segunda-feira, 29 de junho de 2015

MUROS E PONTES


Como já foi dito aqui a sociedade atual se apresenta de forma muito segmentada,  com a população vivendo em condomínios, de casas ou prédios, presa entre muros e grades. Nem poderia ser diferente, pois uma das características do mundo atual é a violência e a insegurança.

Há vantagens e desvantagens, as quais não discutiremos agora. Porém, uma das consequências desse processo é o isolamento das pessoas no que se refere à relação interpessoal. As pessoas se evitam, tem raros amigos, pouco se comunicam, mergulhando no mundo da tecnologia com seus tablets, smarts, iphone, ipads e outros quesitos dessa parafernália toda.

Muros erguidos e pontes desconstruídas... Lembremo-nos de Cora Coralina: “Há muros que só a paciência derruba. E há pontes que só o carinho constrói”.

Os muros são os  do medo, da insegurança, do egoísmo, do “ter”, da elitização, do poder, da ganância, do preconceito, da prepotência, d autoritarismo, da arrogância...

As pontes referem-se aos atos de amor, amizade, acolhimento, altruísmo, caridade, solidariedade, sorriso, alegria, respeito, liberdade, paz, construção do bem comum, proteção do ambiente natural, preservação da vida, especialmente nos instantes de maior vulnerabilidade que é no inicio, no ventre da mãe e no ocaso, na velhice... Nada de aborto e eutanásia.

Cora Coralina, de simplicidade e sabedoria extremas, mais uma vez nos deixa uma lição de vida: paciência, algo raro quando se defronta com ritmo de vida cada vez mais veloz. A paciência é fruto da introspecção, da reflexão, da paz, do autocontrole, do respirar fundo. A paciência frutifica num ambiente de diálogo, olho no olho, com ternura. Não há muro que resista a persistência da paciência e da ternura.

Assim também se dá com a reconstrução das pontes a partir dos braços abertos para o acolhimento e do sorriso para acalmar os espíritos intrépidos e impacientes.

Alguém precisa fazer essa parar, isto é, destruir muros e reconstruir pontes virtuais e humanas... O mundo precisa, como Cora Coralina, de gente que cultive a paciência e distribua carinho. Como pessoas, como seres humanos.

O mundo precisa de perdão e de paz.

O mundo precisa de gente como aquela corajosa mãe que visita, na prisão, o assassino de seu filho, não para impingir-lhe a vergonha, o remorso, o arrependimento, mas para mostrar-lhe a força do amor de mãe, de sua nova mãe...

Talvez os muros nunca caiam e as pontes nunca reconstruídas. Mas se alguém fizer isso no seu micro espaço de vida, isso pode ser um sinal de que a utopia de Cora Coralina ainda possa ser, um dia, realidade.

O mundo precisa de perdão e paz... De pontes... Não de muros...



Imagem: Google

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