sábado, 7 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA, CONSTRUTOR DE PAZ


Querido Madiba,

Lembro-me de Bertolt Brecht

“Há homens que lutam um dia e são bons; há outros que lutam um ano e são melhores; há os lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam uma vida inteira e estes são imprescindíveis”.

Esta frase de Brecht parece que foi feita inspirada em você. È o seu jeito, a sua maneira de ser. É a melhor maneira de encontrei para homenageá-lo.

Hoje, Mandiba, apesar de você ter passado para o plano divino, o mundo se rende ao seu carisma, e está a seus pés. Você cumpriu a sua missão, lutou a vida inteira, por isso você foi “imprescindível”. E já está fazendo falta...

Sua jovialidade, sua simpatia, a paz que você irradia... Tudo isso está estampado em seu rosto sorridente. Não há como negar...

Você é a síntese da luta, dos sonhos e da realidade de um povo, que sofreu na carne o peso da dominação, da exploração, da humilhação.

Mandiba, a perseguição a você começou cedo. Já na escola acrescentaram-lhe mais um nome, Nelson (inglês) porque o que você trazia, Rolihlahla, era feio e difícil de ser pronunciado pelos professores ingleses. O nome? Pouco importa.... Nome não molda o caráter...

Fizeram de tudo para colocar você fora de combate. Prisão perpétua impuseram-lhe, apenas por ter lutado pelo seu povo... Mas nunca, jamais, esteve ausente, mesmo confinado por 27 anos. O clamor do povo, o eco do mundo, numa só voz, o libertou. E você continuou a luta, até a vitoria final. Onde já se viu uma minoria branca fazer tanto estrago numa sociedade predominantemente negra? Só mesmo uma civilização egoísta, egocêntrica, racista, como a branca, dita “evoluída”, pode fazer...

Você, Mandiba... Você, Tata... Você, Khulu, Você, Nelson.... O último grande e carismático líder do mundo moderno, modelo de conciliação, de liderança, de temperança, capaz de, ao sair da prisão, depois de tanto tempo, doente, esquecer a maldade e continuar a luta, sem revanchismo, sem mágoas, pois acima de tudo, está o seu povo, carente de sua presença física, carente de sorriso, de sua paz. Quem prega a paz, não pode falar em vingança. Que exemplo para a humanidade, para os políticos, para os homens responsáveis pela condução de povos pelas veredas da história.

O apartheid foi um dos maiores crimes coletivos cometidos na história da humanidade. Essa história precisa ser conhecida para não ser repetida. Você, Mandiba, ao longo dos seus 95 anos, viveu intensamente esta longa e esquecida tragédia... Viu o seu povo segregado, vilipendiado, confinado, morrendo aos poucos. A cada tragédia você e seus amigos, Walter Sizulu, Oliver Tambo, Desmond Tutu, ficavam mais fortes. O mundo lhe deu as costas e foi preciso o Massacre de Soweto para que acordasse. Aí você ganhou parceiros, mas você, mesmo preso, já estava na estrada há muito tempo. Você é um construtor de paz.

Você nunca foi santo. Teve, sim, seus tropeços... Porém, esses tropeços nunca apagarão o que você fez pelo seu povo.

Querido, Mandiba, jamais você será esquecido. Você está impregnado na pele, na mente e no coração do seu povo, que ao invés de chorar, dança nas ruas. O seu povo tem a certeza absoluta que você continuará vivo. Seu rosto alegre será, como sempre foi, o símbolo que orientará a sua caminhada.

Querido Mandiba, não chorarei sua morte. Você não morreu. Você mudou de plano... Juntar-me-ei ao seu povo que, dançando e cantando, querem lhe dizer: vá em paz e ser acolhido pelos braços amorosos do Criador.


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