sexta-feira, 30 de outubro de 2015

IDEOLOGIA, IDEOLOGIAS


São muitas as definições de ideologia... E nem pretendemos nesse espaço partir para discussões acadêmicas a respeito... Seria como chover no molhado.

O que pretendemos ressaltar é que não dá para uma pessoa madura e consciente viver sem uma ideologia, mesmo que não conheça, não tenha estudado profundamente a filosofia, a política, a sociologia, a antropologia, a história ou outras disciplinas afins.

As pessoas agem de acordo com uma ideologia. Até mesmo a ideologia do consumismo, que preta que é mais importante TER  do que SER.

As discussões filosóficas a respeito da ideologia convergem, apesar das variações, alternativas, opiniões relevantes, na concepção de Marx sobre ela. Em suma Marx, em forma de crítica, dizia que a ideologia é um instrumento de dominação, especialmente no campo do trabalho e da produção e que para atingir seus objetivos, seus mentores procuravam mascarar a realidade, criando uma ilusão dessa realidade.

Os tempos passaram (passam céleres) e as formas de dominação, via ideologia continuam, apenas ganhando contornos modernos, atualizados realidade de um mundo em constante mudança. Esse é ponto crucial.

E Marx, nesse quesito não perdeu a atualidade... A dominação existe... A alienação existe... Muita gente altamente capacitada do mundo acadêmico não concorda... É que essa gente vive em seus aquários e não vão à periferia, aos canteiros de obras, às salas de aula, aos morros, às margens dos rios para tomarem ciência do que é de fato viver uma exclusão social.

Nossas falas, nossas ações, nossas premissas, nossos princípios são impregnados de ideologia, queiramos ou não, conscientes ou não. Refletimos a condição de dominadores ou dominados, mandantes ou submissos...

Se procurarmos a moda, o consumismo, sem entender o que tudo isso significa, somos escravos, isto é, dominados pelo capitalismo selvagem. Os capitalistas sempre se apresentam como “salvadores da pátria”, sendo políticos ou não, através  da massificação midiática. Criam ilusão de um mundo feliz, como a utopia dos dominados. Essa utopia, esse sonho irrealizável, é muitas vezes fontes da criminalidade e violência que toma conta do país, da sociedade, das mentes. Mais um exemplo de dominação. De alienação.

E a ideologia do poder pelo poder. Os políticos profissionais, em detrimento dos políticos por vocação (aqueles que batalham pelo bem comum, pela inclusão das massas excluídas).

Cada cabeça uma sentença”... Cada cabeça uma ideologia. Não há uma ideologia, mas muitas ideologias, adaptáveis às premissas e princípios de cada um.

Busquemos o conhecimento... E um instrumento que nos dê a nossa localização exata no mundo das ideologias. Um GPS, talvez...
  


Imagem: Própria do Blog

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

PRINCÍPIOS E PREMISSAS


Os dicionários, especialmente os disponíveis na internet são plenos de definições e alternativas aos significados de princípios e de premissas. Todos válidos, oferecendo um leque grande de opções para as aplicações que desejamos, principalmente no campo da filosofia e do direito.

O que nos interessa por hora é o quanto essas palavras e seus significados nos possam ajudar para compreender melhor a vida e seus desafios, bem como os relacionamentos humanos, com igualmente seus desafios. 

É muito comum, numa conversa descontraída alguém se referir à uma outra pessoa como sendo alguém de “princípios” ou alguém “sem princípios”

Nesse caso os “princípios” se referindo aos valores morais, à firmeza de caráter, à honestidade, ao altruísmo, ao acolhimento, à amizade sincera, ao ser verdadeiro.

Já as pessoas “sem princípios” são aquelas vulneráveis às influências externas, não têm opinião própria, são arrogantes, inseguras e fazem “qualquer negócio” para se dar bem ou estar ao lado de pessoas bem sucedidas, se possível roubando as cenas. Por isso fogem à ética, são mesquinhas, interesseiras, não exercem a amizade verdadeira e sincera.
São pessoas execráveis.

Os princípios se alimentam das premissas... Estas são os fundamentos dos fatos, dos comportamentos, das argumentações, das ideologias. As premissas são um cabedal de informações e de formações que compõem a herança cultural de uma pessoa.

As pessoas são formadas, moldadas, construídas desde a sua concepção, durante toda a gestação e ao longo da vida, com ênfase nos primeiros anos nos braços da mãe, sob os olhares do pai. Há todo um histórico, um processo de desenvolvimento e de envolvimento afetivo e educacional que vai alimentando o cabedal das premissas e por consequência dos princípios.

Compreender esses aspectos da formação biológica, afetiva, efetiva, emocional das pessoas e de si próprios é uma ação essencial para a consolidação da maturidade.

Portanto, como premissas e princípios têm tudo a ver com a lógica da filosofia e do conhecimento, as premissas e os princípios são elementos primordiais da equação que explica na maturidade humana.

Conhecimento e autoconhecimento, virtudes que se desenvolvem em lares sadios, equilibrados... Bem como em ambientes educacionais sérios e comprometidos com a construção humana e da paz.

Tudo o mais:  a formação do caráter, o sucesso profissional e econômico, a maturidade, a saudável rede de relacionamento, a liderança, a bem querência... Tudo isso vem por acréscimo.



Imagem: Google

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

26 DE OUTUBRO, DIA MUNDIAL DO FUTEBOL

(Momento do  gol de Gígia, no final da Copa de 1950, no Maracanã, gol que deu o título  ao Uruguai, aliás o seu segundo título mundial. Decepção total no Brasil inteiro...)

Hoje, 26 de Outubro, celebram-se em quase todo o planeta o Dia Mundial do Futebol. Nesse dia, em 1863, na Taberna Freemason, na Great Queen Street, em Londres, um grupo de pessoas definiram as regras de um jogo que passaria a ser jogado apenas  com os pés e fundaram a The Football Association, a pioneira associação futebolística do mundo, que até hoje administra a Liga Inglesa.

O Futebol teria se originado na China, há mais de 2 mil anos. Chegou à Europa na Idade Média e no Brasil em 1894, trazido por Charles Miller, filho de pai escocês e mãe brasileira.

Desde então o futebol foi ganhando popularidade, culminando com as tradicionais Copas do Mundo, disputadas a cada quatros anos, menos  durante a Segunda Guerra Mundial.

Nasceram os times, os clubes, muitos permanecem na ativa, como muitos desapareceram ou mudaram de nome, por circunstâncias históricas. Exemplos como o do “Palmeiras” de São Paulo e do “Cruzeiro”, de Belo Horizonte, clubes cujos aficionados iniciais eram de origem italiana, que antes da Segunda Guerra eram conhecidos como Palestra Itália... Tais mudanças se deram em razão do predomínio do Fascismo na Itália.

No Brasil, sua popularização foi muito rápida, surgindo times nas comunidades, nas grandes de pequenas cidades do país, principalmente nas capitais estaduais. Houve um momento, porém, a partir dos anos 30, chegando até os inícios dos anos 50, que o futebol se elitizou. Seus jogadores pertenciam à elite dominante e os jogos eram verdadeiros desfiles de moda e de beldades da alta sociedade.

Mas os primeiros grandes nomes foram negros, destacando-se o inesquecível Leônidas da Silva, que ficou conhecido como o “Diamante Negro”. O Brasil participaria de todas as copas do Mundo, desde a primeira, em 1930 até a ultima (que muitos tentam esquecer), em 2014.

Houve um grande desastre em campo, talvez a maior decepção de todas: a derrota para o Uruguai na final de 1950 em pleno Estádio do Maracanã. Não podemos deixar de citar os vergonhosos 7 a 1 para a Alemanha em 2014.

E o futebol deixou o romantismo. Profissionalizou-se... Mercantilizou-se... Pelé foi o divisor de águas. Antes dele e depois dele. Jamais existiu, jamais existirá jogador igual. Pelé foi único. Jogou muito tempo no Santos Futebol Clube. Isso não mais acontece. A permanência de um jogador num clube é mínima, não cria vínculos, não finca raízes nem forja uma identidade. Os goleiros Marcos no Palmeiras e Rogério Ceni no São Paulo são os últimos exemplos. Aquele já parou e este para neste final de ano. Restará a transição, a volatilidade e o quem “dá mais”.

A politicagem, o jogo de interesses, a corrupção, apego ao poder, os empresários, os atravessadores, o desprezo aos clubes pequenos, o marketing, as empresas gigantes multinacionais de material esportivo, são entraves ao pleno desenvolvimento do futebol, não só no Brasil, como no exterior. O entretenimento ficou em segundo plano. O importante é a sua face mercadológica. Por isso os horários horríveis e a desorganização do calendário.

Hoje,  qualquer menino que tenha futuro, ainda em tenra idade, já passa a pertencer ao um empresário. Primeiro os pais são cooptados e depois o vírus da arrogância inoculado no menino que passa a fazer exigências absurdas aos clubes onde treinam... Muitos se perdem pelo caminho e o empresário, nessa altura do campeonato já está longe, muito longe

O futebol vive uma nova realidade. Resta o saudosismo e uma curiosidade em saber em quê ele se transformará num futuro não muito distante.


Na foto Charles Miller, introdutor da prática do futebol no Brasil






Imagens: Google

domingo, 25 de outubro de 2015

"NÃÃÃÃÃOOOOO!




Situações cruciais da nossa vida são os momentos em que precisamos dizer “não”.

Os entendidos do assunto são unânimes em afirmar que é muito difícil proferir essa palavrinha composta de três letras e um til, mas às vezes seguidas do sinal de exclamação, indicando as fortes emoções em que está envolvida.

É preciso coragem para dizer “não”, sobretudo amadurecimento, firmeza de caráter, conhecimento da relação causa/consequência. O “não” gera impactos para quem o profere e para quem o recebe.

O “não” pode machucar. Mas o “não” liberta! Liberta do medo inicial de dizê-lo. Liberta do medo de dizê-lo sempre que necessário. O “não” ajuda a outra pessoa, seja criança, adolescente, jovem ou adulto, a libertar-se de erros que podem ser fatais para sua vida.

Para crianças, adolescentes e jovens tem o condão da educação, da orientação, da disciplina (sempre, é claro, na medida certa, com equilíbrio). Os adultos podem, se acatarem e compreenderem o “não” que ouviu, a repensar sua caminhada, seus projetos, suas relações, suas atitudes, suas posturas... Melhorar, enfim, seu discernimento.

O “não” só não pode ser fruto da arrogância... Ou para impor um autoritarismo, um egoísmo, um sentimento de posse... Ou para querer se aparecer... Nesse sentido é um exagero e não leva a lugar algum.

O “não” é profilático, isto é, lava a alma, tem um sentido de cura. Como já dissemos ele é libertador, gerador de liberdade. Por exemplo, uma pessoa consciente e livre para ir e agir como bem entender, pode simplesmente  dizer “não” às drogas, ou  a frequentar lugares não condizentes à sua realidade, ou praticar atos ilícitos diante da lei...

O “não” pode evitar uma pessoa de más companhias, de lugares perigosos, de acidentes, de situações constrangedoras... De doenças, também...

Um diabético consciente e maduro pode simplesmente dizer “não” a um estonteante pudim de leite condensado feito com carinho por sua mãe. Antes de tudo está a sua saúde, pois os efeitos maléficos do diabetes são simplesmente irreversíveis. Nesse caso, como em os outros, o “não” é fundamental.

Os “nãos” dos pais, ainda que separados, são igualmente fundamentais para equilibrar o amor que têm pelos filhos. Talvez eles nunca reconheçam, mas a diferença acontecerá em suas vidas, sem dúvida alguma...

“Não” com equilíbrio, consciência e maturidade, é tudo de bom...



Imagem: Google

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

IMPERTURBABILIDADE


Imperturbável é o estado espiritual de uma pessoa altamente desenvolvida psicologicamente, especialmente quanto a sua maturidade. É um nível mental que deve ser uma meta para qualquer pessoa.

Imperturbável é quando a pessoa mantém a calma e o equilíbrio mesmo em situações de grande estresse, de perigo iminente e que exige uma decisão rápida. Portanto, não é uma pessoa passiva, imóvel, inoperante, alheia à sua realidade, muito menos alienada.

Imperturbável é a pessoa que sabe, mesmo numa fração de segundos, separar o que é acidental, o que é incidental, o secundário, do que e essencial, conforme ensina o Professor Luiz Almeida Marins Filho. A pessoa imperturbável sabe que naquele instante, só deve dar atenção ao que essencial. E assim torna sua vida menos tensa, mais organizada, com probabilidades imensas de conseguir sucesso pessoal, profissional, enfim chegar à realização plena como pessoa, isto é, à autorrealização, conforme a antiga, mas presente “Teoria das Necessidades” de Abraham Maslow.

O estágio mental da imperturbabilidade é adquirido percorrendo um longo processo de crescimento que tem inicio no seio familiar e logo nos primeiros anos escolares.

Vale o recado bíblico da Carta de São Paulo aos Efésios, Capítulo 6, versículo 4, quando faz o alerta “...pais não exaspereis vossos filhos...” Exasperar os filhos é cometer erros na educação deles que os marcarão para o resto da vida, impedindo, inclusive, o seu amadurecimento, mantendo-os infantilizados e, por conseguinte, sempre dependentes de uma voz exterior para tomar suas decisões na vida.

Portanto, o amadurecimento dos filhos, futuros adultos imperturbáveis, começa com a maturidade e imperturbabilidade dos pais. Importante, não exasperar os filhos não é deixá-los à vontade. E, sim, promover a educação correta, com “os sim’s e os nãos” proferidos na medida certa.

Liberdade com responsabilidade, sem ciúmes nem sentimentos de posse... E os filhos vivendo suas idades psicológicas de acordo com suas idades biológicas. Nada de amadurecimento precoce, também! Não se deve criar lacunas na vida dos filhos... Isso faz parte de uma educação equilibrada. Qualidade em equilíbrio com quantidade.

Os filhos necessitam da moda, de formar tribos, viver sua idade com gente de sua idade. Porém, devem, também, sob a custódia dos pais assumirem paulatinamente as responsabilidades correspondentes ao seu crescimento físico, biológico e mental, especialmente os estudos, as leituras, a informação e a formação.

Assim, é razoavelmente provável que a pessoa cresça tranquilamente, vencendo os obstáculos inerentes à vida, com equilíbrio, para chegar ao estágio maior da imperturbabilidade. Certamente será um sábio.



Imagem: Google

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

CONHECER O PRÓPRIO ROSTO


Algumas coisas não nos são permitidas fazer. Exemplos clássicos:

...Morder o rabo... Aliás, quem pensa que não temos rabo está redondamente enganado, pois temos rabo sim , ainda que um pedaço insignificante que nos foi herdado pela evolução biológica.

...Passar a nossa língua em nosso cotovelo... Impossível... Graças a Deus, visto que encostamos e apoiamos nosso cotovelo e cada lugar, que, se é nojento a olho nu, imaginem no microscópio.

...Limpar nossos ouvidos também com a nossa própria língua... Urgh! Asco? Sim coisa feia, horrível... Aquela cera... É melhor nem pensar no assunto...

Outras coisas nós, também, não conseguimos: ver a nossa nuca, a nossas costas, as nossas nádegas, a não ser pelo espelho... Mas quem diria, o espelho pode ser de má qualidade e nos dar uma visão falsa daquilo que desejamos enxergar...

Também não conhecemos nossos rosto, nossos olhos, nosso nariz, nosso queixo, nosso sorriso.  Em algumas circunstâncias podemos conhecer nossa língua (ou parte dela, quando perdemos os dentes) e os nossos,dentes, claro, quando retirados e colocados em nossa frente.

Resalvamos o espelho. Ele nos permite ver o que naturalmente não conseguimos, mas com a condição que ele não nos revela totalmente a verdade, primeiro pela sua qualidade precária que pode ser precária e, depois, vale a pena lembrar, a nossa mente, a nossa condição psicológica, emocional e de expectativa, também falsearão a nossa visão... Isto é, corremos o risco de vermos o que desejamos ou o que não desejamos e não a realidade que o espelho está mostrando.

Uma ilação rápida a respeito do nosso rosto. Jamais o conheceremos... Pode ser que na vida após a morte isso aconteça... Mas ninguém voltou de lá para dizer alguma coisa a respeito. Para conhecermos o nosso rosto, para além do espelho, será preciso, sairmos de nós mesmos. Isso é uma utopia, e fica transferido para o campo da filosofia, da religiosidade, da espiritualidade.

Uma pequena lição, um com solo. Se não conhecemos totalmente o nosso rosto, os nossos olhos, o nosso sorriso, também não somos donos integralmente deles, apenas os administramos; deles devemos cuidar, pois parte da propriedade deles pertence às pessoas de nosso relacionamento. Elas, sim, os conhecem... Se bem que elas têm lá suas condicionantes às quais nos referimos acima.

Entretanto, o nosso rosto é a nossa vitrine. Se bem cuidado... Se nossos olhos brilharem, se nosso sorriso for verdadeiro e franco, muita coisa boa poderá acontecer em nossa vida. Um rosto sisudo, tenso, mal cuidado, sorriso trancado tem o efeito contrário. Afasta as pessoas, deixando-nos na temível e terrível solidão.

Se nossas impossibilidades podem nos entristecer, fica a alegria de termos gente ao nosso redor fazendo-nos felizes...



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terça-feira, 20 de outubro de 2015

QUANTIDADE, INTENSIDADE E QUALIDADE


Nestes tempos em que a velocidade é o grande denominador comum de todas as atividades humanas, vale um pouco a necessária parada para uma pequena reflexão sobre a quantidade, a intensidade  a qualidade (em relação a tudo o que fazemos).

Um dos grandes paradigmas atuais é a volatilidade... Tudo se acaba, tudo muda num piscar de olhos. Tudo rapidamente se transforma... Praticamente dormimos num mundo e acordamos em outro, sem sair de casa. Tudo é volátil... Infeliz daquele que não se apercebeu dessa realidade.

...E nem estamos falando da tecnologia da informação. Volátil também pode rimar com banal. Tudo é feito para não durar, não continuar... Nada de perenidade.

Nesse sentido as relações humanas são as que mais sofrem... A rede de relacionamentos, o “networking”, tão decantados há pouco tempo, já não são mais a primazia, a menina dos olhos daqueles que desejam se inserir no mercado de trabalho, ou ampliar o número de seus amigos.

Um amigo conquistado hoje amanhã poderá estar longe, muito longe, no outro lado do mundo, apenas preocupado com as novas paisagens e perspectivas. Com os “amores” a mesma coisa... Com os empregos... E por falar nisso, a lógica capitalista do emprego é mais ou menos esta: assemelha-se a uma viagem de avião antigo e sem manutenção... Começamos a viagem como passageiros e terminamos como sobreviventes. Pois é: somos empregados de manhã, sobreviventes à tarde. Até os banhos, hoje precisam ser rápidos, econômicos...

Tudo passa, tudo é passageiro, menos o cobrador e o motorista, companheiros da mesma viagem rumo ao nada.

E nesse panorama veloz, furioso, volátil, banal, o que é mais importante, a qualidade ou a intensidade?

Se pensarmos em humanidade, em humanismo, em seres humanos, pretensamente “superiores” dotados de alma, coração, sentimento, religiosidade, a melhor opção é a intensidade com qualidade. Quantidade é perda de tempo...

As relações humanas não devem perder sua essência, que se resume no olho no olho, na sinceridade, da verdade, no abraço, no acolhimento, no ombro amigo, na escuta, na partilha do tempo... Coisas aparentemente arcaicas... Não, não são arcaicas... São valores humanos que estão acima  de qualquer banalidade. Precisam ser intensas, mas com qualidade.

Está certo que todos os valores humanos precisam ser repensados atualmente, mas jamais colocados no balaio da banalização. E uma forma de evitar essa banalização é qualificá-los, intensificá-los e não quantificá-los.

Assim, nada de conversa fiada, enrolação, sem conteúdo... O que vale são palavras ditas com sentimento, com carinho, no sentido da construção, da valorização da pessoa, sem focar no “eu”, que é fonte de egoísmo.

Não há tempo a perder...  O amor verdadeiro, que não morre, esse sim, tem pressa.



Imagem: Google

domingo, 18 de outubro de 2015

TROCAR PÃES...


A frase é a seguinte: “Quem troca pães fica com um pão. Quem troca ideias fica com duas”. Desconhecemos o autor. Porém algumas reflexões são possíveis fazer a respeito, ainda sem conhecermos o contexto histórico em que ela foi construída. Algumas ilações apenas.

Não deixa de ser uma bela construção ou jogo de palavras. Trocar seis por meia dúzia, ou trocar algo material, supérfluo, por algo material e permanecer na mesmice.

A mesmice nada acrescenta ou agrega de valor às pessoas, ao seu conhecimento, à sua visão de mundo. As pessoas não evoluem, permanecendo onde estão, perdendo, portanto, o bonde da história.

Quem troca ideias já está num patamar acima. Já estudou, já leu muito, já participa politicamente da sociedade, mesmo sem fazer política quanto ao seu termo pejorativo. A política positiva visa sempre o bem comum, agrega valor a um grupo, de forma despojada.

Quem sabe trocar ideias, infelizmente incomoda os que trocam pães, pois desinstala, retira da zona de conforto. Está muitos anos na frente do status da sociedade de seu tempo.   A critica muitas vezes é pesada. Mas isso é histórico... Desde a antiguidade a sociedade vem punindo os que estão além do seu tempo. Lá atrás a punição era simplesmente a acusação de loucura e alijamento do convívio social.

Hoje é mais ou menos assim, porém de forma mais sutil. O próprio sistema educacional privilegia a troca de pães em duas frentes de atividades: a banalização dos conteúdos sem as exigências necessárias e a pauperização salarial dos professores, visando minar-lhes as suas resistências físicas (pelo excesso de trabalho) e morais (pela falta de sentido do seu trabalho). Formar quem? E para quê?

Prova disso é o caos político e econômico que está se abatendo sobre o Brasil, fruto exclusivamente da falta de educação de qualidade de seu povo. Uma educação que forma trocadores de pães e não de ideias, gerando a apatia e a letargia políticas.

Para os estão no poder bastam as novelas e o consumismo (versão moderna do “pão e circo” dos Romanos). O primeiro sinal da derrocada do Império Romano foi justamente o fato dos Imperadores forneceram pão e divertimento para o grande número de desempregados que acorriam para a capital do Império. Logo Roma sucumbiu, derrotada pelos Bárbaros.

É necessário trocar pães, como sinal de solidariedade, de altruísmo, de vida participativa. Há muita pobreza por aí, apesar das “bolsas” oficiais. Mas são as ideias que transformam o mundo. Pessoas transportam ideias e crescem com elas.

É fundamental trocar ideias... O diálogo cresce... As pessoas crescem... Enriquecem-se... A sociedade ganha... Os maus políticos perdem... O país vence.



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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O JOGO SÓ TERMINA QUANDO ACABA


Esse é um jargão que circula entre os comentarias esportivos. Embora seja inadequado às regras da boa língua portuguesa, pega bem ao explicar as possibilidades de determinados jogos (de qualquer modalidade) de reviravolta no seu resultado, quer  por habilidades inatas de seus atletas, por fator sorte ou por infelicidade (... Erros!) de seus árbitros... O que acaba configurando sorte para um lado e azar para o outro.

Já observamos partidas de futebol em que um time perdia por três a zero e acabou virando para quatro a três nos últimos sete minutos de partida.

Jogos de basquetebol, quando parelhos, são decididos nos últimos décimos de segundos, pois uma bola atirada do meio da quadra e acerta a cesta os pontos são validos, se o quando o tempo se esgota e ela já está na descendente.

Por isso não se explica a apatia de certos jogadores (ou de times inteiros) quando estão perdendo por diferença, por exemplo de dois gols, ainda faltando oito ou dez minutos, amolecem e deixam de lutar para virar o resultado.

O jogo só termina quando acaba! Um gol ou uma cesta de 3, ou uma sequência de bons saques no vôlei, ou o “sprinter” (esforço máximo de um atleta numa disputa de atletismo ou natação ou ciclismo) na reta de chegada,  podem determinar a diferença no final.

Assim é na vida... Na vida não pode haver sentimento de derrota antecipada... A não ser em casos específicos em que os acontecimentos anteriores venham a determinar o resultado final.

Assim são os casos de longa enfermidade, um acidente gravíssimo, a irredutibilidade de um relacionamento conjugal, overdoses,

Diferenças absurdas de pontos nos jogos e distancias muito grandes nas competições olímpicas são impossíveis de serem tiradas. Por isso nos referimos às disputas parelhas, iguais o tempo todo.

O jogo da vida não permite descuidos, imaturidade, infantilismos, zona de conforto... Pois, da mesma forma em que podemos fazer a virada, também podemos sofrer a virada... E depois não adianta chorar o leite derramado.

Sem contar as injustiças...

Portanto, nada de apatia, nada de cansaço sem motivo, atenção constante, antena giratória ligada 24 horas por dia. O jogo da vida é bruto e, de fato, só termina quando acaba.


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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O PROFESSOR E O MESTRE - CORA CORALINA


EXALTAÇÃO DE ANINHA (O PROFESSOR)

Professor, “sois o sal da terra e a luz do mundo”,
Sem vós tudo seria baço e a terra escur5a,
Professor, faze de tua cadeira,
A cátedra de um mestre,
Se souberes elevar teu magistério,
Ele te elevará à magnificência.
Tu ES um jovem, sê, com o tempo e competência,
Um excelente mestre.

Meu jovem Professor, quem mais ensina e quem mais aprende?
O professor ou aluno?
De quem é maior responsabilidade na classe,
Do professor ou do aluno?
Professor, sê um mestre. Há uma diferença sutil
Entre este e aquele.
Este leciona e vai prestes a outros afazeres.
Aquele mestreia e ajuda seus discípulos.
O professor tem uma tabela a que se apega.
O mestre excede a qualquer tabela e é sempre um mestre.

Feliz é o professor que aprende ensinando.
A criatura humana pode ter qualidades e faculdades.
Podemos aperfeiçoar as duas.
A mais importante faculdade de quem ensina
É a sua ascendência sobre a classe.
Ascendência é uma irradiação magnética, dominadora
Que se impõe sem palavras ou gestos,
Sem criar atritos, ordem e aproveitamento.
É uma força sensível que emana da personalidade
E a faz querida e respeitada, aceita.
Pode ser consciente, pode ser desenvolvida na escola,
No lar, no trabalho e na sociedade,
Um poder condutor sobre o auditório, filhos, dependentes, alunos.
É tranquila e atuante. É um alto comando obscuro e sempre presente.
É a marca dos líderes.

A estrada da vida é uma reta marcada de encruzilhadas.
Caminhos certos e errados, encontros e desencontros do começo ao fim.
Feliz aquele que transfere e o que sabe e aprende o que ensina.
O melhor professor nem sempre é o de mais saber,
É sim aquele que, modesto, tem a faculdade de transferir
E manter o respeito e a disciplina da classe.

In: Vintém de cobre: “Meias confissões de Aninha, 9, ed. São Paulo: Global, 2007, p. 163”.


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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

"...COM QUE ROUPA EU VOU?"


Está aí uma grande questão (ou não!)... E os palpites são muitos... Tem até consultoria, personal styles, revistas, jornais, sites, blogs... Gente fazendo sucesso na internet, com milhões e milhões de acessos.  A moda nunca sai de moda.

Um bom dia começa com um “boooom diaaaa!”... Um obrigado meu Deus pelo dom da vida. E vamos à luta (depois de um banho delicioso, despertador e reanimador)...

Um mau dia começa com ranhetice, preguiça, com lamentações pela noite que acabou de acabar, com chatice, com má arrumação... E medo de se olhar no espelho.

Pouco importa o quanto se dormiu nessa noite... Importa mesmo é estar vivo e considerar o novo dia com o melhor presente da vida, presente esse pleno de novas oportunidades. Pode ser até mesmo aquele tão aguardado “grande” dia: da entrevista de emprego, do primeiro encontro com o amor de sua  vida, da realização de uma nova e duradoura amizade, da defesa da tãoo sonhada tese de “especialização”, de “mestrado” ou “doutorado”... Ou daquela mágica notícia de seu médico: “Você está curado! Volte daqui a um ano para as revisões de praxe”.

E, então... “Com que roupa eu vou? Pro samba que você me convidou?” Sambar é dançar, é brincar, é ser feliz, é lutar...

A roupa, a indumentária, faz parte de sua apresentação e reflete o seu estado de espírito... Vestir-se bem não significa exatamente vestir “marcas”, “grifes” de ponta, grandes costureiros ou roupas importadas.

Num evento religioso não se usa roupas de praia e vice-versa. Assim como há preceitos para roupas adequadas para uma entrevista, um jantar, ou uma comemoração.

Usando uma indumentária e uma maquiagem lúgubres não se encontrará um amor alegre, com alto-astral, otimista. Nesse caso os iguais se atraem, contrariando uma lei básica da física. E terá menos chances de obter um emprego concorrendo com aquele que se apresenta sobriamente.

Mas devemos reconhecer que cada um é cada um e não tem jeito. Há o tipo físico e as roupas apropriadas e que fazem as pessoas se sentirem “bem”... Não resta dúvida que esse é o aspecto mais importante: o “sentir-se bem”. Há que se respeitar...

Quem, logo de manhã, se olha no espelho e confessa para si mesmo, eu lhe amo, é assim que eu quero ser, viver e ser feliz, inevitavelmente está lhe dizendo o indefectível “boooom diaaaa!”...  O dia feliz ou o feliz dia só está começando...



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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

LETARGIA


Do futebol para a vida: a derrota da seleção brasileira para a seleção alemã, na Copa do Mundo de 2014 pelo placar surpreendente de 7 a 1, que muitos querem esquecer, principalmente a imprensa, continua, para os mais equilibrados, a motivar considerações e reflexões que servem para a vida. Talvez seja este o legado positivo daquele grande, histórico e imorredouro vexame.

A seleção Alemã marcou muitos gols em poucos minutos, uma vez que os jogadores brasileiros, de forma intencional ou não (preferimos a segunda hipótese), entraram num estado de espanto, torpor, indolência, paralisia, sinônimos de letargia... Simplesmente passaram a assistir os alemães jogarem e marcar os gols que julgassem necessários.

O Brasil político está vivendo uma situação semelhante. Nas ultimas eleições presidenciais houve um festival de mentiras atiradas sobre a população, a qual letárgica, a tudo acolheu, deu a vitória ao partido dominante (ou à coligação por ele liderada)... E o que aconteceu? Apesar de algumas manifestações de rua coordenadas por grupos desorganizados e sem planos para o “day after”, a sociedade está assistindo o desabar sobre ela uma tempestade de consequências (juros altos, real cada vez mais desvalorizado, desemprego em massa, superando a casa de 1 milhão de pessoas, com forte incidência entre os profissionais mais especializados e produtivos), produtividade em queda... Tudo ruim... O povo em estado de letargia a tudo assiste...

Letargia coletiva, que é a soma das letargias individuais... Letargia, dizem os linguistas e dicionaristas, “é o estado mórbido (doentio) em que as funções vitais estão atenuadas e parecem suspensas”. Portanto, as pessoas estão a um passo do estado de coma.

Aparece aqui um termo novo (que não é ofensa): “Obnubilação da consciência”. Na medicina é a alienação que acomete as pessoas que estão evoluindo para a “Demência Senil” ou para casos de degeneração mais grave como “Alzheimer” e “Parkinson”...

Não é raro as pessoas serem acometidas de “letargia” quando passam por fortes emoções. Em estado de choque não conseguem reagir e tomar decisões para superarem os seus momentos de crise.

Mas há uma letargia “congênita”, que gera zona de conforto, preguiça, falta de coragem para decisões que implicam em mudança de vida para melhor. Preferem o conforto do não saber, do não conhecer, do permanecer onde está, porque ali está bom.

Ao contrário, o conhecimento, o saber, o dar um passo à gente, apesar dos desafios, dos riscos inerentes, podem transformar a vida das pessoas, abrindo-lhes portas que levam ao sucesso, às maiores realizações pessoais e profissionais, enfim à felicidade.

Portanto, sair da “letargia”, pessoal e coletiva, além de representar vitoria sobre si mesmo, poder ser, também, um bom negócio.



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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

SER IDOSO E SER VELHO


Texto de Jorge R. Nascimento

“Idoso é quem tem muita idade; velho é quem perdeu a jovialidade.

A idade causa degeneração das células; a velhice, a degeneração do espírito.

Você é idoso quando pergunta se vale a pena,
Você é velho quando, sem pensar, responde que não.
Você é idoso quando sonha;
Você é velho quando apenas dorme.
Você é idoso quando ainda aprende;
Você é velho quando já nem ensina.
Você é idoso quando se exercita;
Você é velho quando apenas descansa.
Você é idoso quando ainda sente amor;
Você é velho quando só sente ciúmes.
Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida;
Você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada.
Você é idoso quando o seu calendário tem amanhãs;
Você é velho quando ele só tem ontens.

O idoso se renova a cada dia que começa, o velho se acaba a cada noite que termina, pois, enquanto o idoso tem os olhos postos no horizonte, de onde o sol desponta e ilumina a esperança. O velho tem sua miopia voltava para as sombras do passado.

O idoso tem planos, o velho tem saudade.

O idoso curte o que resta da vida;
O velho sofre o que o aproxima da morte.
O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e prenhe de esperança,
Para ele o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega.
Para o velho suas horas se arrastam destituídas de sentido
As rugas do idoso são bonitas, porque foram marcadas pelo sorriso;
As rugas do velho são feitas, porque foram viçadas pela amargura.
Em suma, idoso e velho podem ter a mesma idade no cartório,
Mas têm idades diferentes no coração”.


Fonte: www.franciscanos.org.br

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