terça-feira, 28 de março de 2017

O BOM COMBATE


“Combati o bom combate...” é uma das fortes expressões contidas nas Cartas de Paulo. Se ficarmos restritos apenas no âmbito religioso, bíblico ou cristão, temos a ideia de que Paulo sugere a todos a luta pela defesa ou expansão do cristianismo, que foi o grande mote de sua vida. Aliás, Paulo é um dos esteios dessa expansão, principalmente no Império Romano.

Isto posto, podemos inferenciar que a ideia do “bom combate” também pode ser aplicada à vida, independentemente da religião. A universalidade de Paulo, permite que seus conselhos possam se transformar em parâmetros para desconstrução e reconstrução das sociedades.

O “bom combate” rima com o bem comum. As pessoas não tem que nascer anônimo (até pode nascer anônimo), crescer anônimo, viver anônimo e morrer anônimo. É um grande desperdício. As pessoas precisam acontecer! Isto é, ser importante ou fazer a diferença para alguém, para um grupo, para a família, para a sociedade.

O “bom combate” não significa violência, mas inquietude. Inquietude com as injustiças, com a ignorância, com a corrupção, com a exclusão. Exige porém, determinação, prudência e amadurecimento. E conhecimento.

Pe. Zezinho, em suas músicas, sempre deixa uma mensagem de paz, de inquietude e de profetismo. Tudo a ver com o “bom combate”. Com espíritos superiores, isto é, mentalidades acima das banalidades. O mundo caminha para a banalidade geral.

Combater o bom combate é lutar por um mundo melhor, sem injustiças e exclusões. São incontáveis os exemplos.

Há aqueles que vestem a camisa, a tudo renuncia e parte para uma atividade voluntária em terras longínquas, no coração do mundo. Lá, batalham, por exemplo pela saúde dos nativos, combalida pela pelas doenças urbanas levadas pela civilização branca, havida por riquezas. Muitos morrem junto, vencidos pela dimensão gigante dos estragos causados pelos invasores.

Pais que lutam pela educação equilibrada dos filhos e, no final da vida, percebem que estão deixando não um mundo melhor para os filhos, mas filhos melhores para o mundo. Não esqueçamos dos pais que fizeram de tudo para os filhos se tornassem gente. Fizeram isso honestamente, nutridos de ótimos propósitos. Se os filhos não os corresponderam, não foi por culpa dos pais, que nem por isso deixaram de “combater o bom combate”.

Mães que consomem suas vidas nas lidas da cozinha, fazendo de tudo para fortalecer as asas dos filhos para que eles possam voar com segurança no tempo certo, mas deixando o “ninho vazio” e essas mães sofrem a solidão do abandono, sem reclamar, num canto qualquer de um asilo. Guerreiras do bom combate.

Esposas que se desinstalam, renunciando à sua paz de seu lar, assumem de forma radical o amor puro e verdadeiro pelo marido e o acompanha por lugares distantes em busca, por exemplo, de adequado tratamento de saúde. Exemplo claro do “bom combate”.

E a filha que opta pelo celibato para cuidar da mãe. Assim o faz dedicando-se 100% de sua vida. O tempo passa... E quando a mãe falece, ela, a filha já está praticamente nas mesmas condições da mãe. Quem cuidará dela? Combateu ou não o “bom combate”?

Há tantas outras considerações a fazer. Esta é apenas uma pequena mostra.



Imagem: Google

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