terça-feira, 20 de outubro de 2015

QUANTIDADE, INTENSIDADE E QUALIDADE


Nestes tempos em que a velocidade é o grande denominador comum de todas as atividades humanas, vale um pouco a necessária parada para uma pequena reflexão sobre a quantidade, a intensidade  a qualidade (em relação a tudo o que fazemos).

Um dos grandes paradigmas atuais é a volatilidade... Tudo se acaba, tudo muda num piscar de olhos. Tudo rapidamente se transforma... Praticamente dormimos num mundo e acordamos em outro, sem sair de casa. Tudo é volátil... Infeliz daquele que não se apercebeu dessa realidade.

...E nem estamos falando da tecnologia da informação. Volátil também pode rimar com banal. Tudo é feito para não durar, não continuar... Nada de perenidade.

Nesse sentido as relações humanas são as que mais sofrem... A rede de relacionamentos, o “networking”, tão decantados há pouco tempo, já não são mais a primazia, a menina dos olhos daqueles que desejam se inserir no mercado de trabalho, ou ampliar o número de seus amigos.

Um amigo conquistado hoje amanhã poderá estar longe, muito longe, no outro lado do mundo, apenas preocupado com as novas paisagens e perspectivas. Com os “amores” a mesma coisa... Com os empregos... E por falar nisso, a lógica capitalista do emprego é mais ou menos esta: assemelha-se a uma viagem de avião antigo e sem manutenção... Começamos a viagem como passageiros e terminamos como sobreviventes. Pois é: somos empregados de manhã, sobreviventes à tarde. Até os banhos, hoje precisam ser rápidos, econômicos...

Tudo passa, tudo é passageiro, menos o cobrador e o motorista, companheiros da mesma viagem rumo ao nada.

E nesse panorama veloz, furioso, volátil, banal, o que é mais importante, a qualidade ou a intensidade?

Se pensarmos em humanidade, em humanismo, em seres humanos, pretensamente “superiores” dotados de alma, coração, sentimento, religiosidade, a melhor opção é a intensidade com qualidade. Quantidade é perda de tempo...

As relações humanas não devem perder sua essência, que se resume no olho no olho, na sinceridade, da verdade, no abraço, no acolhimento, no ombro amigo, na escuta, na partilha do tempo... Coisas aparentemente arcaicas... Não, não são arcaicas... São valores humanos que estão acima  de qualquer banalidade. Precisam ser intensas, mas com qualidade.

Está certo que todos os valores humanos precisam ser repensados atualmente, mas jamais colocados no balaio da banalização. E uma forma de evitar essa banalização é qualificá-los, intensificá-los e não quantificá-los.

Assim, nada de conversa fiada, enrolação, sem conteúdo... O que vale são palavras ditas com sentimento, com carinho, no sentido da construção, da valorização da pessoa, sem focar no “eu”, que é fonte de egoísmo.

Não há tempo a perder...  O amor verdadeiro, que não morre, esse sim, tem pressa.



Imagem: Google

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