Manhã
do dia 22 de Agosto de 1997... Paris... Catedral de Notre Dame... Jornada
Mundial da Juventude... O Papa João Paulo II, hoje Santo, em missa solene
beatificou Antonio Frederico Ozanam, como modelo de protagonismo especialmente
para a juventude...
Data
memorável para os vicentinos, os membros da Sociedade de São Vicente de Paulo,
instituição caritativa com presença mundial, fundada em 1833, em Paris,
exatamente por Antonio Frederico Ozanam.
Ozanam
nasceu em 13 de Abril de 1833 em Milão, Itália, na época sob domínio
napoleônico, daí sua nacionalidade francesa. Foi batizado na Capela de Santa
Maria dos Servos, em Milão. Ainda na infância sua família mudou-se para Lyon,
Franca, onde viveu a adolescência e o inicio da juventude. Depois, sozinho,
transferiu-se para Paris, para estudar direito, conforme desejo dos pais.
Foi em
Paris o seu mais intenso protagonismo. Católico convicto, não viveu imune às
dúvidas de fé. Teve apoio essencial na adolescência do Pe. Noirot e viveu um
grande choque quando surpreendeu o cientista Ampère (o mesmo da eletricidade!),
numa capela rezando o terço. Para Ozanam foi o divisor de águas, consolidando
definitivamente sua fé católica.
Na
universidade Sorbonne, a princípio como estudante, e depois como professor,
Ozanam combateu “o bom combate”. Não fugiu à luta, num momento histórico
fundamental de pós-Revolução Francesa, tomado pelo racionalismo e de
enfrentamento ideológico cruel com o catolicismo.
França,
Revolução de 1848, lançamento do Manifesto Comunista de Marx e Engels... Ozanam
firme na defesa das verdades do Evangelho, principalmente nas Conferências
Estudantis de História. Debates ferrenhos... Mas um questionamento foi
fundamental, oriundo de um estudante saintsimonista (do Cristianismo Novo de
Saint-Simon): “Vocês, cristãos, podem se
orgulhar de sua igreja pelo que ela foi no passado. Hoje não passa de uma
árvore que já deu frutos. Vejam a pobreza aí fora!”.
Ozanam se
estremeceu e naquela noite não dormiu. Em seguida chamou um companheiro e
disse: “É verdade. Falta algo... Vamos
aos pobres!” Era o insight que faltava. Ele que já havia escrito a um amigo
e manifestado o sonho de unir o mundo numa rede de caridade, não teve dúvidas,
partiu para ação, ainda com pequenos gestos, lançou as bases e as sementes da
Sociedade de São Vicente de Paulo, hoje tão querida e respeitada por todos.
Ozanam
foi historiador, advogado, político, jornalista. Mas sua grande vocação: ser
Professor (“...É aqui, na cátedra, que perdemos nossas forças e nossa saúde!”),
além de esposo, pai e católico exemplar. Morreu jovem, aos 40 anos de uma
doença rara, provavelmente pleurisia renal. Sofreu muito.
Ozanam
e Marx não se conheceram, porém foram contemporâneos nos anos turbulentos e
revolucionários de Paris. Ambos propuseram transformações na Sociedade, mas com
métodos e meios distintos. Marx, a revolução do proletariado. Primeiro o
Socialismo, depois o Comunismo. Nada deu certo. O Socialismo morreu antes de
atingir o Comunismo. Ozanam pregou as verdades do Evangelho, sem violência. A
Igreja se apropriou de seu ideal e formulou seu Ensinamento Social, tendo como
inicio a Encíclica Rerum Novarum de Leão XIII, em 1891. E depois vieram outras
tantas. O Evangelho ainda é uma esperança para a humanidade.
A
partir da beatificação de Ozanam, João Paulo II passou a pregar a globalização
da caridade como contraponto à globalização econômica, esta mais excludente que
inclusiva. É o mundo sendo abraçado pela rede de caridade, o grande milagre de
Ozanam.
Porém,
o milagre que possibilitou sua beatificação foi a cura de um brasileiro de
Niterói. O segundo milagre que permitirá sua canonização ainda está para ser
comprovado. As redes sociais são uma grande janela para a divulgação da vida e
da obra de Ozanam. Portanto, vicentinos... Vamos a luta!
Imagens:
do Blog
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