Conta-se
que Clara de Assis, estava, numa certa tarde, muito triste. Suas companheiras,
preocupadas. Aproximaram-se dela e a indagaram sobre a razão do abatimento.
Disse ela:
- Estou com saudade de Francisco!
Imediatamente,
antes do cair da tarde os companheiros de Clara foram ter com os irmãos de
Francisco que, sabendo do interesse de Clara, conversaram com ele e acertaram
um jantar, ainda para aquela noite, no convento onde os rapazes moravam.
E assim
aconteceu. Antes, durante e depois do jantar Francisco e Clara conversaram
animada e intensamente. Mas algo diferente ocorreu naqueles momentos...
De
repente, todas as atenções da cidade de Assis se voltaram para a região onde
ficava a casa de Francisco. Um fogaréu muito forte parecia emergir daquele
bosque, preocupando toda a população que acorreu para o local. Ao chegar, nada
viram, senão os jovens que conversavam singelamente.
Não sei
se essa historia é verdadeira, mas acho ser esse o sentido de uma amizade intensa e sincera:
Deus dela participa e por isso ela emociona!
Foi o
que aconteceu com aqueles amigos...
Final
do ano letivo, sala vazia. Lá fora o burburinho da vida que seguia seu rumo
natural. A porta aberta parecia uma moldura de um quadro sem paisagem. No fundo
apenas o escuro da noite.
Mergulhado
nos afazeres ele não se dava conta no que aconteceria nos momentos que se
seguiram. De repente ela apareceu à porta e ele a percebeu estática, apenas
olhando para o interior da sala, mas numa posição que indicava a intenção de
seguir em frente. Surpreso pelo inesperado da cena, disse ele:
- Pode entrar... A casa é sua!
E ela
entrou. Iniciou-se um diálogo que não durou muito, mas digno dos encontros dos
Santos de Assis (Clara e Francisco), tal a intensidade da relação de amizade
que ali se instalou.
Falaram
das perdas que a vida impõe, do passado, do futuro, da solidão de amigos, do
rompimento dos círculos que amarram as pessoas ao cotidiano.
Choraram.
Choraram lágrimas contidas, envergonhadas, mas sinceras, revelando pureza de
sentimento, honestidade de propósitos.
Não
houve culpas nem culpados... Nem despedidas, e sim a convicção de que marcas
indeléveis ficaram para sempre em suas almas.
Por
isso é preciso estar atento às pequenas coisas, aos detalhes, que somando
formam um grande painel, o painel da vida, que longa para quem sofre, é curta
demais para vivenciar a felicidade.
Vale
mais a qualidade do tempo que se está ou vive feliz que a quantidade do tempo
em que se busca essa felicidade aleatoriamente, pois as ausências são
inexoráveis, os encontros jamais se repetirão. As vidas jamais serão as mesmas.
Aquela
porta continua emoldurando um quadro jamais preenchido. O fundo escuro
contrasta com vazio da sala.
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