quarta-feira, 31 de maio de 2017

POLÍTICA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES


Uma verificação menos apaixonada e mais racional e histórica das origens dos atuais partidos políticos brasileiros, especialmente os mais influentes, se descobrirá que todos têm a mesma a mesma matriz, a mesma raiz: ideológica, interesses imediatos, afastamento do bem comum.

A paixão cega a razão, portanto, deixar a razão sobrepor a paixão é um método claro, límpido de ver as coisas mais próximo da realidade, a paixão não permite isso.

A visão histórica nos mostra o contexto na época e as interações dos vários fatores que determinam as condutas humanas.

No Brasil, desde os seus primórdios, isto é, desde a chagada dos portugueses, o povo sempre esteve à margem das ações políticas. No período colonial davam as elites portuguesas davam as cartas, colonizadoras, que se transformariam no grupo latifundiário, os futuros “coronéis”.

A partir da independência, os latifundiários já tomavam conta da política. Os partidos que foram criados eram praticamente semelhantes, variando em pequenos detalhes os seus discursos. Tanto na colônia como no período pós-independência, as tentativas de se implantar um regime político diferente da monarquia, eram mortos no nascedouro. O povo, em que pese a precariedade dos meios de comunicação, era nada mais nada menos que “massa de manobra”. Por isso as eleições “de cabresto”.

Já na República a multiplicação dos partidos, jamais contou com a participação do povo, que continuava inculto. A educação, desde o período colonial, continuava precária. Os partidos populares, os sindicatos, os movimentos sociais insignificantes.

No período republicano os eventos sociais e políticos, as ditaduras, o populismo, as constituintes, tiveram uma aparente popularização. Mas no fundo o povo continuava e continua alijado do processo.

Portanto, os partidos, apesar das inúmeras denominações populares, pertencem à mesma matriz, à mesma raiz e têm os mesmos interesses, longe do bem comum. Todos têm objetivos específicos, que não contempla a inclusão do povo.

E a grande imprensa, da qual muitos políticos são acionistas majoritários, é conivente e não desempenha o papel de formador da opinião pública. Lógico! O Brasil precisa ser reinventado, passado a limpo.

Como? O certo seria via educação, num projeto a médio e a logo prazos. .. Mas isso é impossível. Resta aos apaixonados os gritos e sussurros.

Aos sábios a paciência de continuarem acima das discussões banais, enquanto o país segue descendo a ladeira, rumo ao fundo do interminável poço.

Quem está no comando do país  não viverá o suficiente para ver o estrago que está fazendo hoje. Estrago eminentemente social.



Imagem: Google

terça-feira, 30 de maio de 2017

FOLLOW-UP

A tradução dessa expressão da língua inglesa para a língua portuguesa é acompanhamento. E é muito utilizada nas áreas comercial, relações públicas, comunicação em geral.

É uma expressão pequena, mas envolve um grande processo de avaliação, que se inicia com o input, isto é o passo inicial de algo, pode ser uma venda, um comunicado, o inicio de um relacionamento comercial e o acompanhamento da evolução dos acontecimentos, até o resultado final (se é que nesses termos o final existe), que é a sonhada fidelização.

É necessária uma estrutura muito bem montada, que deve começar pela cultura da empresa voltada para a satisfação do cliente. Depois a capacitação do material humano, em consonância com a cultura da empresa. Pois o follow-up, é lógico, se dá por mãos humanas. É importante o suporte empresarial para dar tranquilidade ao profissional no diálogo com o cliente, em caso, principalmente de alguma reclamação deste.

E se follow-up é uma ferramenta de sucesso para as empresas e os profissionais, é, também, uma ferramenta essencial nas relações humanas em qualquer nível, com destaque às relações de amizade.

Pensando bem, o follow-up já acontece em algumas situações do cotidiano: os pais que acompanham is filhos na escola, os namorados que se acompanham em suas andanças, os casados e aqueles com relacionamento sério. É natural e não manifestação de ciúme. E os amigos também, sem a “pegação” no pé!

Assim é que no campo da amizade o follow-up é, também, muito importante. Isso para não incorrer no risco que o Pe. Fábio de Melo avisa: “É quando perder todas as suas utilidades que você saberá que o ama de verdade”.

No meio econômico é fato que para recuperar um cliente perdido gasta-se cinco vezes mais que para conquistar um cliente novo. No âmbito das amizades este “gasto” é muito maior. Ou melhor, uma amizade perdida, por desinteresse, jamais é recuperada. E mesmo que volte nunca mais será a mesma.

O Professor Marins fala em “não em satisfazer o cliente, mas surpreender o cliente”... Com atenção redobrada, com contatos frequentes, com o “estar à disposição”. Que tal tomar com os amigos a mesma atitude. Quem sabe se chega num momento crucial da vida dele e o que ele realmente deseja é um ombro amigo e ouvidos dispostos a compartilhar um pouco de tempo.

Portanto, nada custa não esquecer os amigos. Um telefonema, uma mensagem, um recado, uma visita oportuna. O importante é não esperar em demasia esse momento oportuno. Follow-up...

De repente já é muito tarde e a noite do esquecimento chegou.



Imagem: Google

segunda-feira, 29 de maio de 2017

TERGIVERSAÇÃO

É uma expressão pouco conhecida da língua portuguesa, mas exprime uma ação muito praticada no dia-a-dia das, especialmente nos debates políticos (e de outros), envolvendo políticos (os corruptos e os corruptores), advogados, jornalistas, cientistas políticos, âncoras de rádios e TVs e a população em geral, com destaque à aquela parcela que gosta de um burburinho.

Mas a tergiversação é muito mais comum do que se pensa. Ela está presente nas salas de aula, tanto do lado de alunos procrastinadores como do lado de professores pouco afeitos a leitura e que não gostam muito de preparar suas aulas. Ela ataca as crianças espertas e os adolescentes malandros e autoritários, bem como os idosos sabidos e experientes.

E tem mais, a tergiversação está presente no mundo jurídico, como crime previsto no código penal, descrito no Parágrafo único do Artigo 355, do Decreto Lei  2848. Conhecido também como “Patrocínio Infiel”.

A tergiversação, é uma atitude inconsciente ou deliberada de não continuar um assunto que está sendo discutido ou debatido num determinado momento ou determinada situação. As pessoas mudam de assunto repentinamente, não dando ao interlocutor a possibilidade de concluí-lo. É muito chato isso!

O entrevistado não responde a um questionamento, ou devolve a pergunta ao entrevistador. O professor ignora a pergunta de um aluno. E assim por diante. Isso acontece também nos tribunais, nos inquéritos, no diálogo entre pais e filhos e avós.

As pessoas “enrolam”, fazem rodeios, usam de evasivas, dão literalmente as costas, utilizam-se de subterfúgios, de desculpas esfarrapadas, não enfrentam de frente os problemas. Mentem. Portanto, essas tergiversadoras são antissociais, sociopatas, perigosas e comprometedoras do equilíbrio social. Equilíbrio social que tem a paz, a concórdia e o respeito como sustentação.

É muito comum os pais acharem lindos e maravilhosos os seus filhos de idades em torno dos quatro anos, quatro anos e meio, cinco, tentando “negociar” situações que interessam a elas, mas que na verdade estão treinando a tergiversação. São necessários a prudência, o acompanhamento e o tratamento. Essas crianças tendem a serem tergiversadoras natas no futuro.  O perigo é grande.

No meio jurídico a tergiversação acontece quando advogados (defesa) e promotores (acusação) tentam procrastinar (enrolar) processos ou as sessões de julgamento... Ou quando advogados atuam na mesma causa acusando e defendendo ao mesmo tempo. Situação que não pode acontecer e por isso é crime previsto em lei.

E na fase adulta há tratamento? Com a palavra os especialistas em TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Mas deve esbarrar nas velhas condicionantes: o conhecer, o reconhecer e o querer.



Imagem: Google

domingo, 28 de maio de 2017

ANTONIO FREDERICO OZANAM


Manhã do dia 22 de Agosto de 1997... Paris... Catedral de Notre Dame... Jornada Mundial da Juventude... O Papa João Paulo II, hoje Santo, em missa solene beatificou Antonio Frederico Ozanam, como modelo de protagonismo especialmente para a juventude...

Data memorável para os vicentinos, os membros da Sociedade de São Vicente de Paulo, instituição caritativa com presença mundial, fundada em 1833, em Paris, exatamente por Antonio Frederico Ozanam.

Ozanam nasceu em 13 de Abril de 1833 em Milão, Itália, na época sob domínio napoleônico, daí sua nacionalidade francesa. Foi batizado na Capela de Santa Maria dos Servos, em Milão. Ainda na infância sua família mudou-se para Lyon, Franca, onde viveu a adolescência e o inicio da juventude. Depois, sozinho, transferiu-se para Paris, para estudar direito, conforme desejo dos pais.

Foi em Paris o seu mais intenso protagonismo. Católico convicto, não viveu imune às dúvidas de fé. Teve apoio essencial na adolescência do Pe. Noirot e viveu um grande choque quando surpreendeu o cientista Ampère (o mesmo da eletricidade!), numa capela rezando o terço. Para Ozanam foi o divisor de águas, consolidando definitivamente sua fé católica.

Na universidade Sorbonne, a princípio como estudante, e depois como professor, Ozanam combateu “o bom combate”. Não fugiu à luta, num momento histórico fundamental de pós-Revolução Francesa, tomado pelo racionalismo e de enfrentamento ideológico cruel com o catolicismo.

França, Revolução de 1848, lançamento do Manifesto Comunista de Marx e Engels... Ozanam firme na defesa das verdades do Evangelho, principalmente nas Conferências Estudantis de História. Debates ferrenhos... Mas um questionamento foi fundamental, oriundo de um estudante saintsimonista (do Cristianismo Novo de Saint-Simon): “Vocês, cristãos, podem se orgulhar de sua igreja pelo que ela foi no passado. Hoje não passa de uma árvore que já deu frutos. Vejam a pobreza aí fora!”. 

Ozanam se estremeceu e naquela noite não dormiu. Em seguida chamou um companheiro e disse: “É verdade. Falta algo... Vamos aos pobres!” Era o insight que faltava. Ele que já havia escrito a um amigo e manifestado o sonho de unir o mundo numa rede de caridade, não teve dúvidas, partiu para ação, ainda com pequenos gestos, lançou as bases e as sementes da Sociedade de São Vicente de Paulo, hoje tão querida e respeitada por todos.

Ozanam foi historiador, advogado, político, jornalista. Mas sua grande vocação: ser Professor (“...É aqui, na cátedra, que perdemos nossas forças e nossa saúde!”), além de esposo, pai e católico exemplar. Morreu jovem, aos 40 anos de uma doença rara, provavelmente pleurisia renal. Sofreu muito.

Ozanam e Marx não se conheceram, porém foram contemporâneos nos anos turbulentos e revolucionários de Paris. Ambos propuseram transformações na Sociedade, mas com métodos e meios distintos. Marx, a revolução do proletariado. Primeiro o Socialismo, depois o Comunismo. Nada deu certo. O Socialismo morreu antes de atingir o Comunismo. Ozanam pregou as verdades do Evangelho, sem violência. A Igreja se apropriou de seu ideal e formulou seu Ensinamento Social, tendo como inicio a Encíclica Rerum Novarum de Leão XIII, em 1891. E depois vieram outras tantas. O Evangelho ainda é uma esperança para a humanidade.

A partir da beatificação de Ozanam, João Paulo II passou a pregar a globalização da caridade como contraponto à globalização econômica, esta mais excludente que inclusiva. É o mundo sendo abraçado pela rede de caridade, o grande milagre de Ozanam.

Porém, o milagre que possibilitou sua beatificação foi a cura de um brasileiro de Niterói. O segundo milagre que permitirá sua canonização ainda está para ser comprovado. As redes sociais são uma grande janela para a divulgação da vida e da obra de Ozanam. Portanto, vicentinos... Vamos a luta!



Imagens: do Blog

sexta-feira, 26 de maio de 2017

"A CHEGADA DE ARIANO SUASSUNA NO CÉU" - POR ROLANDO BOLDRIN - PROGRAMA "SR. BRASIL" DA TV CULTURA DE SÃO PAULO


Vídeo: YouTube

AGORAFOBIA


A democracia grega clássica, especialmente em Atenas, era direta, exercida pelos cidadãos atenienses que se reuniam em praça pública para as deliberações. A Ágora era o local para essas reuniões. Os assuntos debatidos eram sempre de interesse da cidade, como segurança, tratados comerciais com outras cidades, obras, leis gerais, cultura, enfim.

Vale lembrar que eram considerados cidadãos apenas os nascidos em Atenas e de pais atenienses.

Com o tempo as praças foram se aparelhando, com edifícios públicos e um intenso comércio. Assim, a Ágora se transformou em local de grande concentração e movimentação de pessoas.

Com a intensidade das atividades e o afluxo de pessoas, as quais se somavam aquelas que não eram cidadãs, como escravos, estrangeiros e os passantes, os riscos de pessoas idosas e crianças se perderem de suas companhias eram muito grande. Os cuidados eram sempre redobrados, como acontece modernamente em locais semelhantes, não mais para decisões políticas, uma vez que a democracia direta já não é mais possível. As concentrações são, como podemos perceber, em áreas de grandes eventos artísticos, de livre-comércio, de peregrinações religiosas.

Hoje há o agravante do aumento da violência e da sensação de insegurança. Tais situações tem gerado nas pessoas, no âmbito das fobias (medos), o sentimento de abandono em meio à multidão. Os especialistas chamam a isso de “Agorafobia”. Diante desse sentimento, as pessoas passam a fugir de grandes aglomerações, pois literalmente entram em pânico quando estão cercadas de muita gente.

A Agorafobia é uma doença emocional e como tal deve ser tratada por especialistas, no âmbito das fobias. O primeiro passo, como sempre é o autoconhecimento e o reconhecimento de que o problema está presente. Ninguém deve ser uma ilha, pois a vida é feita de interdependência e fora dela não há sobrevivência. Mas a Agorafobia existe e deve ser reconhecida, tratada e combatida.

E com o passar do tempo, com o advento das novas tecnologias, ganha novos contornos. Por exemplo, as redes sociais. As pessoas que têm tendências ao isolamento, ou têm latente a fobia social, se utilizam delas para se recolherem em seus cantos e praticamente abandonarem a vida social.

Isso não é bom. Esse isolamento afeta especialmente os adolescentes e jovens, tidos como “nerds”, que não encontram espaço para o desenvolvimento de suas potencialidades, em meio às banalidades da vida atual.

É uma nova modalidade de Agorafobia. Os pais devem estar atentos aos comportamentos diferenciados dos filhos nesse sentido. Os perigos das redes sociais são muitos: pedofilia, drogas, relacionamentos impróprios. Ou simplesmente o isolamento social.

A ação deve ser imediata. Há vidas em jogo.



Imagem: Google