O
adolescente questionador vivia aperreando sua mãe que o ensinara à ir à igreja
desde sua tenra idade. Queria saber, na prática, como era aquele céu de que
tanto ouvira falar. E pelo que havia entendido, o céu era um lugar monótono,
modorrento, onde os anjos tocavam harpas, a música era aquela suave e sem graça
e todos viviam flutuando, como se fosse um espetáculo de balé, cuja música era
lenta, tão lenta de dar sono. Isso não podia ser verdade: ralar uma vida
inteira e viver a eternidade toda nesse marasmo?
Sua
mãe, já não agüentando mais tanto “enchimento (...)” e sem saber a resposta
certa, recorreu ao chefe da igreja. Este sugeriu que o levasse a um orfanato e
lá fizesse um estágio, mesmo que fosse de poucas horas.
E assim
ela fez. Com muita dificuldade, sem revelar o real motivo, levou-o para a tal
orfanato. Ficou lá o dia todo, até almoçou com as crianças. Quando o dia
terminou, voltando para a casa, a mãe foi logo perguntando:
- Como foi o seu dia, filho? Ele respondeu,
com a chatice de sempre:
- Nem sei. No começo fiz uma brincadeira com
um menino e outros pirralhos se agarraram em mim e eu tive que inventar muitas outras
brincadeiras. Fiz todas as bagunças que a gente faz na escola para “cabular” as
aulas que a gente não gosta. Olhando por esse lado eles se divertiram muito. Eu
é estou um “caco”, quero mais tomar um banho e comer alguma coisa. Faz um
lanche pra mim!
Na
verdade, como bom adolescente, ele nada entendeu. Aos poucos sua mãe, orientada
pelo chefe da igreja, foi tentando explicar que o conceito de céu deixou de ser
físico e passou para o contexto de presença ou ausência de gestos de bondade
(em última análise, presença ou ausência do Deus da crença de cada um).
O
garoto rebelde e questionador viveu esse céu quando fez as crianças do orfanato
felizes, com o simples dom que ele tinha, o de fazer a “bagunça”, plena de
alegria, inerente à sua idade.
Ele foi
útil, importante, e tornou aquele dia especial (e talvez inesquecível) para as
crianças do orfanato.
Os
teólogos (de todas as vertentes religiosas) dizem que Deus é imanente, pois
está presente em tudo. Então...
Céu é
sinônimo de felicidade... Que o digam as pessoas que amam e são amadas! Céu é
sinônimo de alegria... Que respondam as crianças do orfanato! Céu é viver a
bondade, a amizade, o ombro amigo, o acolhimento. Céu é gratidão... Céu é celebração,
especialmente das pequenas conquistas do cotidiano.
Deus
está vendo!
Imagem:
Google
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