sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

ALTERIDADE



Porque o dia se chama dia? Por que o escuro é escuro? Por que homem é homem e mulher é mulher? E o côncavo? E o convexo? A água? O fogo? Questões aparentemente simples ou simplistas. Está claro, lógico. Mas há sempre uma dualidade nas coisas, ninguém ou nada é sozinho. Tem sempre o outro como referência. Assim o é dia porque logo vem a noite. A referência do dia é a noite, e vice-versa. Da mesma forma a mulher é a referência do homem e vice-versa; O convexo do côncavo, a água do fogo, e assim por diante.

E seguem as relações e interações da dualidade: amor e indiferença, tristeza e alegria, partir e ficar, encontro e desencontro, rir e chorar, nascer e morrer...

Ninguém nasce só. Ninguém existe por si só, a menos que esse alguém seja o próprio Deus. Mas o próprio Deus existe numa comunidade: a Trindade.

Muito interessante a idéia do Pe. Zezinho (José Fernandes de Oliveira, SCJ). São dele essas palavras:

“Nasci para ser feliz porque Deus não cria ninguém para ser infeliz.
É o meu primeiro chamado.
Nasci para fazer os outros felizes.
É o meu segundo chamado”.

Assim é a vida, feita de relações e interações da dualidade. Preciso do outro... Preciso do outro para ser feliz, para gerar vida. Preciso do outro para ser família, para ser comunidade, para ser cidadã. Preciso do outro para cuidar e ser cuidada, para assistir e ser assistida...

Nunca, jamais serei feliz sozinha. A solidão não é boa conselheira. O outro me sustenta como ser humano. Só através do outro construirei a minha felicidade. Bela realidade.
Agora, é necessário estar bem comigo mesma para poder me projetar no outro e, de fato, construir a minha felicidade.

Termino com Simone de Beauvoir:
“Não há uma pegada do meu caminho que não passe pelo caminho do outro”.


Alteridade plena!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

VONTADE



Todos os nossos atos têm um ingrediente comum e extremamente importante: a vontade.

Vontade é um atributo humano (exclusivamente humano), com algumas definições diferenciadas de acordo com os entendidos, portanto, não está livre da polêmica.

Uns dizem que é a “capacidade de querer ou de manifestar desejos”... Outros, que está ligada “ao querer, ao ter desejos, aspirações, cobiça, pretensões”... Outros, ainda, que, tem a ver com “as necessidades humanas, como comer, beber, dormir, descansar, divertir-se”. Tem gente, também, que defende que vontade é “a força interior que impulsiona o indivíduo a realizar algo, atingir seus fins”.

A vontade é imanente, pois está presente em tudo o que os seres humanos fazem. Como disposição interior é o motor que lança o indivíduo para a realização das suas atividades, boas ou ruins; nas belas virtudes que levam às grandes vitórias, ou nos erros homéricos que conduzem às catastróficas derrotas, em algum momento o ingrediente vontade esteve presente e foi determinante para os resultados. Vejamos as tragédias naturais... Alguém falhou... Alguém não teve a vontade  suficiente para realizar algo para evitá-las.

Ela é hierárquica, pois a vontade do comandante determina as atitudes de seus comandados; a vontade do chefe tem reflexo nas posturas de seus subordinados e assim por diante.

Assim também, no campo político, a vontade dos governantes determina o destino do seu país de seu povo. Algo que acontece de cima para baixo. Pena que ela é manipulada, pois nem sempre o processo inverso é verdadeiro (não deveria): a vontade do povo nunca se coaduna com a vontade dos políticos.

Vontade e decisão

“A vontade visa ao fim; a decisão, porém, visa aquilo que conduz ao fim”, escreveu Santo Tomás de Aquino.

A vontade é um atributo,  um querer, algo motivador, o motor da vida. Mas ela nada significa, nada faz acontecer, sem a “decisão” (atitude racional) de transformá-la em verdade. A vontade sem a decisão corre o risco de ser apenas utopia, sonho irrealizável ou muito distante. A utopia faz caminhar, se existe a decisão de partir.


Então é assim: a vontade unida à decisão, realização do possível. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

SIMPLESMENTE QUERO ORAR...

Simplesmente quero  orar. Não importa o Deus da minha crença. Nem me importa o Deus da crença de outras pessoas. Creio no meu Deus.

Minha oração é simples, tradicional, e nasce do fundo da minha alma. Às vezes não importam as palavras. Palavras? Que palavras? Não sei se elas são conexas. Falo com meu Deus da mesma maneira que aprendi no colo de minha mãe e nos braços de minhas tias.

Mas a linguagem do meu Deus não é a minha  e com o tempo, aprendi, a ver e ouvir as mensagens d’Ele através das coisas que criou. É impossível ver o mundo, a natureza, o céu, o mar, as montanhas, as cachoeiras, a gravidez, os nascimentos, os sorrisos, o amor, a amizade, sem pensar em quem tudo arquitetou, tudo construiu, tudo me ofereceu de graça.

A minha oração mudou. Perdeu as palavras, ficou o sentimento. Transformou-se em contemplação. A vida seguiu seu curso: a rotina, o trabalho, os estudos, a luta pela sobrevivência. Amor e desamor.  Mas eu continuei falando com Ele. E Ele comigo...

Sim, Ele fala comigo. Não usa a minha língua, nem mesmo os verbos, as mesmas regras gramaticais, a mesma gramática histórica.

O meu Deus fala comigo tocando a minha alma. Fala comigo quando o beija-flor visita as flores do meu jardim, como fazem as borboletas.

O meu Deus fala comigo quando as corruíras cantam alegremente todas as manhãs nas cumieiras da casas... Quando o bem-te-vi, grita “já vi”,  em vôo rasante sobre os gramados mais ou menos verdes das cidades mal cuidadas...

O meu Deus fala comigo quando me permite ver os arranha-céus quase tocando o infinito, rara beleza da era tecnológica... Quando me mostra um casebre habitado por um casal de velhinhos sofridos.

O meu Deus também me mostra as mazelas desse mundo maravilhoso, causadas pelo afastamento das pessoas de  sua religiosidade.


O meu Deus cuida de mim... E sem avisar me deu o grande amor da minha vida, fonte das minhas alegrias, da minha felicidade. Hoje já não sou apenas eu, mas um com o meu amor. Não tenho como agradecê-Lo. Ele me compreende... Por isso simplesmente quero orar...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

“...TOQUES SUAVES NA ALMA”


Hoje, através da Folhinha da Editora Vozes (www.universovozes.com.br/folhinha), entrei em contato com Cora Coralina.  É dela a mensagem: “ Se podemos crescer com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma”.

Cora Coralina é sempre surpreendente. Sua obra é inesgotável. Essa é mais uma das suas belas mensagens que reconfortam a alma.  Na atualidade há uma tendência de se valorizar mais os fatos pesados da vida. A imprensa faz sensacionalismo, as novelas partem para a violência é a quebra dos valores mais tradicionais da humanidade. Os jornais e revistas querem vender suas edições, bater recordes de tiragem para garantir os patrocinadores  para a próxima edição.  O medo se instala, a nossa cabeça se funde. Não há mais em quem acreditar. A violência cresce. Vivemos presos.

Aí entram em cena os especialistas em autoajuda. Os autores desses livros dão extremo valor à individualidade, ao individualismo, com pregações do tipo “Eu quero, eu posso!”  Vencer os obstáculos é um  caminho para se chegar ao amadurecimento e à felicidade.  E se possível num processo isolado, sem depender de ninguém. Sucesso pessoal e intransferível.

Mas a realidade da vida nos chama para a ação conjunta, para a soma de esforços, para as amizades, para a vida em família, ou a dois.... Para a interdependência.

A vida é bruta, sim. Há tantos exemplos dessa  brutalidade. Mas, é também, maravilhosa, feita de momentos bons, tranqüilos, enlevado por boa música, pela arte, pela cultura, pela paz de um lar tranqüilo.

É a “Pedagogia do Caracol”, conforme a crônica de Rubem Alves. É preciso parar para respirar e aproveitar este momento e fazer a adrenalina baixar, diminuir a tensão e começar a ver o que a vida tem de bom. À nossa frente pode estar uma mão estendida, o sorriso de uma criança, um rosto bonito, um par de olhos brilhantes, uma música que ainda não tinha ouvido, um beijo da pessoa amada, um abraço amigo, um convite para a paz.

“...Toques suaves na alma”.

Vamos dar tempo e oportunidade para a suavidade, vamos deixar a nossa vida ser conduzida pela paz.  O nosso crescimento será intenso, sólido, contínuo...  Rumo à felicidade verdadeira.

Valeu “Folhinha”. Valeu, Cora Coralina!



domingo, 26 de janeiro de 2014

A FORMIGA E O ELEFANTE


Uma parábola humana:

Uma formiga agarra-se ao rabo de um elefante, caminha até o alto do corpo e começa a contemplar a manada. Eram muitos. De repente algo aconteceu e todos os elefantes começam a correr. Árvores caindo, relva deitando, poeira subindo, confusão tamanha. A formiga, entusiasmada, consegue chegar ao ouvido do elefante e grita:
- Veja amigão, o “estrago” que estamos fazendo!

Será que a formiga contribuiu para que a poeira levantasse? Lógico que não! Mas isso tem mesmo a ver com os seres humanos. Basta uma observação do nosso cotidiano.  Ele está “coalhado” de gente que nada faz e procura levar vantagem em tudo. Está sempre na “cola”, na “carona”, aproveitando-se das oportunidades, fazendo “média” e usando pessoas de boa vontade na execução de tarefas diversas.

No ambiente corporativo gente como a formiga da história é uma praga. Chega de boa vontade, dá seus palpites, mas não se compromete com a equipe. Quando chega a hora da execução do combinado, simplesmente some ou fica enrolando. No momento do resultado, se este foi bom, é um dos primeiros a chegar e a alardear o sucesso como se tivesse de fato contribuído para esse sucesso.

Nos trabalhos voluntários em igrejas principalmente, as “formigas” estão lá, agindo da mesma maneira.

Nos clubes e outras organizações lá estão “elas”. No serviço público, pior ainda.

São também bajuladores, puxa-sacos.

Essas pessoas parasitas, “chupins”, são um peso para as organizações e para a sociedade.

Na verdade é um grande desafio para os líderes a identificação desses parasitas. E os manuais de liderança não ensinam, dependendo mesmo da perspicácia daqueles que são responsáveis pela condução dos trabalhos.


Coitados dos “elefantes”...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

GERAÇÃO “Y”



Novidade no ar: a juventude atual está vivendo a Geração “Y”, que é filha da Geração “X”, que é filha dos “Baby-Boomers, que é filha dos “Tradicionais”.

Como é isso? Vamos traçar um perfil evolutivo da juventude desde meados do Século passado:

Até 1945, a juventude vivia Geração Tradicional, mas que tentava superar os grandes conflitos mundiais, Primeira e Segunda Guerras e a Grande Depressão. Os países envolvidos diretamente nos conflitos estavam arrasados e precisavam ser reconstruídos. A juventude procurava ser prática, confiava numa hierarquia rígida, permanecia muito tempo nas empresas e se sacrificava para atingir seus objetivos.

De 1946 a 1964 tivemos os ‘Baby-Boomers, filhos do pós-guerra. Eles romperam padrões e tinham a paz como bandeira de luta. Não conheceram o mundo arrasado e já podiam pensar em valores pessoais e em oferecer uma boa educação dos filhos. No trabalho, têm relações de amor e ódio com os superiores.

De 1965 a 1977, tivemos a Geração “X”. Já em contato com  tecnologia que se desenvolvia rapidamente, os jovens passaram a se preocupar com a qualidade de vida e em equilibrar vida pessoal e trabalho. Veio a crise dos anos 80 e o desemprego. Tornaram-se céticos e superprotetores.

A Geração “Y” surgiu a partir de 1978. Mundo estável até então, os jovens viveram uma grande valorização da infância, com internet, computador, celulares, educação sofisticada. Cresceu a autoestima e não se sujeitam a atividades que a princípio não fazem sentido. Trabalham em rede e tratam as autoridades rejeitando a hierarquia.

A Geração “Y” tem como características principais, além das já citadas as seguintes: está sempre conectada, procura informação fácil e imediata, prefere mais computador, notebook, tablet e smart do que livros, não dá importância para cartas, digita ao invés de escrever,  vive em redes de relacionamento, compartilha tudo (dados, fotos, hábitos), está sempre atenta às novas tecnologias,  é multitarefa, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo.

A juventude dessa geração, muitas vezes é acusada de ser distraída, superficial e até egoísta. Mas tem preocupações com meio ambiente, e está sempre pronta para batalhar para melhorar o mundo. Acha que está provocando uma revolução silenciosa, pois apesar de ser impaciente, centrada em si mesma, acha que logo logo vai tomar conta do planeta..

Muito bem, muito bem... Tudo maravilhoso... Porém...

É uma geração que vive mudanças radicais em todos os sentidos. Mas esquece  que certas coisas não devem ser eliminadas, como por exemplo, valores humanos. Hoje percebe-se que há muita gente excluída, muita gente desorientada, muita gente envolvida com drogas, desempregada, fora da escola (apesar da divulgação oficial no sentido contrário).

E não é todo mundo que está inserida no contexto da Geração “Y”. Assim é que o nível cultural da juventude é muito baixo. Veja-se os resultados dos exames para obtenção da OAB, de certificados das Associações de Medicina o desempenho de recém-formados em cursos de MBA, e empresas brasileiras que perdem dinheiro em negociações no exterior, devido a incapacidade de seus empregados de dialogar de forma proficiente em inglês.


Assim, atenção senhores pais, cuidado em ufanar-se pelos seus filhos, quando eles se arrogam ao direito de pertencer à Geração “Y”.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SE....


Rudyard Kipling
(Tradução de Guilherme de Almeida)

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo em redor já perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para esses, no entanto, achares uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem re desesperares;
E não parecer bom de demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
E dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exausto, contudo
Resta a vontade em ti, que ainda te ordenas: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes,
Entre os Reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
E se és capaz de dar segundo por segundo;
Ao minuto fatal, todo seu valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo que existe no mundo,
E – o que ainda é muito mais – és um homem, meu filho!
 
Rudyard Kipling

Contista inglês. Nasceu em Bombaim (Índia) em 30 de Dezembro de 1865 e faleceu em Londres em 18 de Janeiro de 1936. Prêmio Nobel de Literatura de 1907.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

MULHER BARRAQUEIRA


Difícil é encontrar a origem da expressão “fazer barraco”. Sabemos das conseqüências...

“Fazer barroco” tem a ver com “rodar a baiana”, forma regional de fazer confusão, protestar, gritar, exigir providências...

Esse “exigir providências” tem alguns aspectos a serem considerados: há o lado positivo, quando está ligado à falha de prestação de serviços, por exemplo. Deve ser feita de forma educada, calma, utilizando-se dos meios legais. As manifestações pacíficas é, também, uma das formas desse tipo de ação.

Há os aspectos negativos. Os “barracos” inconseqüentes, feitos de escândalos, gritarias e que levam finais imprevisíveis. São vergonhosos. Afetam principalmente as mulheres. Uma mulher barraqueira é o caos, se não o fim do mundo... Um perigo...

É um perigo dado as inconsequências. Uma mulher que está pronta para dar um escândalo não está preocupada com o que pode acontecer. Perdeu as referências, a dignidade, os valores humanos, a autoestima, não sabe lidar com perdas, quer vingança, alegra-se em atirar inverdades e podridão nos ventiladores. É dissimulada, fingida e permanece de prontidão para agir sempre que aparecer uma oportunidade. É incansável na sua volúpia destruidora da felicidade alheia.

Uma mulher barraqueira é no fundo uma pessoa fraca, consciente de sua fraqueza, mas não luta para superá-la. E prefere usar a carapaça da arrogância para se parecer forte para ela mesma e para as pessoas que estão ao seu redor.

É uma pessoa infeliz, míope, incapaz de refazer sua vida ou dar-se o direito a busca da felicidade sem prejudicar outras pessoas. É infantil, não cresceu, não amadureceu. E ainda por cima batalha para ser o centro das atenções, arrogando-se a grande vítima das relações que não deram certo.

O “barraco” é um pesadelo para quem é a verdadeira vítima, pois a ameaça é constante devido ao estado de “prontidão” da outra parte. Apesar de mais forte, mais maduro, mais consciente, precisa tomar providências, entre elas a de se retirar para longe do torvelinho.


O destino da “mulher barraqueira” é a solidão, para dizer o mínimo. O perigo mesmo é afundar-se da depressão e seus resultados. Mas como é uma escolha, nada há a fazer.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

PESSOAS PERFEITAS


Quem procura um ser humano perfeito, será que vai encontrar? Difícil para não dizer impossível!

A perfeição é um atributo concedido apenas a Deus. Deus é perfeito para quem n’Ele acredita. Quem não acredita não vai encontrar pessoas perfeitas.

Todas as pessoas cometem erros que podem prejudicar um alguém, ou uma coletividade inteira. Já existe até seguro para tentar suprir eventuais prejuízos materiais advindos dos erros humanos.

Por detrás de cada acidente automobilístico, aéreo, naval, natural ou de qualquer outro tipo, está sempre uma falha humana.

Por isso todo o cuidado é pouco para não cometer erros, para evitar acidentes, principalmente para não criar condições ou situações de riscos.
Bebida e volante não combinam. Negligência em atividades que exigem atenção máxima, também. Não prestar atenção ao atravessar a rua, idem.

Outros tantos abusos podem ser inseridos na lista: drogas (lícitas e ilícitas), falta de cuidados com a saúde, facilitação à ação de marginais. Os perigos da noite são os mesmos do dia. Porém, os perigos da noite são muito mais intensos. Os jovens e os baladeiros em geral precisam saber disso. É um problema. Quem vai colocar o sininho no pescoço do rato?

Por outro lado, esperar uma pessoa perfeita é uma ilusão. Compreender os limites da perfeição humana é uma postura ótima para relacionamentos saudáveis. Até mesmo para que os nossos próprios limites possam ser compreendidos.

Aos trancos, tombos, sustos, alegrias, caminha a imperfeita humanidade... Com acertos e erros....  Onde chegaremos?



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

UMA PALAVRA DE FREI ALMIR......ADORO!

A QUEM PERTENCEMOS?[1]

Escreve Frei Almir Ribeiro Guimarães-OFM

“Gosto de ver essa gente que sai de casa rindo, conversando, homem e mulher, jovens, amigos. Tem-se a impressão que uns contam com os outros, uns pertencem aos outros. A menininha sai de casa de mãos das com a mãe, andando, quase dançando, sabe que é da mãe e que a mãe é dela.

O senhor idoso conversa com os amigos na praça, volta para a casa do filho. Lá tem seu quarto, suas coisas, sua vida, suas gavetas. Ele pertence ao filho e à sua família. Vai sentar-se à mesa e tomar uma sopa, um cálice de vinho para ter uma boa circulação sanguínea.

Triste quando vemos esses adolescentes que não pertencem a ninguém. Esses homens jogados à beira da estrada ou que ficam no bar até que o último cliente saia.

Penso no presidiário sem visita, sem parente, sem ninguém. Sem Natal, sem aniversário, sem ninguém.

A quem pertencemos?”



[1] Título nosso

sábado, 18 de janeiro de 2014

ESPECIALISTAS EM HUMANIDADE


Nascer anônimo, crescer anônimo, viver anônimo, envelhecer anônimo, morrer anônimo... Tem graça isso?

Fazer a diferença, eis o grande mote da vida! Fazer a diferença...

Fazer a diferença não é obter a unanimidade... É agradar a muitos... Mas, também, desagradar a muitos... É que para fazer a diferença é preciso ter coerência. E essa qualidade implica ser fiel a um projeto de vida, que em última análise, significa lutar pelo bem comum, envolvendo o maior número de pessoas possível, já que abraçar a humanidade inteira é impossível. E nesse projeto (ou projetos) muitos não estarão incluídos, porque não concordam com ele, pois interesses necessariamente estarão sendo atacados.

Pessoas que fazem a diferença são construtoras de paz, são portadoras de paz, mesmo que isso venha a incomodar interesses gigantes.

Unanimidade nunca... Respeito sempre! Coerência de vida gera respeito. E temor. Por isso muitas dessas pessoas coerentes foram eliminadas por aquelas que não concordavam com elas. O assassinato é prêmio. A dor e o sofrimento conseqüências naturais. A cruz é o preço.

Pessoas que fazem a diferença tem berço. Não de riqueza, mas de conhecimento e sabedoria. Tiveram exemplos de vida. Aprenderam os caminhos, abraçaram causas e lutaram muito, sem cessar pelo que abraçaram. No fim último, estavam pessoas apequenadas, excluídas, sofredoras, sem voz nem vez.

Pessoas que fazem a diferença estudam muito. Para elas não há restrições de leitura ou de dialogo. Lêem tudo e de tudo. Vêm tudo e de tudo. Conversam tudo e sobre tudo. Já leram os clássicos da literatura, filosofia, história, teologia, economia, sociologia e leram mais de uma vez os clássicos de sua área de interesse. São profundos... São especialistas de humanidade.

Sim, são especialistas em seres humanos, porque de nada adianta salvar o planeta sem primeiro salvar o homem, a mulher, a criança, o idoso. De que adianta um jardim lindo florido e bem cuidado se não há pessoas para admirá-lo ou dele usufruir.

Sua bênção Gandhi, João XXIII, Hèlder Câmara, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, João Paulo II, Josimo Tavaes,  Santos Dias, Penido Burnier, Irmã Dorothy, Chico Mendes, Martin Luther King Jr, Nelson Mandela e outros tantos... Pessoas de coração e braços do tamanho do mundo, especialistas em humanidade, construtores de jardins e de paz e que por isso fizeram toda a diferença.



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

COLO DE MÃE

“Ele dormia o sono de uma tarde fria. De repente um movimento suave aconchegou seu corpo com uma manta quente. Semi-acordado viu quando sua mãezinha deixava o quarto, tão silenciosa quanto havia entrado. Ela idosa, ele o filho mais velho convalescente de uma cirurgia”.

“Ela havia trabalhado a semana toda. A faculdade também foi pesada. Precisava espairecer, rever amigos, rir um pouco, recompor as energias mentais, pois a semana seguinte prometia...  Estava prestes a chegar da festa. Já era tarde, madrugada. Já na esquina avistou sua mãe na janela, como em tantas outras vezes, impassível, olhos fixos nos movimentos da sua filha. E pronta para dar-lhe aquela bronca”.

Filho não tem idade. É sempre filho, sujeito aos cuidados da mãe, que é insubstituível, única e inexplicável.

Falar de mãe, do amor de mãe é ser repetitivo. Mãe, cantada em prosas e versos, em orações as mais sublimes. O amor de mãe continua sendo indefinível, pois as palavras humanas são insuficientes, incapazes de expressá-lo como merece. Só Deus tem a definição exata, correta do que é esse amor.

Mas é o colo da mãe a fonte da sabedoria humana. Feliz daquele que pode usufruir, beber dessa fonte forjadora de caráter, de ética, de responsabilidade, de valores humanos.

No colo da mãe ouve-se as verdades da vida; tem-se a iluminação dos caminhos, os conselhos necessários, os aprendizados que vão nortear a vida adolescente e adulta, as orações que nunca mais serão esquecidas.

Colo de mãe... O ventre que gerou a vida... O leite que a sustentou e a fortaleceu... O abraço que sufocou os medos, as inseguranças... O calor que aqueceu os invernos, estações e tempos de dor e de incertezas...
Colo de mãe... A singeleza das cantigas de ninar... A alegria dos reencontros... A atenção pelas novidades... A ansiedade pelas conquistas, vitórias e derrotas...

Colo de mãe... Aconchego, repouso, lágrimas a enxugar, puxões de orelhas, os ouvidos aos segredos, os amores. As decepções... Os afagos restauradores

Colo de mãe... Lendas fantásticas, vidas exemplares, histórias dos antepassados, raízes de família, vínculos afetivos, navios rumo a portos seguros...

Ah! Colo de mãe... lugar único onde o amor sublime e divino se torna fonte e se transforma em vida... E saudade!





quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

UM POUCO DE "FERNANDO PESSOA" PRÁ VOCÊ


Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor  que já me não dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

COTIDIANO E ROTINA



Dois termos quase semelhantes. Nas definições literais são mesmo muito próximos.

O Dicionário Aurélio nos informa que “cotidiano é aquilo que se faz ou ocorre todos os dias”; e “rotina, sequência de atos ou procedimentos que se observa pela força do hábito, rotineira”.

Pois é, as semelhanças terminam aí. Rotina e cotidiano numa análise mais profunda do dia-a-dia têm significados bem distintos e se distanciam cada vez mais, quando a pessoa toma consciência do que é um e outro e  decide trilhar caminhos que leva à realização pessoal e profissional, ou se dar bem naquilo que optou em fazer ou viver.

Rotina é a repetição de atos de forma sistemática e que acabam perdendo o sentido e se transformando em algo negativo, quando não de tristezas.

O cotidiano é a sucessão de passos no dia-a-dia, mas de forma prazerosa,
fonte de alegrias e de realização pessoal.

Há quem goste da vida rotineira e no decorrer da vida transforma essa rotina em atos do cotidiano. São pessoas, por exemplo, que se realizam no trabalho doméstico, no cuidado com os filhos, no trato com o esposo(a). Alias, se tornando uma base sólida para que o cônjuge tenha sucesso no seu cotidiano.

O trabalho  como exercício profissional, como realização de uma vocação, também é feito de rotina e cotidiano. Fonte de felicidade.

Difícil é a rotina de um encarcerado... Ou de quem não estudou e tem que se contentar com o trabalho braçal. Nada contra, pois todo trabalho digno exatamente dignifica o ser humano.

E  aquela dona de casa, aquele ou aquela aposentado(a), pode transformar sua rotina em cotidiano, através de um dia cheio de novidades, portanto, atrativo, tenso, emocionante, fora da rotina. Como? Os noticiosos do rádio ou da TV, os programas televisivos, o livro, a revista, a internet, a academia de ginástica, o culto religioso, o trabalho voluntário, as visitas a hospitais, asilos, comunidades de recuperação de dependentes químicos.

Frequentar clubes, formar grupos para viagens pequenas ou longas, participar de equipes de amizade via internet.  E dosar tudo isso para que não transforme em fanatismo e venha a ter prejuízos em relação à saúde física e/ou psicológica.

O cotidiano é fonte de prazer, pois a pessoa tem o controle de suas atividades e procura exercê-las de maneira a lhe fazer o bem. Eleva e enleva. É um círculo virtuoso.

A rotina domina a pessoa e a escraviza, puxando-a para baixo. É um círculo vicioso.


Mensagem final: não sejamos escravos da rotina. Vamos transformá-la em algo bom para a nossa saúde física e mental, em felicidade.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

OS LIVROS E SUAS VIRTUDES


Algo acontece de extraordinário com os livros. No seu silêncio eles são eloqüentes. Os livros fazem acompanhadas as pessoas solitárias. E ainda as conduzem à viagens para os mundos daqueles que os escreveram e refletir esses conhecimentos em suas almas.

Os livros fazem algumas exigências para cumprirem as missões para as quais foram escritos: entreter, informar, formar, transformar. Exigências que podemos resumir no querer fazer a leitura, no ambiente propício, na concentração, na reflexão.

A escola, em todos os seus níveis, prepara-os para a leitura. Oferece os caminhos, ajuda-nos a descobrir as nossas áreas de interesse, faz as indicações, oferece os métodos. Mas a leitura nunca atingirá os seus objetivos se nós não cumprirmos as exigências que os livros nos fazem.

Querer é o primeiro passo. Um livro na mão ou enfeitando a estante nada significa. Fazer a leitura em ambiente conturbado, barulhento ou com preocupações que desviam a concentração, também não é bom, pois a leitura será simplesmente superficial e em nada resultará.

A leitura é, à primeira vista, conhecer o seu autor, seu mundo, seus conhecimentos, suas ideologias, suas premissas, seus projetos de vida, sua contribuição para a formação cultural das pessoas. Ler, então, é pensar com a cabeça do autor. Nós só apropriaremos da leitura e dos conhecimentos que nos proporciona se houver a reflexão, desconstrução das idéias do autor e a reconstrução a partir do nosso conhecimento prévio, das nossas idéias e das nossas premissas. É o processo de reelaboração do que foi lido. Assim, um livro deve ser lido mais de uma vez.

Há uma polêmica em relação a qualidade dos livros. Uns dizem que é preciso qualificar os livros e os seus autores. Verificar se os escritos não são cópias, se aquilo já não foi dito antes, ou se o produto é de má qualidade, principalmente em relação às regras da escrita.

Outros já dizem que não deve haver restrições. Deve-se ler de tudo, pois a idéia básica é a leitura propriamente dita. O que virá depois dependerá do querer, do ambiente, do foco, da concentração, desconstrução e reconstrução dos textos em nossa mente e do quê vamos fazer com o aprendizado.


Mas, o mais importante mesmo dos livros é que eles nos conduzem a viagens inesquecíveis. E isso ninguém rouba de nós.

sábado, 11 de janeiro de 2014

SEJA EXATAMENTE O QUE PENSA QUE É


"A gente acaba se tornando exatamente como pensa que é. Por isso, vamos pensar sempre em coisas boas e positivas a nosso respeito".
Masaharu Taniguchi

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

SER ADULTO



Não queremos polemizar nem entrar em méritos acadêmicos. Há obras as mais variadas a respeito da “adultez”. Certamente há doutores, cientistas, entendidos, enfim. Queremos apenas, digamos, dar uma “palhinha” sobre o assunto...

Ser adulto é um das fases mais esperadas da vida. Quem foi adolescente, jovem, já acalentou muitos sonhos para realizá-los “quando passasse para “de maior”.

O tempo passou mais depressa do que imaginava, a idade adulta chegou, muitos dos contemporâneos já estão na terceira idade, outros na quarta e outros nem inimigos tem mais (“...Pois é, na minha idade, morreram todos aqueles desgraçados”!). Mas será que chegaram de fato à idade adulta?

 Aí é onde mora o perigo. Ser adulto não significa apenas ter idade, estar crescido, ser capaz de gerar prole... Ser adulto é.... desmamar definitivamente.  Isto é, sair das amarras da saia da mãe.

Ser adulto é sim ter a capacidade de fazer tantas coisas. Mas é fundamentalmente uma postura pessoal, consciente, de que de fato é uma pessoa que assumir as responsabilidades e conseqüências de seus atos.

Muitos crescem apenas em idade e tamanho, mas permanecem infantilizados, menos por culpa sua, mais pela forma errônea de seu processo de educação e criação. Teve tudo, não lhe faltou nada... Ou quase nada,  pois lhe faltou o essencial: a liberdade com responsabilidade. Teve muito amor quantitativo e pouco amor qualitativo.

Adulto é aquele que faz e assume, pois caminha pelos próprios pés.

Um indivíduo crescido, mas infantil jamais chegará à sua realização plena pessoal e profissionalmente. Hoje em dia a pessoa vale pelo que “é” na vida, não pelo que tem na vida.

Um camarada infantilizado será um rosário de “péssimos”: namorado, marido, pai, profissional, líder, idoso... onde ele estiver, sua auréola está emitindo sinal amarelo de atenção: aqui está  um chato. E isso vale para as mulheres, também (é só mudar o texto para o feminino).

Ser adulto é uma qualidade. Aquele que foi educado de forma negativa tem que tomar consciência e correr atrás. Superação é a palavra. Se não conseguir peça ajuda.

O que não pode é existir  pessoas que azedam os ambientes onde só deve reinar paz, compreensão, colaboração e alegria.

Voltaremos ao assunto. Até qualquer dia!







quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

SER O CENTRO DAS ATENÇÕES



Estar no centro das atenções é muito bom... Ser o centro das atenções já é outra história...

A humanidade sempre vivenciou momentos e situações em que civilizações inteiras atribuíram a si mesmas a qualidade de centros do mundo. Percebemos que civilizações orientais e ocidentais, ao longo da história dominaram o mundo e em nome dessa superioridade conquistaram e submeteram povos, impondo-lhe seu poder, sua cultura, sua religião.

Foi assim que surgiu o mito da superioridade ariana, que resultou na tragédia do Nazismo e o holocausto dos judeus e outros povos “considerados inferiores”. Exemplo dramático de preconceito. E que nunca mais deve se repetir.

Mas o preconceito nas suas mais variadas formas ainda não foi totalmente extirpado do consciente coletivo. E de muitas pessoas em particular. A lei resolve, mas em parte. Não se tira da cabeça aquilo que criou raízes no coração.

Hoje praticamente não existe mais isso. Ou existe? Parece que as posturas de americanos e europeus tendem a se considerarem os novos donos do mundo. A Europa sempre pensou assim... E influencia as pessoas.

E muitas pessoas pensam da mesma maneira e se acham também, se não os donos do mundo, mas tentam dominar os ambientes onde estão. É psicológico...

Pessoas que querem ser o centro das atenções são chatas, inoportunas, arrogantes, metidas, insuportáveis. Acabam com qualquer conversa. São evitadas.

A liderança não se impõe, conquista-se. E a conquista se dá pela simpatia, pela empatia, pelo amor. E amor é muito mais sério do que se pensa. Não é apenas sorrisinho de canto de boca e tapinhas nas costas (irônico, não?).

Amor é doação, é entrega, é dedicação, sem esperar nada em troca. A aproximação das pessoas, a influência, a liderança, tudo isso vai acontecer aos poucos, naturalmente, até de forma imperceptível. De repente acontece!

É humildade!


Ser feliz  é um exercício de muitas superações. Entre elas está a decida do pedestal.  E a subida refeita de mãos dadas com as pessoas que estão ao nosso redor.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

VENTO


Vento,
Ar em movimento
Marcas do tempo
Sulcos na areia
Dunas em construção
Em transposição
Vida que permeia
No farfalhar da natureza

Vento,
Umidade em movimento
Que fertiliza
E faz produzir
Brisas
Que vêm e que vão
Cabelos e rostos
A acariciar;

Vento,
Ar em movimento
Anúncios de perigo
Tempestades, trovões
Coriscos...
Violência, revolta
Sustos...
A que custos?

Vento,
Necessário movimento
Terra machucada
Erodida
Rios soçobrando
Com seus leitos
Corrompidos...
Natureza em desalinho

Vento,
Tão necessário
Teu movimento
Já nada é como antes
Amenize o calvário
Desse global
Aquecimento.

Vento, amigo
Conto contigo
Console os amantes