sexta-feira, 21 de agosto de 2015

QUANDO SOME O CHÃO


Situações imprevisíveis...

Os seres humanos pré-históricos, em suas cavernas, quando percebiam a ação da natureza, especialmente as tempestades, ficavam estupefatos e nada compreendiam, pois sua cultura de então não possibilitava o conhecimento necessário para a leitura do que estava acontecendo.

Os terremotos, os maremotos, os raios, os incêndios, as doenças, as mortes prematuras, entre tantos outros acontecimentos não compreendidos pela razão humana eram transferidos para o plano sobrenatural... Com isso nasceu a religiosidade primitiva e o misticismo.
Nascia, então, o conceito da ira dos deuses, as superstições e as religiões mais radicais. A ira dos deuses era amenizada, na crença deles, pelos sacrifícios de animais e humanos.

Com as transformações civilizatórias essas práticas não mais existem...
O Cristianismo, por exemplo, humanizou a religiosidade e transformou esse conceito de sacrifício (que era muito usado no Antigo Testamento)... Hoje a Eucaristia é a memória do sacrifício que tudo resgatou, a crucifixão de Jesus Cristo.

Entretanto, a humanidade não perdeu suas origens, seus aspectos arcaicos e primitivos, arraigados nas profundezas do inconsciente, mas não adormecidos.

Por isso, ainda somos surpreendidos com situações que não compreendemos, que não conhecemos e que, por isso, não aceitamos ou por elas entramos em pânico, pois o chão sob nossos pés desaparece, some e as reações psicossomáticas são instantâneas: sudorese nas mãos, palpitações devido a descarga de adrenalina, perda momentânea da orientação... Não sabemos o quê fazer... Perdemos o controle da situação... Ficamos revoltados ou desejamos fugir (síndrome da avestruz).

Como nossos irmãos primitivos, passado o estresse inicial, lançamos mãos da religiosidade e pedimos socorro aos deuses... Os milagres realmente acontecem, mas na maioria dos casos, como na pré-história, a ciência explica o raio que incendiou aquela árvore, agora também explica muitos dos acontecimentos que a não conhecemos ou não compreendemos.

As crianças e os idosos são quem mais sofrem com essas situações inexplicáveis, incompreendidas... As crianças têm alternativas, pois podem recorrer aos pais, aos professores, aos irmãos mais velhos, aos adultos enfim...  Já os idosos perdem, por razões próprias, totalmente o seu “chão”, se desorientam em o pânico acontece. E sofrem, muitas vezes calados, recolhem-se e deixam rolar as lágrimas.

Vamos olhar com olhos de compreensão as situações imprevisíveis... Elas são como pontos de vista, isto é, diferentes para cada pessoa, especialmente para as crianças, para os idosos e para aqueles que não tiveram a felicidade de aprofundar os seus estudos.

Antes de tudo o “ser humano” e sua dignidade.



Imagem: Google (www.psicologosberrini.com.br)

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