domingo, 28 de maio de 2017

ANTONIO FREDERICO OZANAM


Manhã do dia 22 de Agosto de 1997... Paris... Catedral de Notre Dame... Jornada Mundial da Juventude... O Papa João Paulo II, hoje Santo, em missa solene beatificou Antonio Frederico Ozanam, como modelo de protagonismo especialmente para a juventude...

Data memorável para os vicentinos, os membros da Sociedade de São Vicente de Paulo, instituição caritativa com presença mundial, fundada em 1833, em Paris, exatamente por Antonio Frederico Ozanam.

Ozanam nasceu em 13 de Abril de 1833 em Milão, Itália, na época sob domínio napoleônico, daí sua nacionalidade francesa. Foi batizado na Capela de Santa Maria dos Servos, em Milão. Ainda na infância sua família mudou-se para Lyon, Franca, onde viveu a adolescência e o inicio da juventude. Depois, sozinho, transferiu-se para Paris, para estudar direito, conforme desejo dos pais.

Foi em Paris o seu mais intenso protagonismo. Católico convicto, não viveu imune às dúvidas de fé. Teve apoio essencial na adolescência do Pe. Noirot e viveu um grande choque quando surpreendeu o cientista Ampère (o mesmo da eletricidade!), numa capela rezando o terço. Para Ozanam foi o divisor de águas, consolidando definitivamente sua fé católica.

Na universidade Sorbonne, a princípio como estudante, e depois como professor, Ozanam combateu “o bom combate”. Não fugiu à luta, num momento histórico fundamental de pós-Revolução Francesa, tomado pelo racionalismo e de enfrentamento ideológico cruel com o catolicismo.

França, Revolução de 1848, lançamento do Manifesto Comunista de Marx e Engels... Ozanam firme na defesa das verdades do Evangelho, principalmente nas Conferências Estudantis de História. Debates ferrenhos... Mas um questionamento foi fundamental, oriundo de um estudante saintsimonista (do Cristianismo Novo de Saint-Simon): “Vocês, cristãos, podem se orgulhar de sua igreja pelo que ela foi no passado. Hoje não passa de uma árvore que já deu frutos. Vejam a pobreza aí fora!”. 

Ozanam se estremeceu e naquela noite não dormiu. Em seguida chamou um companheiro e disse: “É verdade. Falta algo... Vamos aos pobres!” Era o insight que faltava. Ele que já havia escrito a um amigo e manifestado o sonho de unir o mundo numa rede de caridade, não teve dúvidas, partiu para ação, ainda com pequenos gestos, lançou as bases e as sementes da Sociedade de São Vicente de Paulo, hoje tão querida e respeitada por todos.

Ozanam foi historiador, advogado, político, jornalista. Mas sua grande vocação: ser Professor (“...É aqui, na cátedra, que perdemos nossas forças e nossa saúde!”), além de esposo, pai e católico exemplar. Morreu jovem, aos 40 anos de uma doença rara, provavelmente pleurisia renal. Sofreu muito.

Ozanam e Marx não se conheceram, porém foram contemporâneos nos anos turbulentos e revolucionários de Paris. Ambos propuseram transformações na Sociedade, mas com métodos e meios distintos. Marx, a revolução do proletariado. Primeiro o Socialismo, depois o Comunismo. Nada deu certo. O Socialismo morreu antes de atingir o Comunismo. Ozanam pregou as verdades do Evangelho, sem violência. A Igreja se apropriou de seu ideal e formulou seu Ensinamento Social, tendo como inicio a Encíclica Rerum Novarum de Leão XIII, em 1891. E depois vieram outras tantas. O Evangelho ainda é uma esperança para a humanidade.

A partir da beatificação de Ozanam, João Paulo II passou a pregar a globalização da caridade como contraponto à globalização econômica, esta mais excludente que inclusiva. É o mundo sendo abraçado pela rede de caridade, o grande milagre de Ozanam.

Porém, o milagre que possibilitou sua beatificação foi a cura de um brasileiro de Niterói. O segundo milagre que permitirá sua canonização ainda está para ser comprovado. As redes sociais são uma grande janela para a divulgação da vida e da obra de Ozanam. Portanto, vicentinos... Vamos a luta!



Imagens: do Blog

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