domingo, 8 de janeiro de 2017

SER SANTO


A santificação parece ser algo relativo às pessoas ligadas em religião, aos membros das igrejas, aos clérigos e não a povo comum. Não, não é verdade. A santificação tem sua conotação social, isto é, reflete na sociedade e “a” sociedade. A santificação é um processo que vai além.

Originalmente, a santificação significa “separação”. Isto é, Deus separa os seus eleitos, os seus escolhidos. Pois ser santo já é viver, aqui na terra, a experiência de “céu”. É já estar no céu. Com o tempo isso mudou. Hoje, a santificação é um longo processo de aperfeiçoamento, de renúncias, de radicalização, não fanatização. Não é possível ser declarado santo na terra, uma vê que, dada a vulnerabilidade humana, sempre é possível cometer erros, pecados e cair em tentação. Então, deixa de ser santo.

Para as religiões históricas e sérias, e especialmente a Católica, há um método rígido para declarar uma pessoa santa. É um processo que só tem inicio após o falecimento da pessoa. A Igreja Católica só conclui que a pessoa é santa após a realização de pelo menos um milagre em cada etapa do processo. Por isso uma canonização pode levar anos, décadas e até séculos.

Mas o santificar-se, como foi dito, é um processo de aperfeiçoamento do ser humano. E é isso que nos interessa no momento. O aperfeiçoamento, que, repetindo, envolve renúncias, radicalização, além da doação para o outro, acolhimento, serviço, tudo isso feito naturalmente, com humildade, sem falsidade e interesse específico. O santo é humilde. A humildade é algo estranho, pois quando reconhecemos que a temos já a perdemos.

Por isso a radicalização. Quem se doa ao serviço do outro, que se projeta no outro, quem renuncia à sua própria vida, heroicamente, está no caminho da santidade. Renunciar à vida é radicalização. Porém para ser santo, ou santificar-se, não precisa tanto. Basta abraçar fortemente a vocação que assumiu. Não anular-se.

A santificação envolve três aspectos importantes: o vertical, que a relação pessoal com Deus, que gera uma mística, através da oração, da meditação, da reflexão, da frequência ao templo, participação nos cultos. Neste aspecto há um influxo de graças que vem do alto, mas que não deve morrer na pessoa em si. Deve ser projetada horizontalmente nas pessoas próximas.

O segundo aspecto é justamente a horizontalidade. A santidade se manifesta no serviço ao outro, o que os gregos definiram e os católicos colocaram em prática: a diaconia. ´É a prática da caridade, o amor  ágape por excelência.

O terceiro aspecto é a transversalidade A santidade não se restringe aos religiosos, a grupos específicos. Ela se aplica e pode estar presente em todos os ramos da atividade humana.

Quem aderiu à vida religiosa deve dedicar-se à ela de corpo e alma. Quem aderiu à vida de casado, a mesma coisa. Entre casados não há competição, Nenhum dos dois é melhor que o outro e, sim, parceiros de caminhada. É possível ser um marido santo, uma esposa santa, um advogado santo, um juiz santo, um policial santo, um professor santo. Como? Abraçando a vocação de corpo e alma, sendo acolhedor, praticando renúncias, sendo humilde.

Os esposos, os profissionais liberais, os técnicos, qualquer um, com maturidade, faz questão de dar dignidade aos seus parceiros, aos seus clientes, aos seus patrões. O caminho são os gestos simples.

Assim, não é preciso temer a santidade. Quem deseja ser santo pode até morrer por uma causa. É um herói. Basta ser maduro, ter consciência e amar.
  


Imagem: Google

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