Um
pouco de polêmica. Como estamos vivendo o capitalismo pleno (ainda que não tão
pleno assim, pois esse sistema está dando mostras de esgotamento), tudo que
acontece nesse contexto parece normal. É a eterna questão do paradigma: quem
nele está não o percebe.
E o
capitalismo tem muitos defeitos. Ele não é democrático... Ele não está isento
de preconceitos... Ele não está livre das desigualdades. O capitalismo é o sistema
que privilegia (de maneira justa) os mais capazes, porém dificulta de mais as
oportunidades para os menos aquinhoados pela sorte. Para “ser” no capitalismo, antes
de tudo precisa-se “ter”. Quem não tem, principalmente dinheiro, para o capitalismo
não “existe” como pessoa. É uma verdade doída (ou doida), mas é uma verdade.
E uma
das maneiras do sistema mascarar suas mazelas é fazendo festa com alguém da
classe humilde que se destaca. É uma espécie de ideologia do destaque único. Há
uma grande maldade embutida nisso.
Um
exemplo: alguém oriundo de uma comunidade pobre, excluída, que tem talento é elevado
à glória, pois aprendeu a dançar e, de repente, está como primeiro bailarino de
uma grande companhia de dança, das melhores do mundo. O sistema capitalista,
através do seu braço da comunicação, a mídia televisiva, divulga o fato,
fazendo estardalhaço e impondo a ideia que se aquele conseguiu todos poderiam conseguir. A
oportunidade existe, mas todos são “incapazes” e merecem continuar onde estão.
É dupla
injustiça: para aquele que teve méritos e conseguiu, e para os demais “taxados”
veladamente de incompetentes.
E
exemplos dessa natureza têm muitos. Na dança, na música, no esporte, enfim, em
todas as categorias da arte. O capitalismo oferece para a elite as melhores
oportunidades e para os humildes algumas oportunidades, justamente para
consolidar esse status quo. Dos humildes poucos galgarão os degraus do sucesso
e da glória, a menos a que isso interesse ao sistema.
A negativa
é peremptória, imediata. O sistema conta com o apoio dos piores cegos,
exatamente aqueles que não querem ver. E daqueles que se contentam, ou são cooptados
pela massificação da mídia, com as migalhas fornecidas... Nesse contexto entram
as “bolsas”, com as quais se podem
comprar equipamentos do tipo “celulares modernos”, TVs, produtos da linha
branca, financiados a longo prazo...
Na
verdade, a sociedade deveria oferecer ao povo iguais oportunidades de acesso
aos bens de consumo pelos seus próprios meios, como trabalho digno, educação de
qualidade, formação de mão de obra qualificada, acesso às universidades em
condições de igualdade para todos.
Os
fracassos de estudantes pobres nas universidades, no campo profissional e em
outros ramos da atividade humana, são evidências de que o sistema capitalista
está funcionamento muito bem para os seus mantenedores: os membros da elite
dominante.
Imagem:
Google
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