Ubuntu
(pronuncia-se ubúntu) é uma palavra utilizada pelos povos da África
Subsaariana, especialmente das etnias “Zulu”, “Xhosa” e “Bantu” do grupo “Ngúni”,
que tem um sentido amplo de humanidade para todos, complementando com o significado
“...eu sou o que sou devido ao que todos
nós somos”.
Não
confundamos com o Ubuntu, sistema operacional Linux. Nada a ver.
Mas vai
muito além dessa simples retórica. Esses povos se compreendem como sendo parte
integrante do universo como um todo. Eles participam do universo, fazem parte
dele. Cada ser humano é um elo desse todo do universo. Assim, se há uma pessoa
sofrendo, o todo está sofrendo... Se uma pessoa está em dificuldade ou passando
necessidade, o universo está em dificuldade e passando necessidade. Há uma
solidariedade implícita no ubuntu. Um não pode estar feliz e o outro está
triste e assim por diante.
Não tem
como traduzi-la fielmente ao português. Ubuntu é um estado d’alma. A pessoa
pode “ser” ubuntu e ao mesmo tempo “ter”ubuntu. É um sentimento muito próximo
ao “ágape” cristão, isto é, o amor ao próximo levado às ultimas consequências,
como exatamente fez Jesus Cristo.
Muitos
líderes religiosos ensinaram práticas amorosas e humanas próximas ao ubuntu e
ao amor de Jesus.
Ubuntu
é acolhimento, é solidariedade, é generosidade, é compaixão, abertura ao outro,
é ombro amigo, é abraço, é comunidade, é serviço. Ao contrário, ubuntu rejeita
o individualismo, o egoísmo o narcisismo, a arrogância, o autoritarismo, o
consumismo...
Esse é
um dos fortes aspectos da tragédia que a civilização branca impôs à África: o
não respeito à sua cultura, às suas etnias, à sua visão de mundo, sem contar a
exploração material de suas riquezas e a exploração humana, com a escravização,
a dissensão, o desmantelamento social, religioso e político.
O
ubuntu é um caminho para a salvação da humanidade, assim como o amor ao próximo
e a valorização do ser humano também o são. Os africanos, desde há muito
desenvolveram o conceito da terra como organismo vivo, pulsante, que abraça,
acolhe a alimenta a todos. A mesma visão que teve o historiador inglês, Arnold
J. Toynbee, quando na introdução de sua ora “A Humanidade e a Mãe Terra”, descreveu o nosso planeta exatamente como esse grande “organismo vivo e pulsante”.
Se há
restrições e resistências íntimas em aceitarmos os valores cristãos de amor ao
próximo, talvez valesse a apena um aprofundamento na busca do conhecimento do
ubuntu, como sentimento verdade e a partir dele, dar inicio a uma nova
caminhada da humanidade rumo à paz, ao equilíbrio social, ao acolhimento, ao
fim dos grandes sofrimentos que assolam a humanidade nos turbulentos dias
atuais.
Ubuntu para
todos nós.
Imagem:
Google