segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

DIALOGANDO COM AS ESTRELAS


Contemplar as estrelas é algo estranho hoje em dia. A geração jovem parece totalmente alheia a esse tipo de assunto. As luzes das cidades não nos permitem ver as estrelas. Elas ofuscam a nossa visão do universo, que passa a ser assunto para alguns poucos curiosos e cientistas malucos.

Mas elas, as estrelas, continuam lá, brilhando, impressionando, causando curiosidade e desafiando o entendimento humano. De fato, compreendê-las é mesmo coisas de malucos.

Entretanto, elas ainda chamam a atenção desses poucos...

Aqueles que são românticos e sonhadores têm nelas as fontes de inspiração para as declarações de amor à moda antiga. Os filósofos buscam nelas as raízes, os começos ou os “fins últimos”.

As estrelas e o universo infindo ao olho humano, pode permitir ao observador comum inúmeras ilações à respeito da vida, seus objetivos, seus inícios, suas finalidades, seu fim.

A estrofe final da música “Indagação”, do Pe. Zezinho, diz:

“Se tu não fazes perguntas
Como pretendes saber?
Como pretendes saber?
Por que é preciso saber que se vem?
Por que é preciso saber que se vai?
Por que se parte buscando as origens?
Por que se volta buscando o futuro?”

Sim, é possível dialogar com as estrelas, não só para buscar inspirações românticas. É possível, a partir delas, imaginar o tamanho e a potência de Deus que tudo originou e tudo organizou. Isso não é um chute ou uma opinião aleatória, é a própria ciência que confessa: os cientistas têm um limite para a compreensão dos fenômenos físicos, astronômicos, químicos e biológicos. A partir desse limite eles mesmos remetem à crença religiosa de cada um.

O diálogo com as estrelas, longe de ser coisa de “maluco”, é fascinante, pois envolvem todos os esforços feitos até aqui para a compreensão do universo. Os satélites, as viagens à lua, a exploração dos planetas, os artefatos que já deixaram o sistema solar, os observatórios terrestres e espaciais. Estes, fornecendo milhões de fotos das profundezas do universo, auscultando os seus limites. São imagens de impressionante beleza e seriedade, tornado madura a preocupação humana e sua reflexão, sobre a razão de sua existência, sua organização e suas finalidades.

Ainda que pareçam inúteis tais reflexões... Ainda que as luzes da modernidade ofusquem as nossas visões... Ainda que na varredura do universo não seja possível ver Deus... Ainda que permaneçamos “um minúsculo ponto azul” na imensidão astronômica... O universo é lindo, como as estrelas que  pacientemente nos observam, nos escutam e nos oferecem “algumas” respostas.

Ah! Sim... Deus existe...

Imagem: Google


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

ESQUECENDO DEUS


Não, não é uma pregação. Apenas umas considerações a respeito. Quase não dá para competir e muito menos combater a velocidade dos tempos atuais. É uma realidade irreversível... Então, resta a adaptação e, na medida do possível, manter a essência dos valores humanos.

Uma das grandes preocupações das pessoas maduras e conscientes deve ser a não banalização de aspectos importantes da pessoa humana, como a própria vida, os valores espirituais, a cultura, a sabedoria, a religiosidade.

Caminhamos para um mundo banal. As pessoas estão perdendo a capacidade da perplexidade. Não há tempo para preocupações com essas coisas. A violência, a destruição da natureza, o consumismo, a busca do lucro fácil (com produtos a base de materiais que causam prejuízo à saúde), a pedofilia, o sexo fácil, o desamor, a corrupção, a política de carreira, a amizade por interesse. Tudo isso e muito mais, considerados como banais, comuns, inerentes ao mundo atual, causam espanto às pessoas com um mínimo de senso de humanismo e humanidade.

Um desses aspectos, que aparentemente não tem importância alguma, é a negligência da religiosidade e da divindade. Muitas pessoas continuam religiosas, mas buscam uma religião do imediatismo, dos favores, dos milagres, como se fossem balcão de negócios. Esquecem a essência.

Outras tantas deixam isso para um plano secundário ou terciário... Ou dela nem se dá conta. O resultado é a valorização, por exemplo, do consumismo, bem a gosto do capitalismo selvagem. É a busca de algum conforto para o espírito, para a sua essência. Mas o que é material jamais cumprirá esse papel. O espírito continuará vazio e necessitado da divindade. Ou de valores que vão de encontro às coisas mais elevadas. De fato, é muito difícil compreender isso, principalmente quem está no grupo de risco da banalidade.

Para quem pode, as clínicas de aconselhamento e terapia individual ou de grupo estão cheias. Para esses profissionais não interessa que as pessoas se liguem à religião ou à religiosidade, pois perderão seus clientes.

Para os que não podem, resta o refúgio na banalidade: shoppings, baladas, vícios, sons altos, consumo enfim.

Em ambos os casos, as pessoas estão se esquecendo de Deus. Deus como sinônimo de valores humanos, de relacionamentos saudáveis, das belas paisagens naturais, dos sorrisos das crianças, do abraço acolhedor, da luta pelo bem comum...

Esquece-se de Deus quem deixa de fazer suas orações, de frequentar o templo, de agradecer os dons da vida, da sabedoria, da saúde, da maturidade, de acolher. È preciso acordar para essa realidade: Deus é necessário, querendo ou não. O equilíbrio pessoal, familiar e social, a paz, enfim, que o digam.

Não à banalização!



Imagem: Google

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SUCESSO OU VALOR... OU O CONTRÁRIO?



Frases atribuídas a Albert Einstein:

“O único lugar que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário

”Não tente se tornar uma pessoa de sucesso, mas antes uma pessoa de valor”.

Valem algumas considerações. Ambas as frases remetem ao sentido de que o sucesso pessoal e profissional devem ser o fim último da vida humana. Parece injusto. Mas é uma grande verdade.

As pessoas de sucesso ou que atingiram a realização de seus sonhos só os conseguiram após muita luta, planejamento, recuos, quase desistências, mudanças de rumos, revisão de vida e de processos, choros e “ranger de dentes”, mas muita tenacidade e força de vontade.

As pessoas que se arrogam para si o sucesso imediato são chatas, metidas, convencidas, autoritárias e, com certeza, as biografias de pessoas assim provam isso, são corroídas por baixo e logo caem em desgraça e condenadas ao ostracismo (esquecimento). O sucesso até pode chegar, mas logo se desmancha no ar e desaparece como que por encanto.

Trabalho, muito trabalho, disciplina, organização e, como dissemos, tenacidade e força de vontade. Entretanto, Einstein se refere a mais uma condição: o “valor”. E, então, o que é uma pessoa de valor? Não é o valor monetário. Alguns acham que todo ser humano tem seu preço. Ledo engano. Quem pensa assim já está chafurdado na lama da corrupção e é execrável.

Uma pessoa de valor está dotada de humanismo e humanidade. São aspectos que tornam a pessoa diferenciada. Confirmando o que já escrevemos neste espaço, humanismo ”é forma de pensar valorizando o homem e suas potencialidades. Ele está nos fundamentos de muitas correntes filosóficas que foram engendradas depois do Renascimento Cultural até a atualidade. O homem continua sendo um mistério em todos os sentidos, causando espanto ao próprio homem, o que sem dúvida o remete ao Deus de suas crenças

Já humanidade “é o humanismo levado aos sentimentos. Reconhecendo-se como centro das coisas, os seus mistérios, desafios, fragilidades, vulnerabilidades, o próprio homem, mercê dos seus valores, percebe que solitário nada é. Percebe, ainda, que é preciso ‘juntar-se’, fazer e viver comunitariamente. Assim, o sentimento de humanidade favorece o reconhecimento da importância do outro, seu parceiro de caminhada”.

Isto é, valores humanos, que levam ao respeito, ao acolhimento, à amizade, ao ombro amigo, ao olho no olho, com verdade e sinceridade. Valores que são conseguidos na família, na escola levada a sério, na religiosidade.

Pessoas boas, que lutam, trabalham... Sim, chegam ao sucesso perene.

Para encerrar uma reflexão de Dale Carnegie


Imagens: Google

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

BEBER ÁGUA COMO SE ESTIVESSE NO DESERTO


Imaginar uma situação dramática: caminhar no deserto por algumas horas à procura de água e de repente encontrá-la... Como vamos tomá-la? Com que ansiedade? Com que concentração? Assim é beber água no deserto em plena necessidade... Com certeza o prazer é muito grande.

Essa situação pode nos trazer ensinamentos para a vida cotidiana.

Hoje temos muita pressa e intensa ansiedade em resolver coisas, pois o dia tem apenas 24 horas para tantas atividades, inclusive dormir e descansar um número de horas suficientes para a recuperação do organismo. Reclamamos muito, especialmente dessa falta de tempo.

Porém, algumas coisas são irreversíveis. Por exemplo, os dias vão continuar tendo “apenas” 24 horas e as noites de sono continuarão sendo de pelo menos 6 horas. Sobrarão 18 horas que precisarão ser administradas de forma adequadas para que a vida possa valer a pena.

O que isso tem a ver com o deserto? A princípio nada. Entretanto, pensando bem, se não soubermos administrar o nosso tempo, a nossa vida se transformará num inferno ou numa bagunça total, com desorientação a tal ponto que se assemelhará a um deserto. Deserto, sinônimo de sede.

Portanto, para que a nossa vida ganhe sentido, é preciso que a gente viva nossos momentos como se bebe água no deserto: com ansiedade, mas com concentração, como se o momento fosse único. Assim é que deve ser... Viver nossos momentos como se fossem os únicos. Sem pressa.

O tempo, sim, continuará passando rápido. E no final das contas (ou da vida) a sensação que ficará é que nada foi feito, uma forte saudade apertará o peito e a sensação de vazio virá.

A vida só tem sentido com a convivência, com o acolhimento do outro, com a solidariedade, com o “olho no olho”,com os sonhos sonhados juntos. Nenhum ser humano é uma ilha. Dependemos do outro desde a concepção até a morte.

As redes sociais são ambíguas. Permitem os relacionamentos à distância, mas prejudicam as relações próximas. Por isso não é difícil percebermos famílias reunidas, mas cada um com o seu aparelho nas mãos dialogando com pessoas distantes (nada de errado nisso!). Acontece que no diálogo próximo reina o silêncio. O silêncio do deserto.

Assim, ainda é tempo de rever a nossa maneira de viver e conviver. Todos temos sede de atenção, de calor humano, de gente por perto. De acolhimento. Tudo isso é saudável.,, E necessário.

Viver intensamente, com qualidade, paz, equilíbrio, alegria é como beber água no deserto.


Imagem: Google

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

NÃO HÁ CONCLUSÕES, MAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos trabalhos acadêmicos praticamente já não se usa mais a expressão “conclusões”, mas “Considerações finais”. As razões são muito simples: se percebe hoje em dia que nada é definitivo na vida, a não ser a morte. Isto para uma pessoa, mas a vida continua e continuará para todos os demais. Afirmar essas coisas parece “chover no molhado”.

Sim, mas tem tudo a ver com nossas “considerações”. Na vida a única coisa que não muda é a mudança. Isto é, o mundo está em constante mudança, em constante evolução. Até involução, quando se trata de fundamentalismos exacerbados e ortodoxos.

Tudo muda. Assim, um estudo acadêmico, aquele que acontece no âmbito da universidade e fora dele,  tem suas conclusões para “aquele” exato momento, nada indicando que vá perdurar por muito tempo. Logo, logo, dada as mudanças que ocorrem céleres, tais proposições conclusivas poderão cair por terra. Permanecendo, elas, como referência de um tempo, uma marca, um parâmetro ou um paradigma.

Assim, é mais plausível, tratar as conclusões de um trabalho de estudo ou pesquisa como “considerações finais”, dado que foi o que pôde se deduzir desse estudo naquele momento, permitindo ou dando abertura para que a pesquisa ou o estudo continue, adaptando-se às novas realidades do tempo.

Muito professores, mais atentos a tais necessidades procuram preparar seus alunos para essa modalidade de trabalho fazendo-os familiarizados com as nomenclaturas do trabalho acadêmico, suas funções, seus significados.

A preparação do aluno para a execução do trabalho acadêmico é uma atividade “transversal”, isto é, inerente a todas as disciplinas. Já na Universidade esse aluno vai se defrontar com trabalhos (em todas as disciplinas) que necessariamente vão ter que estar de acordo com as normas específicas do “trabalho acadêmico”.

Já no termino do curso universitário vem o fantasma do TCC, que é o trabalho acadêmico por excelência e vale o diploma, a profissão que escolheu, enfim, o passo decisivo para a realização pessoal e profissional. Quantos alunos não conseguem concluir o TCC e praticamente morrem na praia? Com certeza, uma das causas foi o não treinamento nos ciclos de estudos anteriores, a começar mais intensamente no Ensino Médio.

Muitos outros professores do Ensino Médio não se preocupam com isso. É um pecado, pois não cria no aluno a consciência, a atenção e o foco em algo que será fundamental para sua vida: a abertura para a mudança, para a evolução, para o crescimento. Nada conclusivo, mas tudo deve ser “considerado”.

A discussão é longa... As controvérsias intermináveis.




Imagem: Google

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

"O NÚMERO DO MEU SAPATO"


Algo emblemático é a questão do número do sapato. Não existe algo pior do que sapatos inadequados nos pés. Se apertados, até o cérebro sofre.  Impossível pensar, raciocinar, fazer valer a razão. O foco da vida muda para os pés. Não vemos a hora de tirá-los, jogá-los longe e colocar os pés para cima, quando não num “escalda-pés”.

Quando os sapatos são grandes e os pés ficam soltos dentro deles, o problema passa ser a insegurança. Vem o medo de tropeçar e mesmo dos sapatos escapulirem dos pés (que vergonha!). Hoje se fabricam sapatos com o bicos levantados. Talvez sejam para evitar os tropeços.

E aqueles quem têm os pés pequenos, tipo 36,5? Os sapatos números 36 apertam e os de número 37 são grandes. A esperança é encontrar os 36 com forma grande ou os 37 com forma pequena. É um sufoco. O jeito é quando encontrar o número correto comprar mais de um par.

O número do sapato é muito mais simbólico do que possa parecer. O número ideal de calçados é sinônimo de equilíbrio e vale para a vida como um todo. Sim, tudo na vida precisa ser com base no equilíbrio. Nem mais nem menos.

Os prazeres precisam ser na dose certa. Assim o consumo, a alimentação, os limites, as liberdades, o egoísmo... Assim, também, a maneira de ver o amor, a pessoa amada. O amor verdadeiro exige renúncias, na dose certa. Nada de exigências que vão além da felicidade do outro.

Por falar nisso, a grande verdade é que para um relacionamento a dois dar certo, com certeza vale o equilíbrio e a consciência que um vai ser feliz quando constrói a felicidade do outro.

Quando alguém diz que a pessoa amada é o número do seu sapato é porque nesse relacionamento um preenche os vazios do outro; um compreende a essência do outro e sabe, de fato, que a felicidade do outro está em suas mãos.

Tudo que é demais é demasia... Nada de exigências absurdas... Exigências que minam a relação como a ferrugem e a maresia corroem o ferro. Como este se desmancha, os relacionamentos também  acabam. E muitos não se dão conta da verdadeira razão desse fracasso. Simplesmente alguém exigiu demais do outro... Não dá para suportar, como não dá para suportar uma longa caminhada com sapatos sufocando os dedos dos pés.

Os sapatos e as roupas devem gerar conforto para as pessoas para que elas possam ver o lado bom da vida. Esta precisa ser vivida em equilíbrio e harmonia para que gere paz, segurança e a certeza de que a felicidade é apenas uma consequência do ato de viver. Assim no amor, nas amizades, nos negócios, nos gestos, nos hábitos e costumes.

Agora, quando o amor de nossa vida é mesmo o número do nosso sapato, aí, então, é tudo de bom... Ai, ai! Que felicidzde!



Imagem: Google

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

UM CAFÉ COM LEITE... QUENTE OU FRIO?


Um diálogo para ilustrar nosso comentário:

- Por que você toma café quente com leite frio?
- Tomo assim porque eu gosto... E você, toma café quente com leite quente, por quê?
- Bem, espere um pouco... Vamos conversar. Como estão as coisas? Seu trabalho? Sua saúde? Como vai a família? A saúde das crianças?

O primeiro já há via completado o seu café e engolia seu último pedaço de pão, enquanto respondia as perguntas de seu amigo. Este sorvia lentamente o café com leite quente e, de vez em quando, até mergulhava o pedaço de pão na xícara antes de levá-lo à boca.

Terminado o o diálogo, o amigo lhe disse. "É por isso que eu tomo café com leite quente: a gente não precisa ter pressa, toma devagar, saboreia o café e o pão e ainda pode ter uma boa conversa. Não é bom assim?"

O primeiro respondeu: você parece doido!

Quem é mais “doido”, aquele que tomou café às pressas e nem sentiu o gosto ou aquele que lentamente foi sorvendo e absorvendo o café, sentido o prazer de um desjejum gostoso e necessário?

Claro que tudo depende do momento e do ponto de vista. E também dos gostos. Mas é um exemplo do que acontece na vida. Hoje há tanta correria que parece que o mundo vai acabar amanhã e muita coisa ainda precisa ser feito. Quando na verdade estamos sendo dragados pela velocidade do tempo e não conseguimos mais parar para desfrutar da vida, das coisas boas que ela oferece e, principalmente, estreitar os laços que nos mantém na nossa rede de relacionamentos. Perdemos oportunidades.

Uma verdade é irrefutável: o tempo passa muito depressa... As ocupações e preocupações são muitas... As exigências também... E ainda a questão da insegurança, da violência, das drogas. A vigilância tem de ser constante.

Mas, outra verdade também é importante: a vida não é feita apenas de preocupações. Ela proporciona momentos maravilhosos que só são percebidos por olhos atentos e por situações em que a pressa e a correia não estejam presentes. Como um bom café da manhã (ou da tarde) entre amigos.

Pode, sim, se tomar café com leite frio, mas sem pressa. Vale pensar nisso.



Imagem: Google

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

TAXIONOMIA

 (Lineu, o homem da Taxionomia)

(Ou “taxinomia”... Ou “taxonomia”...)

É a parte da ciência que cuida da classificação dos seres vivos e das coisas em geral, incluindo-se aí o próprio ser humano.

A preocupação humana em classificar animais e coisas vem desde a filosofia primitiva, na Grécia, especialmente com Aristóteles.

Já Bíblia, no livro do Gênese, Capítulo II, versículo 20, havia tal preocupação: “...Assim o homem deu nomes a todos os rebanhos domésticos, às aves do céu e a todos os animais selvagens...”

Mas foi com Lineu, biólogo, médico e zoólogo sueco, que surgiu a Taxionomia dos seres vivos, isto é a classificação deles por espécie, dando origem a Taxionomia moderna, tal qual conhecemos hoje.

Foi a partir do trabalho de Lineu, no Século XVII, e seguindo o seu modelo que os cientistas continuaram a classificação de todas as espécies animais e vegetais que foram conhecidas desde então.

A taxionomia é um termo específico das ciências e da filosofia. E muito particularmente pela Biologia, principalmente com a obra de Lineu. A grande verdade, porém, é que conhecê-la, pelo menos em parte, ajuda a pessoa a compreender uma série de fatores e realidades em sua vida.

Não só os animais, os vegetais, os peixes, as estrelas, precisam ser classificadas, como já foram classificadas, os materiais, as coisas de uso cotidiano também precisam ser classificadas e organizadas.

As empresas, as instituições, organizações e a própria casa, se não forem estruturadas e organizadas não levarão a lugar algum. As empresas logo entrarão em falência, as instituições não atingirão seus objetivos, as organizações deixaram de existir, pois se afogarão na própria bagunça. Os lares serão um caos e muitas oportunidades serão perdidas.

É necessário classificar e hierarquizar, principalmente, os valores humanos. Estes devem estar sempre no topo da pirâmide. Sabendo disso, a sociedade jamais aceitaria o jogo de interesses políticos que não priorizam os valores humanos. Jamais aceitaria o marketing com interesses específicos (de empresas, de governos, de grupos políticos).

A taxionomia fornece um norte, uma luz, uma orientação, classificando as coisas, os documentos, definindo-as conforme sua hierarquia de importância. A vida ganha mais sentido, pois as pessoas terão mais tempo para buscar os valores que dão sentido, qualidade, como a cultura, a arte, a espiritualidade.

Pois é sempre necessário colocar as coisas no seu devido lugar.



Imagem: Google

domingo, 8 de janeiro de 2017

SER SANTO


A santificação parece ser algo relativo às pessoas ligadas em religião, aos membros das igrejas, aos clérigos e não a povo comum. Não, não é verdade. A santificação tem sua conotação social, isto é, reflete na sociedade e “a” sociedade. A santificação é um processo que vai além.

Originalmente, a santificação significa “separação”. Isto é, Deus separa os seus eleitos, os seus escolhidos. Pois ser santo já é viver, aqui na terra, a experiência de “céu”. É já estar no céu. Com o tempo isso mudou. Hoje, a santificação é um longo processo de aperfeiçoamento, de renúncias, de radicalização, não fanatização. Não é possível ser declarado santo na terra, uma vê que, dada a vulnerabilidade humana, sempre é possível cometer erros, pecados e cair em tentação. Então, deixa de ser santo.

Para as religiões históricas e sérias, e especialmente a Católica, há um método rígido para declarar uma pessoa santa. É um processo que só tem inicio após o falecimento da pessoa. A Igreja Católica só conclui que a pessoa é santa após a realização de pelo menos um milagre em cada etapa do processo. Por isso uma canonização pode levar anos, décadas e até séculos.

Mas o santificar-se, como foi dito, é um processo de aperfeiçoamento do ser humano. E é isso que nos interessa no momento. O aperfeiçoamento, que, repetindo, envolve renúncias, radicalização, além da doação para o outro, acolhimento, serviço, tudo isso feito naturalmente, com humildade, sem falsidade e interesse específico. O santo é humilde. A humildade é algo estranho, pois quando reconhecemos que a temos já a perdemos.

Por isso a radicalização. Quem se doa ao serviço do outro, que se projeta no outro, quem renuncia à sua própria vida, heroicamente, está no caminho da santidade. Renunciar à vida é radicalização. Porém para ser santo, ou santificar-se, não precisa tanto. Basta abraçar fortemente a vocação que assumiu. Não anular-se.

A santificação envolve três aspectos importantes: o vertical, que a relação pessoal com Deus, que gera uma mística, através da oração, da meditação, da reflexão, da frequência ao templo, participação nos cultos. Neste aspecto há um influxo de graças que vem do alto, mas que não deve morrer na pessoa em si. Deve ser projetada horizontalmente nas pessoas próximas.

O segundo aspecto é justamente a horizontalidade. A santidade se manifesta no serviço ao outro, o que os gregos definiram e os católicos colocaram em prática: a diaconia. ´É a prática da caridade, o amor  ágape por excelência.

O terceiro aspecto é a transversalidade A santidade não se restringe aos religiosos, a grupos específicos. Ela se aplica e pode estar presente em todos os ramos da atividade humana.

Quem aderiu à vida religiosa deve dedicar-se à ela de corpo e alma. Quem aderiu à vida de casado, a mesma coisa. Entre casados não há competição, Nenhum dos dois é melhor que o outro e, sim, parceiros de caminhada. É possível ser um marido santo, uma esposa santa, um advogado santo, um juiz santo, um policial santo, um professor santo. Como? Abraçando a vocação de corpo e alma, sendo acolhedor, praticando renúncias, sendo humilde.

Os esposos, os profissionais liberais, os técnicos, qualquer um, com maturidade, faz questão de dar dignidade aos seus parceiros, aos seus clientes, aos seus patrões. O caminho são os gestos simples.

Assim, não é preciso temer a santidade. Quem deseja ser santo pode até morrer por uma causa. É um herói. Basta ser maduro, ter consciência e amar.
  


Imagem: Google

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

"PÃO E CIRCO" MODERNOS... NO BRASIL



Estamos no terceiro dia do ano. Na imprensa a repercussão da posse dos prefeitos e vereadores eleitos em 2016. No foco a crise e a constatação de que a grande maioria das prefeituras está com os cofres vazios, salários e 13ºs não pagos, bem como fornecedores e prestadores de serviço. Culpa da crise que vem atingindo do país. Será que é só da crise?

Não vamos comentar isso... Já tem muita gente cuidando disso. Gostaríamos de tentar o velho foco da educação política.

No ano novo renovam-se as esperanças e as mensagens dão conta de que tudo vai melhorar. Assim são os votos, os desejos, o protocolo. Porém, nada vai mudar, porque a estrutura da sociedade não vai mudar. Principalmente a classe política.

A classe política está tão contaminada pela prática do enriquecimento pessoal, que de nada adiantam as pressões sociais para mudança, para o fim da corrupção. Eles continuam fazendo as mesmas coisas de antes. Às favas os interesses do bem comum. Mas é para isso que a classe política serve: para defender o bem comum, isto é de todos, da sociedade como um todo.

A classe política nasce do povo... Portanto, é a partir do povo que a mudança tem de acontecer. E sem educação, educação completa, inclusiva, holística, humanística, sem esquecer as exigências da modernidade, nada vai acontecer.

Pensamos numa educação política, com ênfase dos direitos e deveres humanos, no bem comum, a partir da condição de que a sociedade precede, isto é, vem antes da classe política e de todos os poderes constituídos. Essa ideia é fundamental para se restabelecer o equilíbrio nas relações sociais, sem exclusividade para as elites econômica, social e política. Os poderes est à serviço da sociedade e não o contrário.

Vivemos, no Brasil, um mundo de mentiras. A inflação é uma mentira, pois a realidade das gôndolas dos supermercados não é a mesma oficialmente divulgada. Nos discursos políticos são visíveis (e risíveis) as mentiras descaradas e deslavadas. A grande mídia se não mentem, falseiam as notícias para que a verdade (se é que ela existe) não chegue às camadas populares. É o mesmo critério utilizado pelos imperadores romanos no ocaso do império, quando ofereciam às massas populares desempregadas e perambulantes, comida e circo para distraí-las, enquanto os desmandos e a corrupção corriam soltos nos palácios e no senado.

Na atualidade o “pão” está simbolizado nas “bolsas” que o governo federal distribui para a população carente. O “circo” está por conta da grande mídia, que funciona como luz que atrai a atenção do povo, enquanto os poderes constituídos deitam e rolam.

As bolsas são necessárias num determinado momento. Mas eleas devem ser acompanhas de medidas, possibilidades e oportunidades para que os  beneficiários delas se utilizem nesse determinado tempo e cresçam social e economicamente. É no ingresso desse contingente no mercado de trabalho e do consumo que reside a verdadeira esperança de salvação da sociedade brasileira. Educação transformadora.

Pouca gente se dá conta disso. E quem percebe não tem os canais adequados para a se manifestar.

Tudo vai melhorar, sim, se a educação mudar já. E isso não está acontecendo... Então...



Imagem: Google

domingo, 1 de janeiro de 2017

PEDRINA, MAIS QUE UMA PEQUENA PEDRA, UMA GUERREIRA


(Um depoimento de José Gonçalves dos Santos)

No dia 22 de Dezembro de 2016 deixou este mundo D. Pedrina Gonçalves Santos (completaria 85 anos em Fevereiro), minha mãe, após uma enfermidade degenerativa, chamada “Demência Senil”, internada com pneumonia, contra a qual não pôde reagir devido, provavelmente, a sua debilidade.

Mais que a dor da perda, mais que a dor da saudade, mais que a dor das circunstâncias de se lidar com os procedimentos do desenlace de uma pessoa querida, o reconhecimento de uma vida longa de uma mulher do tipo mignon, com a fortaleza de um gigante. Gerou onze filhos, nascidos em partos normais. Um deles faleceu ainda em tenra idade. Todos os dez, entre os quais uma única mulher, estavam entrelaçados em torno dela logo após a missa de corpo presente. Sempre foi assim: os filhos por perto, em eventos como aniversários, confraternizações de finais de ano (Meu pai sempre fez questão de comemorar o aniversário de seu casamento)... A maioria sempre esteve presente.

D. Pedrina, nome pouco comum, de origem rural, veio para a cidade, já casada e com alguns filhos, não sei bem quantos, tinha educação formal. Lia e escrevia pouco. Gostava de revistas com fotos coloridas, admirando as moças e rapazes bem vestidos e prestava bem atenção nos penteados. Por um tempo passou a gostar de ouvir basquete no rádio. Dizia que era um esporte movimentado e rápido, especialmente quando estava em quadra a Seleção Brasileira de Ubiratan, Vlamir, Nilo Pedro Yves, Guerrinha e outros.

Foi um tempo bom, quando em casa não tínhamos televisão. À noite meu pai ouvia “Moraes Sarmento” e de dia eu e ela acompanhávamos as novelas da Rádio Aparecida. Foi nesse tempo que conhecemos a vida e a obra de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador dos Redentoristas. Não perdíamos o programa “Marreta na Bigorna”, comentários doutrinários do Pe. Rubens Lemes Galvão. Foi um mulher antenada (do seu jeito).

Visionária, sem a real intenção de sê-lo, jamais interferiu nas escolhas educacionais e profissionais de seus filhos, embora soubesse da importância do estudo e da formação profissional. Tinha orgulho daqueles que fizeram, por exemplo, o SENAI. Assim, seus filhos tiveram formações diferentes: Professor de História, Professor de Geografia, Bacharel em Administração e Professor de inglês, outro que embora não tenha feito a universidade, construiu sua vida em trabalhos burocráticos, mas falando inglês fluente. Também teve mecânico de automóvel, marceneiro e especialista em Qualidade Empresarial, Mecânico de Manutenção Industrial e Padre Missionário, um dos seus orgulhos poucas vezes manifestado. Portanto, todos os filhos “arrumados” na vida.

Interessante: não ia nunca se deitar enquanto o último filho não chegasse da rua. E eu particularmente, quando estudava à noite, era ela quem ia me acordar para “dormir na cama”. Estava, literalmente, “babando” sobre os livros”.

Ótima piloto de fogão, especialmente nos pudins de leite condensado. Ah! O frango caipira, a macarronada, a quirerinha, o arroz doce, o doce de abóbora. Há muito que falar sobre ela. Não há espaço. Os irmãos estão colocando nas redes sociais outras informações sobre esta “joia” rara.

Sim, porque Pedrina significa pequena pedra, uma joia, uma joia rara... Tudo combina com minha mãe. Pequena, forte, teimosa, não chata. Com alguns defeitos. Portanto não era perfeita. Mas se fazia respeitar.

Seus últimos dias foram sofridos, comoventes. Com o seu sofrimento deixou a forte lição da paciência, do cuidado, da solidariedade, do esforço para a leitura corporal, únicas maneiras para compreender o outro, especialmente quando esse “outro” é nada mais nada menos que a nossa mãe, idosa, demente senil, que dia pós dia vai perdendo seus movimentos, sua comunicação verbal, sua capacidade até de se alimentar.

Apesar da fragilização constante e crescente, lutou muito pela vida. Deus a chamou para o repouso eterno e merecido.



Imagem: da família.