quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SE....


Rudyard Kipling
(Tradução de Guilherme de Almeida)

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo em redor já perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para esses, no entanto, achares uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem re desesperares;
E não parecer bom de demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires,
De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
E dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exausto, contudo
Resta a vontade em ti, que ainda te ordenas: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes,
Entre os Reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
E se és capaz de dar segundo por segundo;
Ao minuto fatal, todo seu valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo que existe no mundo,
E – o que ainda é muito mais – és um homem, meu filho!
 
Rudyard Kipling

Contista inglês. Nasceu em Bombaim (Índia) em 30 de Dezembro de 1865 e faleceu em Londres em 18 de Janeiro de 1936. Prêmio Nobel de Literatura de 1907.

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