domingo, 31 de julho de 2016

UBUNTU, UMA LIÇÃO DE VIDA


Ubuntu (pronuncia-se untu) é uma palavra utilizada pelos povos da África Subsaariana, especialmente das etnias “Zulu”, “Xhosa” e “Bantu” do grupo “Ngúni”, que tem um sentido amplo de humanidade para todos, complementando com o significado “...eu sou o que sou devido ao que todos nós somos”.

Não confundamos com o Ubuntu, sistema operacional Linux. Nada a ver.

Mas vai muito além dessa simples retórica. Esses povos se compreendem como sendo parte integrante do universo como um todo. Eles participam do universo, fazem parte dele. Cada ser humano é um elo desse todo do universo. Assim, se há uma pessoa sofrendo, o todo está sofrendo... Se uma pessoa está em dificuldade ou passando necessidade, o universo está em dificuldade e passando necessidade. Há uma solidariedade implícita no ubuntu. Um não pode estar feliz e o outro está triste e assim por diante.

Não tem como traduzi-la fielmente ao português. Ubuntu é um estado d’alma. A pessoa pode “ser” ubuntu e ao mesmo tempo “ter”ubuntu. É um sentimento muito próximo ao “ágape” cristão, isto é, o amor ao próximo levado às ultimas consequências, como exatamente fez Jesus Cristo.

Muitos líderes religiosos ensinaram práticas amorosas e humanas próximas ao ubuntu e ao amor de Jesus.

Ubuntu é acolhimento, é solidariedade, é generosidade, é compaixão, abertura ao outro, é ombro amigo, é abraço, é comunidade, é serviço. Ao contrário, ubuntu rejeita o individualismo, o egoísmo o narcisismo, a arrogância, o autoritarismo, o consumismo...

Esse é um dos fortes aspectos da tragédia que a civilização branca impôs à África: o não respeito à sua cultura, às suas etnias, à sua visão de mundo, sem contar a exploração material de suas riquezas e a exploração humana, com a escravização, a dissensão, o desmantelamento social, religioso e político.

O ubuntu é um caminho para a salvação da humanidade, assim como o amor ao próximo e a valorização do ser humano também o são. Os africanos, desde há muito desenvolveram o conceito da terra como organismo vivo, pulsante, que abraça, acolhe a alimenta a todos. A mesma visão que teve o historiador inglês, Arnold J. Toynbee, quando na introdução de sua ora “A Humanidade e a Mãe Terra”, descreveu  o nosso planeta exatamente como esse grande “organismo vivo e pulsante”.


Se há restrições e resistências íntimas em aceitarmos os valores cristãos de amor ao próximo, talvez valesse a apena um aprofundamento na busca do conhecimento do ubuntu, como sentimento verdade e a partir dele, dar inicio a uma nova caminhada da humanidade rumo à paz, ao equilíbrio social, ao acolhimento, ao fim dos grandes sofrimentos que assolam a humanidade nos turbulentos dias atuais.

Ubuntu para todos nós.



Imagem: Google

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