Situações
imprevisíveis...
Os
seres humanos pré-históricos, em suas cavernas, quando percebiam a ação da
natureza, especialmente as tempestades, ficavam estupefatos e nada
compreendiam, pois sua cultura de então não possibilitava o conhecimento
necessário para a leitura do que estava acontecendo.
Os
terremotos, os maremotos, os raios, os incêndios, as doenças, as mortes
prematuras, entre tantos outros acontecimentos não compreendidos pela razão
humana eram transferidos para o plano sobrenatural... Com isso nasceu a
religiosidade primitiva e o misticismo.
Nascia,
então, o conceito da ira dos deuses, as superstições e as religiões mais radicais.
A ira dos deuses era amenizada, na crença deles, pelos sacrifícios de animais e
humanos.
Com as transformações
civilizatórias essas práticas não mais existem...
O
Cristianismo, por exemplo, humanizou a religiosidade e transformou esse
conceito de sacrifício (que era muito usado no Antigo Testamento)... Hoje a
Eucaristia é a memória do sacrifício que tudo resgatou, a crucifixão de Jesus
Cristo.
Entretanto,
a humanidade não perdeu suas origens, seus aspectos arcaicos e primitivos,
arraigados nas profundezas do inconsciente, mas não adormecidos.
Por
isso, ainda somos surpreendidos com situações que não compreendemos, que não
conhecemos e que, por isso, não aceitamos ou por elas entramos em pânico, pois
o chão sob nossos pés desaparece, some e as reações psicossomáticas são
instantâneas: sudorese nas mãos, palpitações devido a descarga de adrenalina,
perda momentânea da orientação... Não sabemos o quê fazer... Perdemos o
controle da situação... Ficamos revoltados ou desejamos fugir (síndrome da
avestruz).
Como
nossos irmãos primitivos, passado o estresse inicial, lançamos mãos da religiosidade
e pedimos socorro aos deuses... Os milagres realmente acontecem, mas na maioria
dos casos, como na pré-história, a ciência explica o raio que incendiou aquela
árvore, agora também explica muitos dos acontecimentos que a não conhecemos ou
não compreendemos.
As
crianças e os idosos são quem mais sofrem com essas situações inexplicáveis, incompreendidas...
As crianças têm alternativas, pois podem recorrer aos pais, aos professores,
aos irmãos mais velhos, aos adultos enfim...
Já os idosos perdem, por razões próprias, totalmente o seu “chão”, se
desorientam em o pânico acontece. E sofrem, muitas vezes calados, recolhem-se e
deixam rolar as lágrimas.
Vamos
olhar com olhos de compreensão as situações imprevisíveis... Elas são como
pontos de vista, isto é, diferentes para cada pessoa, especialmente para as
crianças, para os idosos e para aqueles que não tiveram a felicidade de
aprofundar os seus estudos.
Antes
de tudo o “ser humano” e sua dignidade.
Imagem:
Google (www.psicologosberrini.com.br)
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