Remexendo
em guardados me dei conta de uma música sertaneja antiga, a qual foi tocada
muito poucas vezes no rádio, nunca na televisão, mas que remete à infância de
qualquer menino. A música se chama “Cavalinho de pau” e foi gravada pela dupla
Belmonte e Amarai que hoje já não existe mais. (Na internet estão letra e
música).
A
letra, um tanto lamuriosa, estilo de pouca aceitação hoje em dia, trata do
brinquedo que principalmente os meninos faziam, ou ainda fazem, de simular a
montaria de um cavalo utilizando-se de um cabo de vassoura, ou um bambu, ou
algo semelhante.
Este
brinquedo cria uma fantasia no menino remetendo-o ao mundo dos adultos, do
trabalho, do manejo do gado, das viagens, dos desfiles de cavalaria, das
cavalgadas enfim.
A fantasia
é questionável. Porém, ela é muito útil no sentido de gerar sonhos, projetos de
vida e vontade de viver. Nesse sentido a fantasia é necessária. Quem não sonha,
quem não cria expectativas, quem não partilha suas esperanças, torna-se fechado
em seu próprio mundo, introvertido, e de difícil convivência. Em outras
palavras, um chato. Falta sentido para sua vida.
A
citação desse assunto é não é saudosismo. É sim uma tentativa de refletir um
pouco sobre as formas das crianças brincarem atualmente. Até que ponto as
crianças estão livremente criando suas fantasias, seus sonhos? Estão vivendo
seus mundos, seus relacionamentos de acordo com as suas idades? Será que não
está havendo um excesso de interferência dos adultos no mundo infantil? As
crianças não estão sendo sobrecarregadas de compromissos, justamente para que
elas não tenham tempo para pensar por elas mesmas?
Os
tempos são outros. As realidades diferentes... Estamos no pós-moderno, na era
da comunicação. O equilíbrio se faz necessário.
A
quadra final da musica, o homem “já feito” lamenta a infância que não teve:
Ao ver o garoto
brincar sossegado
Alegre montado em seu
cavalinho
Eu homem já feito
ainda guardo no peito
Saudade da infância
soluço baixinho
Talvez
tenhamos que pensar nesse aspecto do que as crianças vivenciarão no futuro: a
saudade da infância que não tiveram.
Não
exatamente brincar de cavalinho de pau, mas ser livre para criar naturalmente
os seus brinquedos, montar seus mundos, seus diálogos, suas fantasias...
E isso
fará muita falta, com certeza...
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