terça-feira, 3 de março de 2015

VER A ALMA

“As Três Graças”, obra do pintor holandês Peter Paul Rubens.

Um conceito que rola na atualidade dá conta que o principal para as pessoas é estar na moda.

Quem dita a moda são os interesses do capitalismo consumista. É um processo  muito bem arquitetado, muito bem organizado e coordenado. Há quem cuida do vestuário... Outro setor da estética dos cabelos... Outro da estética corporal... Do rosto... Dos pés... Dos que se usa para enfeitar tudo, as jóias, o ouro, os brilhantes... Os adereços em fim...

O “sistema” se utiliza dos meios de comunicação de massa para convencer, “fazer a cabeça” dos consumidores. Os shoppings Centers nada mais são do que templos que alojam os altares nos quais se reverenciam os deuses do consumo.

O mesmo se pode dizer dos grandes centros de lojas de departamentos e as praças de consumo popular, os chamados “Camelodromos”. Nada contra... Eles abrigam pessoas precisam trabalhar, precisam prover o sustento de suas famílias.

Mas, a mídia continua “fazendo as cabeças”, insistindo, martelando na idéia de comprar coisas, pois do contrário o Capitalismo não funciona!

Ela, a mídia, tem o dom de influir nos sentidos naturais da pessoa. Ela modifica o sabor, o cheiro, o tato, a audição e a visão. Os sentidos só têm valor quando direcionado para o consumo. É o novo perfume, a nova textura, o novo som, o novo gosto, o novo ponto de vista. Tudo imediato, rápido, “fast”, pois sabem os seus provedores que se a pessoa pensar um pouco ela não embarca naquela proposta de compra ou venda.

As pessoas de se desumanizam... Tornam-se escravas... E compram até o desnecessário (apenas porque está na moda, é novidade).

As pessoas, assim desumanizadas, passam a não enxergar, ver para além da materialidade. Não pensam, não têm cultura, não questionam. Só sentem, só vêem o que é imediato. A mulher precisa estar muito bem produzida, seu corpo esguio, as pernas torneadas, os peitos para cima, as nádegas empinadas (com forte risco de alterar o eixo de equilíbrio da coluna e comprometê-la, como também comprometer as articulações dos joelhos). Com a palavra os professores de Educação Física.

As mulheres se esquecem que o que realmente as diviniza são os seus mistérios, que a moda insiste em revelar antes do tempo. Na ilustração acima a reprodução do quadro “As Três Graças”, do pintor renascentista Peter Paul Rubens (1577-1540), no qual as mulheres são retratadas de acordo com o imaginário do pintor e do ideário humanista da época. Nada tem a ver com os critérios estéticos de hoje. São pontos de vista diferentes. Vale considerar que as mulheres tempo de Rubens não tinham a liberdade que as de hoje conquistaram. Mas eram vistas não com olhos capitalistas e consumistas nem alvo do massacre da mídia.

Os pontos de vista (sobre todos os temas) mudam de tempos em tempos. Mas se as pessoas conseguissem ver para além do imediatismo, da materialidade, novas formas de beleza seriam descobertas e valorizadas.

Concluímos com o comentário e orientação de Carlos Drummond de Andrade: “É aconselhável freqüentar assiduamente as praias, para se habituar às imperfeições do corpo humano, que formam a perfeição relativa”.

O que interessa, mesmo é a alma humana, morada dos sentimentos mais sublimes. A essência pode se confundir com perfumes e outros que tais...


Imagem: Google

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