segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A IDEOLOGIA DO DESTAQUE ÚNICO


Um pouco de polêmica. Como estamos vivendo o capitalismo pleno (ainda que não tão pleno assim, pois esse sistema está dando mostras de esgotamento), tudo que acontece nesse contexto parece normal. É a eterna questão do paradigma: quem nele está não o percebe.

E o capitalismo tem muitos defeitos. Ele não é democrático... Ele não está isento de preconceitos... Ele não está livre das desigualdades. O capitalismo é o sistema que privilegia (de maneira justa) os mais capazes, porém dificulta de mais as oportunidades para os menos aquinhoados pela sorte. Para “ser” no capitalismo, antes de tudo precisa-se “ter”. Quem não tem, principalmente dinheiro, para o capitalismo não “existe” como pessoa. É uma verdade doída (ou doida), mas é uma verdade.

E uma das maneiras do sistema mascarar suas mazelas é fazendo festa com alguém da classe humilde que se destaca. É uma espécie de ideologia do destaque único. Há uma grande maldade embutida nisso.

Um exemplo: alguém oriundo de uma comunidade pobre, excluída, que tem talento é elevado à glória, pois aprendeu a dançar e, de repente, está como primeiro bailarino de uma grande companhia de dança, das melhores do mundo. O sistema capitalista, através do seu braço da comunicação, a mídia televisiva, divulga o fato, fazendo estardalhaço e impondo a ideia que se aquele  conseguiu todos poderiam conseguir. A oportunidade existe, mas todos são “incapazes” e merecem continuar onde estão.

É dupla injustiça: para aquele que teve méritos e conseguiu, e para os demais “taxados” veladamente de incompetentes.

E exemplos dessa natureza têm muitos. Na dança, na música, no esporte, enfim, em todas as categorias da arte. O capitalismo oferece para a elite as melhores oportunidades e para os humildes algumas oportunidades, justamente para consolidar esse status quo. Dos humildes poucos galgarão os degraus do sucesso e da glória, a menos a que isso interesse ao sistema.

A negativa é peremptória, imediata. O sistema conta com o apoio dos piores cegos, exatamente aqueles que não querem ver. E daqueles que se contentam, ou são cooptados pela massificação da mídia, com as migalhas fornecidas... Nesse contexto entram as “bolsas”, com as quais  se podem comprar equipamentos do tipo “celulares modernos”, TVs, produtos da linha branca, financiados a longo prazo...

Na verdade, a sociedade deveria oferecer ao povo iguais oportunidades de acesso aos bens de consumo pelos seus próprios meios, como trabalho digno, educação de qualidade, formação de mão de obra qualificada, acesso às universidades em condições de igualdade para todos.

Os fracassos de estudantes pobres nas universidades, no campo profissional e em outros ramos da atividade humana, são evidências de que o sistema capitalista está funcionamento muito bem para os seus mantenedores: os membros da elite dominante.



Imagem: Google

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