segunda-feira, 25 de abril de 2016

VARIAÇÕES SOBRE A IMPARCIALIDADE


Muito se tem discutido ultimamente a respeito da imparcialidade.. Estamos caminhando para o final do mês de Abril de 2016, época em que muitos acontecimentos políticos estão tomando conta do espaço noticioso na grande imprensa.

Operações da Polícia Federal, ordens de prisão e condução coercitivas de pessoas notórias da sociedade, executivos de grandes empreiteiras e líderes governamentais envolvidos em situações de cassação e de impeachment.

Os nervos se agitam... As pessoas esbravejam, saem às fruas... Os políticos se inflamam... Os formadores de opinião, especialmente da grande imprensa, entram em êxtase.

Os políticos estão na berlinda. O Judiciário, que deveria ser o último baluarte da imparcialidade, ao invés do resguardo, da prudência, do equilíbrio, é o primeiro a se manifestar publicamente, talvez não suportando o assédio da imprensa, ávida em furos de reportagens e por ter a primazia da grande notícia.

A votação do impeachment foi um verdadeiro circo dos horrores. Sob a luz forte dos holofotes os deputados não perderam a oportunidade de se manifestarem como uma sessão de barracos de pessoas ciumentas. E soltaram o verbo sem medo serem felizes. Alguns por poucas horas apenas, como aquela deputada de Minas Gerais que fez questão de exaltar a probidade, a moral e o modelo ético de gestão de seu marido, prefeito da cidade de Montes Claros, quando no dia seguinte o mesmo prefeito seria preso pela Polícia Federal, sob a acusação de desvio de dinheiro destinado a hospitais públicos da cidade, em favor de hospital de sua família. Que mico!

Nesse mesmo evento quantas vezes Deus foi citado em vão? Quantas esposas homenageadas? Quanto civismo enaltecido? Quantas amantes esquecidas? Quantas inverdades proferidas? Quanta parcialidade exercida?

A imparcialidade é a qualidade do que é imparcial... Rima com equidade, com isenção, com justiça, com amor a verdade, com o respeito ao bem comum. Porém isso é uma utopia... Pois, ninguém, absolutamente ninguém, é imparcial completamente. Só o Deus de nossa crença. Verdade doída. Todos nós, seres humanos e mortais, por mais que queiramos, não somos e jamais seremos totalmente imparciais.

Somos nós a soma de nossas emoções, de nossas premissas, de nossas crenças, de nossos valores... Verdades enraizadas em nossa essência pela família, pela cultura, pelo meio em que crescemos e vivemos... Valores que assumimos voluntariamente por opção e por interesses. Aspectos que foram notórios para quem prestou muita atenção às manifestações dos deputados na votação do impeachment.

Quem dá uma opinião é fiel à sua verdade e, não raras vezes têm dificuldades em discuti-la (pois têm medo do risco de ter de mudá-la).

E nem poderia se diferente. Dado que os deputados são os “legítimos” representantes do povo na estrutura do “Estado Democrático”.

As leis não são totalmente imparciais, pois foram engendradas por legisladores (deputados) imperfeitos e também não totalmente imparciais. A palavra final fica por conta do judiciário... Esperança de imparcialidade. Até quando?


Imagem: Google


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