terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

VARIAÇÕES SOBRE A BELEZA


A beleza é uma qualidade das coisas, das pessoas, que causam encantamento nos observadores. Na verdade a beleza gera um sentimento que não dá para explicar. Simplesmente se extasia diante dela.  Uns mais outros menos.

A beleza não é a mesma para todas as pessoas. Ela para sua compreensão e apropriação depende do estado de espírito de cada um; depende da sua história de vida, da sua cultura, da sua expectativa, da sua formação, de seu caráter e um sem número de condicionantes.

A beleza varia também em relação ao tempo e ao espaço. O que é belo aqui pode não ser belo ali, ou lá, perto ou longe. Depende do ângulo de visão e de quem o olha. Assim o panorama visto da ponte não é o mesmo para as pessoas que estão lá observando.

‘Um ponto de vista é só um ponto de vista. Muda-se o ponto muda-se a vista. Muda-se a vista, muda-se o ponto”. (Leonardo Boff)

Voltemos à  beleza e seus questionamentos.

O que é o belo mesmo? O que é o belo p’ra mim? P’ra você?
O que é o belo para quem é deficiente visual e jamais verá uma obra de arte?
O que é o belo para quem já está na melhor idade?
O que é o belo para quem sofreu uma grande decepção na vida?
O que é o belo para quem foi molestado, maltratado na infância, teve pai bruto, irmão mais velho violento?
O que é o belo  para quem vive no campo e nunca teve a oportunidade de assistir a apresentação de uma orquestra sinfônica ou um solo de violino?
O que é o belo para quem, ao contrário, nunca esteve no campo, não experimentou banho de cachoeira, pesca de rio, uma dança caipira, uma cachacinha artesanal?
O que é o belo para quem fez opção pelo diferente e prefere a união homossexual?
O que é o belo para quem, dependente químico, perdeu todas as suas referências e vive nas ruas, mercê da caridade humana?
O que é o belo para quem, deficiente auditivo congênito, jamais ouvirá a “Nona Sinfonia de Beethoven” ou a “Garota de Ipanema” nas vozes de Sinatra e Jobim”?
O que é o belo para quem cumpriu 30 anos de prisão em regime fechado?
O que é o belo para quem sofre de disfunção erétil irreversível?
O que é o belo para quem, celibatário, optou pela vida monástica ou de abstinência total da vida sexual ativa?
O que é o belo para quem já viu o “Bolero de Ravel”, executado por Jurandyr do Sax, ao por do sol, na Praia do Jacaré, em Cabedelo, Paraíba?
E, o que é o belo para quem, na sua simplicidade de vida, nos confins dos sertões, jamais saberá quem é Jurandyr do Sax e muito menos verá o seu espetáculo?

As respostas são imprevisíveis, humanas, válidas por si só. Respeitáveis, portanto.

Jamais entraremos no íntimo de cada um. O certo que nessa intimidade existe um cantinho especial que só a pessoa mesmo e Deus conhecem. Lá estão as respostas. Nem os maiores psiquiatras e psicólogos têm acesso. Alguém se habilita a interpretá-las?

A beleza é uma dádiva que faz apaixonar, aproximar pessoas. Mas é antes de tudo um grande quadro que emoldura a nossa vida.


Depende do ponto de vista, é claro!

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