segunda-feira, 21 de março de 2016

JOGO DE CENA


Uma frase que se tornou jargão popular, mas que nos confronta cotidianamente: “Arte imita a vida... A vida imita a arte”. No fundo é praticamente a mesma coisa.

A arte é uma forma de comunicação, muitas vezes não verbal. E o grande trunfo, ou o mistério, ou a capacidade do artista é a leitura da vida, dos sentimentos, dos dramas, das tristezas, das alegrias, das esperanças, das frustrações das pessoas. No teatro a arte representa, mas toca fundo o íntimo de cada um, pois muitas vezes os expectadores se vêm representados no palco. “Parece que é comigo!

Coisas de artistas para os amantes da arte... Entretanto, artistas somos todos nós. E essa confrontação entre realidade e sonho, verdade e inverdade, o ser e o não ser. Por que isso?

Porque a todo instante somos instados  a ser verdadeiros ou não, sem que isso signifique sermos falsos. Não somos instados pratica da falsidade, mas, sim, fazermos “um jogo de cena”, isto é, representarmos um papel, justamente para não provocarmos a mágoa, a frustração, a humilhação de alguém. É muito mais uma situação de prudência.

O “jogo de cena” é um dos componentes da arte de representar... Outros podem chamá-la de “misancene

Um exemplo bem característico dessa situação é o ensinamento do Professor Mário Sergio Cartela, quando diz que “...O nosso conhecimento deve ser para encantar as pessoas e não para humilhá-las”. Assim, em determinados ambientes é a humildade que deve falar mais alto. O conhecimento deve estar sempre aliado à humildade e ser “acionado” apenas quando necessário ou quando uma situação exigir.

Fazemos “jogo de cena” sempre, por humildade, por educação, por necessidade, por proteção à vida, nossa ou de terceiros, por prudência, para evitar constrangimentos.

Há quem diga que concordar com o interlocutor é uma boa maneira de terminar uma conversar desagradável. É um “jogo de cena” prudente, pois  não é agradável e saudável uma conversa desagradável. Por terminar em discussão e briga, deixando de ser “diálogo’.

Isso são algumas situações que ilustram o nosso cotidiano. Sim, no cotidiano a arte de representar, como dissemos é uma arte, arte da sobrevivência, a arte de cultivar bons relacionamentos.

Porém existem os grandes jogos de cena... Todos nós ficamos pasmados, embasbacados com as revelações de escutas telefônicas envolvendo autoridades e pessoas públicas. Quantos jogos de cena! O triste é imaginar que o que foi divulgado é apenas um pequenino grão de areia na imensa praia dos bastidores dos poderes: político, econômico, jurídico e das pessoas que têm nas mãos os destinos de uma nação inteira.

Pobre República!



Imagem: Google

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