domingo, 23 de fevereiro de 2014

CAVALINHO DE PAU



Remexendo em guardados me dei conta de uma música sertaneja antiga, a qual foi tocada muito poucas vezes no rádio, nunca na televisão, mas que remete à infância de qualquer menino. A música se chama “Cavalinho de pau” e foi gravada pela dupla Belmonte e Amarai que hoje já não existe mais. (Na internet estão letra e música).

A letra, um tanto lamuriosa, estilo de pouca aceitação hoje em dia, trata do brinquedo que principalmente os meninos faziam, ou ainda fazem, de simular a montaria de um cavalo utilizando-se de um cabo de vassoura, ou um bambu, ou algo semelhante.

Este brinquedo cria uma fantasia no menino remetendo-o ao mundo dos adultos, do trabalho, do manejo do gado, das viagens, dos desfiles de cavalaria, das cavalgadas enfim.

A fantasia é questionável. Porém, ela é muito útil no sentido de gerar sonhos, projetos de vida e vontade de viver. Nesse sentido a fantasia é necessária. Quem não sonha, quem não cria expectativas, quem não partilha suas esperanças, torna-se fechado em seu próprio mundo, introvertido, e de difícil convivência. Em outras palavras, um chato. Falta sentido para sua vida.

A citação desse assunto é não é saudosismo. É sim uma tentativa de refletir um pouco sobre as formas das crianças brincarem atualmente. Até que ponto as crianças estão livremente criando suas fantasias, seus sonhos? Estão vivendo seus mundos, seus relacionamentos de acordo com as suas idades? Será que não está havendo um excesso de interferência dos adultos no mundo infantil? As crianças não estão sendo sobrecarregadas de compromissos, justamente para que elas não tenham tempo para pensar por elas mesmas?

Os tempos são outros. As realidades diferentes... Estamos no pós-moderno, na era da comunicação. O equilíbrio se faz necessário.

A quadra final da musica, o homem “já feito” lamenta a infância que não teve:

Ao ver o garoto brincar sossegado
Alegre montado em seu cavalinho
Eu homem já feito ainda guardo no peito
Saudade da infância soluço baixinho

Talvez tenhamos que pensar nesse aspecto do que as crianças vivenciarão no futuro: a saudade da infância que não tiveram.

Não exatamente brincar de cavalinho de pau, mas ser livre para criar naturalmente os seus brinquedos, montar seus mundos, seus diálogos, suas fantasias...


E isso fará muita falta, com certeza...

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