunismo, situação em que as diferenças sociais deveriam desaparecer.

Mas nada disso aconteceu. O Socialismo tornou-se vigoroso durante o Século XX, mas desapareceu com o seu fracasso na União Soviética. E como uma onda (ou tsunami) foi se desmantelando mundo a fora, desamparando das classes sociais empobrecidas que depositavam nessa ideologia fundadas esperanças de uma vida melhor.

Fenômeno recente, o Partido dos Trabalhadores, surgiu no Brasil como uma luz no fim do túnel. Adotando um discurso de esquerda, mas sem representar profundamente as ideias e os ideais da esquerda tradicional, o PT faliu na mesma velocidade como surgiu. Não co seguiu sobreviver aos encantos do poder.

Essa discussão vai longe. E a verdade é que a direita continua dominando, defendendo, é claro, os interesses dos conservadores, os donos do poder.  A desigualdade continua, o descompasso entre discurso e prática, também, deixando os excluídos cada vez mais excluídos.

A grande verdade, é que se a pregação da direita indica o desaparecimento da esquerda, porque seus representantes são iletrados, incultos e até ágrafos (não sabem escrever), a direita também deve desaparecer por sua arrogância, pedantismo, autoritarismo e desprezo pelos excluídos.

É preciso uma nova ordem, uma nova classe política, uma nova ideologia que tenha como centro de suas atenções o ser humano. Podemos chamá-la de “humanismo”, “gentismo”, “socialismo humanizado”, “capitalismo humanizado”, ou qualquer ou denominação, desde que indique a pessoa humana e a sua dignidade como centro.

Todo o processo político deve ser desconstruído e reconstruído em base humanas, não humanitárias (sinônimos de ajuda, caridade, esmola, enfim, manutenção do status quo). É possível até resgatar o socialismo cristão. Mas isso pode ser um retrocesso.

Nada de combater empresários, latifundiários e outros membros da elite conservadora. Nada, também, de achar que só essa gente sabe pensar corretamente.  Vamos buscar uma transformação, via educação, no modo de pensar e de fazer política. Acabar com a corrupção e com a política de carreira. Buscar a honestidade e a valorização humana.

Portanto, buscar a utopia e começar tudo de novo, sob a bandeira da dignidade humana. Sem os políticos da esquerda, muito menos os da direita.


Imagem: Google