quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

“O BEM NÃO FAZ BARULHO...”


Uma pequena história:

O mestre e seu discípulo caminhavam por uma estrada. De repente o discípulo segura o mestre pelo o braço e fala:
- mestre, este vindo uma carroça...
O mestre:
- sim está vindo uma carroça e ela está vazia...
Ficaram à margem da estrada e quando a carroça passou o  discípulo, admirado, comentou:
- Mestre como sabia que a carroça estava vazia?
O mestre:
- Pelo barulho.  Carroça cheia não faz barulho.
Assim também são as pessoas...
(Autor desconhecido)

Agora, os fatos...

A Diretoria de Recursos Humanos recebeu um novo dirigente, jovem, idealista, cheio de vontade. Logo tratou de implantar as mudanças que julgava necessárias para que sua equipe trabalhasse em sintonia com os seus ideais e propostas.

Logo apareceram os prós e os contras. Aqueles que entusiasmaram com as suas idéias e aqueles mais reticentes, “pés no chão”. Entre estes havia aqueles totalmente avessos às mudanças, do tipo “em time que está ganhando não se mexe” e aqueles realmente conscientes de que mudar é preciso, mas com os devidos cuidados.

Era preciso fazer alguma coisa. O mundo tecnológico em mudança constante reclamava uma evolução da equipe no sentido do aprimoramento.

Os entusiastas “puxa-sacos”, aqueles analistas logo se apressaram em apresentar sugestões, primeiro para ficarem bem na fita com o novo chefe, e depois se tornarem os salvadores da pátria com suas idéias sendo as vencedoras. E assim aconteceu.

Ele, o nosso personagem, estava lotado numa área tido como a prima pobre do departamento, uma área cujas atribuições eram mais voltadas à execução,  prática, do que um ser pensante. Porém, como ocupava uma função de liderança, estava por dever de oficio, sempre em contato com a área estratégica e conhecia muito bem quem era quem: os que realmente lhe davam atenção e os de nariz empinado que não viam ninguém à sua frente, a não ser não os seus superiores.  Difícil convivência.

E surgiu a grande novidade. Virá da capital um consultor que dará um curso intensivo de atualização estratégica das práticas de RH, curso esse que abrangerá todo o final de semana, a começar pela sexta-feira, avançando noite adentro. Ele foi convocado.

No inicio dos trabalhos, gente ouriçada, cada um querendo se aparecer mais que o outro. Sorrisos falsos, plumas de pavão e unhas camufladas. Seguiram-se aquelas dinâmicas chatas para aquecimento e socialização. Parecia que o Butantã havia sido transferido para lá. Muitas discussões, só discussões.

Já pela metade do sábado o consultor  estava em pânico, em razão da improdutividade. O nosso personagem até que tentava dar seus pitacos, mas nem cócegas fazia, pois “nada” representava naquele ambiente.

Foi então que o professor resolveu passar a régua, zerar os trabalhos e começar tudo de novo, com uma nova estratégia, tentativa desesperada de salvar o curso e fazer jus à “grana” que iria receber.

Começou  por dar voz aos que pouco tinham falado até então. Virou-se para o nosso amigo e comentou: “...tenho percebido que você nada tem falado. E quando o fez, fez com conteúdo. Você é muito observador. Quero ouvi-lo...” Encabulado e não acostumado a situações como essas, fez as suas colocações, as quais só o professor ouviu e gostou.

Novas dinâmicas. Que chatice! Aí nosso amigo foi instado a montar um quadro utilizando as pessoas presentes e que indicasse a sua visão do Departamento. Fez uma cruz, significando o “sofrimento”. Mas como toda situação de cruz é seguida de ressurreição, rapidamente foi transformada em flexa direcionada a um objetivo representado por uma pessoa que foi destacada do grupo. Foi um sucesso. Seguiram-se cumprimentos, alguns abraços e tapinhas nas costas. Nosso personagem, então, ganhou visibilidade.

Chuva de verão...

Resumo final. O curso foi um fracasso. As pessoas continuaram as mesmas e o Departamento sofrendo. O jovem diretor foi embora. Veio, outro,  e outro, até que um ditador chegou e chutou o balde. Muitos foram demitidos, inclusive o nosso personagem. O Butantã voltou para o seu lugar. Mas o ninho ficou... Alguns espécimes também!

Assim é a vida: “O bem não faz barulho e o barulho não faz bem”.








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