quinta-feira, 22 de outubro de 2015

CONHECER O PRÓPRIO ROSTO


Algumas coisas não nos são permitidas fazer. Exemplos clássicos:

...Morder o rabo... Aliás, quem pensa que não temos rabo está redondamente enganado, pois temos rabo sim , ainda que um pedaço insignificante que nos foi herdado pela evolução biológica.

...Passar a nossa língua em nosso cotovelo... Impossível... Graças a Deus, visto que encostamos e apoiamos nosso cotovelo e cada lugar, que, se é nojento a olho nu, imaginem no microscópio.

...Limpar nossos ouvidos também com a nossa própria língua... Urgh! Asco? Sim coisa feia, horrível... Aquela cera... É melhor nem pensar no assunto...

Outras coisas nós, também, não conseguimos: ver a nossa nuca, a nossas costas, as nossas nádegas, a não ser pelo espelho... Mas quem diria, o espelho pode ser de má qualidade e nos dar uma visão falsa daquilo que desejamos enxergar...

Também não conhecemos nossos rosto, nossos olhos, nosso nariz, nosso queixo, nosso sorriso.  Em algumas circunstâncias podemos conhecer nossa língua (ou parte dela, quando perdemos os dentes) e os nossos,dentes, claro, quando retirados e colocados em nossa frente.

Resalvamos o espelho. Ele nos permite ver o que naturalmente não conseguimos, mas com a condição que ele não nos revela totalmente a verdade, primeiro pela sua qualidade precária que pode ser precária e, depois, vale a pena lembrar, a nossa mente, a nossa condição psicológica, emocional e de expectativa, também falsearão a nossa visão... Isto é, corremos o risco de vermos o que desejamos ou o que não desejamos e não a realidade que o espelho está mostrando.

Uma ilação rápida a respeito do nosso rosto. Jamais o conheceremos... Pode ser que na vida após a morte isso aconteça... Mas ninguém voltou de lá para dizer alguma coisa a respeito. Para conhecermos o nosso rosto, para além do espelho, será preciso, sairmos de nós mesmos. Isso é uma utopia, e fica transferido para o campo da filosofia, da religiosidade, da espiritualidade.

Uma pequena lição, um com solo. Se não conhecemos totalmente o nosso rosto, os nossos olhos, o nosso sorriso, também não somos donos integralmente deles, apenas os administramos; deles devemos cuidar, pois parte da propriedade deles pertence às pessoas de nosso relacionamento. Elas, sim, os conhecem... Se bem que elas têm lá suas condicionantes às quais nos referimos acima.

Entretanto, o nosso rosto é a nossa vitrine. Se bem cuidado... Se nossos olhos brilharem, se nosso sorriso for verdadeiro e franco, muita coisa boa poderá acontecer em nossa vida. Um rosto sisudo, tenso, mal cuidado, sorriso trancado tem o efeito contrário. Afasta as pessoas, deixando-nos na temível e terrível solidão.

Se nossas impossibilidades podem nos entristecer, fica a alegria de termos gente ao nosso redor fazendo-nos felizes...



Imagem: Google

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