Sim,
ele faria 90 anos se não tivesse partido no dia 31 de Maio do ano passado. Sr.
Joaquim, 90 anos.
Uma
pessoa simples, alegre, batalhadora... Palavras comuns para definir um grande
homem. Homem de muitos orgulhos...
Orgulho
de, aos 80, 85, 86, 87, 88 anos, jamais ter sido internado. Só conhecia
hospital porque visitava doentes, principalmente os filhos. Orgulho por ter
criado dez filhos, todos encaminhados na vida, em contraponto à frase
introdutória da famosa música sertaneja “Couro de Boi”: “Há ditado que vem desde o tempo do zagai. Um pai trata de dez filhos.
Dez filhos não tratam de um pai”. De fato os filhos na descuidaram dele.
Mesmo resmungando era levado frequentemente aos médicos. Tomava religiosamente
os remédios. Não se sabe se corretamente, pois isso ele não permitia, a interferência em sua
rotina.
Num
determinado Domingo de maio de 2016, no final da tarde, procurou um chá em
razão de uma dor no.peito. Fátima, sua nora lhe disse: “Sr. Joaquim... Dor no peito não se cura com chá. Zezinho leve-o ao
médico”. Fátima fez um alerta no WhatsApp e logo sua filha Eugênia apareceu
e o levou ao Pronto Atendimento do convênio. Exames iniciais, apreensão,
encaminhamento ao hospital, UTI. Necessidade de cateterismo e o alerta do
médico: “Ele tem três fatores de risco: a
idade, o diabetes e a hipertensão...” O exame, a paralisia dos rins, a
hemodiálise, a primeira parada cardíaca, a segunda e definitiva parada.
No seu
velório cinco padres e fala do padre João Alves, com quem conviveu por 12 anos:
“Ele tinha três grandes amores, a
Família, a Igreja e Nossa Senhora”. Sr Joaquim faleceu no mês de Nossa
Senhora e foi coroá-la pessoalmente.
Católico
convicto rezava o terço todos os dias na Igreja. E quando recebia a imagem da
Mãe Rainha, mensalmente, fazia questão de suspender as atividades para a reza
do terço. Colocava muita emoção nas orações de acolhida e despedida da imagem.
Gostava
de estar cercado por gente, principalmente pelos filhos e pelos netos. Adorava
as datas comemorativas (aniversários, dia das mães, dos pais, Natal, etc.)
Gostava de anedotas, como as das velhinhas na igreja, quando chegaram mos
artista de circo... E de frases como estas: “Melhor ser rico e com saúde do
que pobre e doente” e “Quero que o
mundo acabe em açúcar, pois eu quero morrer doce”.
Quando
parou de trabalhar desejou voltar para a roça. Não deu, Por ocasião da
ordenação sacerdotal de seu filho Calu, o Pe. André, então Pároco, o chamou para servir à Igreja. Foi o divisor
de águas. Foi Ministro da Eucaristia, e líder de CEB (Comunidade de Eclesial de
Base). Foram históricas as celebrações da Via Sacra nas ruas, com a
participação de seu genro, diácono Geraldo Bueno.
Oriundo
da zona rural, vivenciou a experiência do trabalho bruto, trabalho que
pretendia retomar com a aposentadoria. Não deu, mas não deixou de frequentar a
roça, onde se transformava num menino. E, ainda assim essa rudeza não tirava a
sensibilidade de seus dedos quando pegava o violão e dedilhava as canções que
mais gostava, como “Luar do Sertão”, “Noite cheia de estrelas”, “Cisne Branco”, e tantas outras.
Pai
exemplar, marido fiel, alegre sempre, acolhedor, caridoso, sério quando necessário.
Seus últimos dias antes da internação foram de ansiedade ao ver o estado de
saúde de sua esposa, Pedrina, piorar irreversivelmente.
Sr.
Joaquim faria 90 anos neste sete de Junho. Uma data histórica. Mas o céu está
em festa e ele se esbaldando entre os velhos amigos. Haja histórias e reminiscências.
Por aqui a saudade é do tamanho do vazio que ficou.
E
resta o consolo da certeza de que ele está bem.
Imagem:
arquivo do blog
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