terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

CINZAS


Estamos na Quarta-Feira pós-carnaval e o que muito se comenta é a respeito das cinzas que sobraram. Os rescaldos estão por todos os lados, lixo, carros alegóricos abandonados, inclusive na área da saúde. Hospitais cheios, bancos de sangue vazios, reclamações, vidas perdidas, sofrimentos, dores... Rescaldos. E muita gente feliz, porque o Carnaval foi maravilhoso. E daqui a poucas horas o ano de 2017 começa de fato.

A Quarta=Feira de Cinzas parece ter sido colocada pela Cristandade logo após o Carnaval de forma estratégica. Se é uma tradição que vem de longos séculos, deveria ser colocada num determinado dia do ano. Se estrategicamente ou não logo após Carnaval, pois vamos a ela.

A Quarta-Feira de Cinzas não existe no ritual cristão apenas em função do Carnaval. Ela tem um simbolismo muito maior e vai além. Ela não apagará os deslizes, os pecados, as doidices, as maluquices, os devaneios, os descontroles dos dias de momo. Tudo isso vai ser repetido no Carnaval vindouro, exatamente, porque não vai haver uma “conversão” de fato, apenas um apanágio.

A conversão é o sentido maior do ritual das Cinzas, pois lembra ao ser humano suas principais características: fortaleza e fragilidade, a vida por um fio. É lógico que os cristãos esperam a conversão total para o cristianismo. Outras religiões também. Para os humanistas, se isso não acontecer que pelo menos o ser humano se converta para si mesmo, para o cuidado com sua saúde, para o respeito ao próximo, para a proteção do meio ambiente.

Assim, que não haja tanta violência, desrespeito, atentados ao pudor, pornografia, banalizado do sexo, do consumo, das drogas lícitas e ilícitas.

Uma vida regrada, sem exageros, sem abusos, com exercícios físicos, com controle dos sinais vitais, como pressão arterial, diabetes, colesterol, função renal e do fígado... Com o alimento espiritual para a alma, com exercícios físicos... Tudo isso  requer uma “conversão” e uma adesão incondicional a um novo estilo de vida. Pois, chegará um tempo na vida que o delicioso e o maravilhoso não farão mais sentido e, sim, a vontade de viver, já que o prazo de validade começa a vencer.

Cinzas, na sua forma original (hoje mudada) “Tu és pó e ao pó voltarás” cumpre sua função social, alertando que a vida pode estar por um fio, quando se atinge o exagero e extrapola o bom senso. É  momento da “conversão“ para si mesmo, com os cuidados para com a própria saúde, com a saúde dos que estão próximos e o desenvolvimento dos bons hábitos da convivência humana. A conversão religiosa será uma consequência.

O outro significado das Cinzas é mostrar a fortaleza da vida. Quando se tem saúde, quando se tem espírito forte, caráter, ética, a própria natureza se encarrega de protegê-la e de mantê-la.

Para quem deseja aprofundar o conhecimento do simbolismo cristão das Cinzas, há muita informação na internet. Lá se descobrirá, também, que o estudo das cinzas é um importante ramo da Química, da Farmacêutica e da Culinária. Vale a pena o conhecimento.



Imagem: Google

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

AL-KHWARIZMI, A MATEMÁTICA E A ÉTICA


Abu Abdallah Mohammed ibn Musa Al-Khwarizmi, foi uma das mentes mais brilhantes da Idade Média (matemático, geógrafo, astrônomo e historiador), nascido por volta do ano 780 na região ao sul do Mar de Aral, hoje Uzbequistão e faleceu em Bagdá, capital do então Império Persa, por volta do ano de 850. Fez parte da famosa Casa da Sabedoria, criada pelo califa AL-Mamum em Bagdá.

Al-Khwarizmi, escreveu tratados sobre vários ramos do conhecimento, principalmente sobre a matemática, como aritmética, álgebra, astronomia, geografia, calendário, incentivado que foi por Al-Mamum, este preocupado em oferecer regras simples de cálculo para uso da população comum, como o comércio, partilha de terras, escavação de túneis, distribuição da colheita, etc. etc.. Na verdade, Al-Khwarizmi buscou o que os indianos desenvolveram nas diversas áreas do conhecimento, amplio-os e sistematizou-os, inclusive o uso do “zero”.


Seus tratados ganharam notoriedade, foram estudados por outros cientistas da Idade Média. Do conjunto de sua obra surgiram palavras ou expressões da matemática, usadas até hoje (e assim será sempre) todas ligadas ao seu nome, como a própria álgebra, o algarismo e o algoritmo. Al-Khwarizmi é considerado um dos precursores do Renascimento cultural da Idade Moderna. Entretanto, é ainda um personagem que merece ser mais bem conhecido.

Sim, mais bem conhecido, pois em meio a tantas facilidades da Era da Informação, fica difícil, especialmente para as gerações novas compreenderem as raízes do conhecimento e em que condições pessoas deram inicio a essa maravilhosa caminhada do homem em direção do saber e do domínio da natureza.

Al-Kawarizmi foi um humanista, uma inteligência rara que viveu para além do seu tempo, tempo de obscuridade. Há um diálogo atribuído a ele em que é instado a comparar a matemática com o ser humano. É o que segue.

Perguntaram a Al-Khwarizmi sobre o ser humano e ele respondeu
- Se tiver Ética, então é igual a 1 (um)
- Se também for Inteligente, acrescente 0 (Zero) e será igual a 10 (dez)
- Se também for Rico, acrescente mais um 0 (zero) e será igual a 100 (cem);
- Se ainda for Belo, acrescente mais um 0 (zero) e ele será igual a 1000 (mil);
- Mas se ele perder o 1 (um), que corresponde a Ética, então perderá todo o seu valor, pois restarão apenas os zeros.

Pois é, podemos fazer exercícios e variações. Sem Ética o ser humano continuará sendo apenas “zeros”. Até quando continuaremos a menosprezar os “clássicos” e a não respeitar os valores mínimos da conduta humana?

E haja corrupção...


Imagem: Google


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

OS CONSAGRADOS E O FUTURO DO PLANETA

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Na ilustração acima, o Papa certamente se refere àquelas pessoas que renunciam sua vida pessoal para “consagrar-se” á vida religiosa. Claro que é uma bênção a vida consagrada. E como o mundo  precisa de consagrados! Consagrados por vocação, assumida de forma adulta e serena. E haja luta para aqueles que se dedicam às missões, por exemplo, nos longínquos recantos onde reinam a miséria absoluta, especialmente a miséria material, a fome e a falta de perspectiva de futuro.  A alegria está na satisfação de servir e na esperança de que são portadores.

Ah! Como o mundo necessita dos consagrados... E, pensando bem, em todos os setores da atividade humana são necessários a presença dos consagrados, não apenas daqueles que fazem suas renúncias, seus votos de pobreza, de castidade e de obediência, mas também daqueles que assumem, de fato, as vocações que sentem.

O mundo necessita de pais consagrados à missão verdadeira do “ser pai”, de mães consagradas e lutadoras,  de profissionais liberais assumidos e honestos consigo mesmos e com aqueles a quem servem. De políticos autênticos que vestem a camisa do bem comum, e não de seu “próprio bem”.

O mundo necessita de consagrados à luta pela paz ou pela sua preservação. Na paz todos ganham... Na guerra todos perdem. Vejamos a luta inglória pela sobrevivência da natureza diante da avalanche destruidora da ganância humana.

Para consagrar-se fora do mundo religioso, também são necessárias (e esse é o problema) renúncias, especialmente da renúncia ao egoísmo, à arrogância, ao consumismo, à ganância, ao autoritarismo, à corrupção e a tantas outras. Também são necessários o desapego e a obediência à consciência, à ética, à moral e à história de vida.

Vista por este prisma, parece difícil encontrar os “consagrados’ de que tanto o mundo precisa. No reino do “salve-se quem puder”, parece não haver a alegria da esperança, uma perspectiva sorridente no horizonte.

As pessoas de bem, ou melhor, as “bem intencionadas”, os “líderes estadistas”, que sozinhos nada podem fazer, mas têm o condão de enxergar mais longe e podem emitir os alertas, os conselhos e mostrar os caminhos. entretanto como tais pessoas, como o Papa Francisco, os professores, os magistrados, os formadores de opinião, poderão ser ouvidos?

Estamos num impasse. Com tantas facilidades de comunicação, midia e redes sociais, a conscientização não chega às pessoas, O que chega é a banalização, as notícias catastróficas, mas nenhuma luz de esperança.

E o minúsculo, mas lindo ponto azul, no recôndito do universo, abençoado por Deus, tende a se obscurecer e se apagar, vítima de suas próprias criaturas humanas. Que tristeza!



Imagem: Google