segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

TERNURA


Hoje queremos falar de ternura, algo tão presente, tão natural, tão sensível, tão confundido, pouco ou nada reconhecido ou praticado, neste mundo tecnicista, hedonista, egoísta, veloz, banal, tecnológico.

Ternura é uma atitude,  ou atributo, ou qualidade de quem é terno, meigo, suave, carinhoso, espontâneo, simpático, empático, sem “frescura”.

Ternura é carinho que não se confunde com carícia. Carinho, filho da ternura, tem as mesmas qualidades da sua mãe... Caricia é o toque interesseiro, materialista, com intenções outras, como a sexualidade. Porém, a ternura não dispensa a carícia quando é necessário, por exemplo, o consolo de uma tristeza pela perda de uma pessoa querida por falecimento ou separação conjugal. Ou ainda quando a saudade pesa demais e gera lágrimas. A ternura com carícia é o afago das mãos, o abraço apertado, o acolhimento pelo ombro amigo. A carícia é instrumento da ternura.

Leonardo Boff, mestre no pensar e no escrever, intitulou um artigo seu como “Ternura, a seiva do amor”. Vale a pena ler. Está na internet, via Google.

Ninguém vive sozinho, ninguém é uma ilha... Há uma interdependência entre as pessoas. Umas querem ser olhadas, observadas, reconhecidas, São carentes. Outras observam, olham, reconhecem, valorizam, pensam que percebem as carências e se aproximam para ajudá-las ou para aproveitarem-se delas.  Há um risco, é preciso maturidade para reconhecer esses perigos.

As pessoas maduras, com sentimentos puros, religiosos, não radicais, são paternos, pois protegem; são ternos, pois acolhem, mas não são paternalistas, pois não infantilizam. A ternura implica em maturidade e responsabilidade, uma vez que gestos de ternura não podem ser confundidos com interesses exóticos ou eróticos. Ternura é um sentimento puramente humano.

A pessoa terna tem “quê” de timidez. Esse fator essencial para se separar aquelas que estão na linha de frente da carícia pela carícia, do elogio pelo elogio, pelo enxerimento. Pessoas assim são arrogantes, estúpidas, aproveitadoras, machistas, nada entendem de ternura no seu mais nobre sentido. Devem ser compreendidas sim, mas evitadas.

A ternura é fruto de pessoas com sensibilidade religiosa elevada, Não fanática, não infantil... Mas madura. O cristianismo pregou sempre isso: o perdão, não vingança, o cuidado com os pequenos, não os de baixa estatura, mas os excluídos, os pobres e aqueles que contrariavam a lei. É célebre o episódio de Madalena.

Vale lembrar a frase mais divulgada de Ernesto Guevara: “Hay que endurecerse, sin perder a ternura jamas”! Ele foi muito cultuado pelos jovens, tidos revolucionários. Pena que nada aconteceu. Parece apenas mote para outras rebeldias. Guevara queria uma juventude atuante. Inquieta, preocupada com a preservação da natureza e com o bem estar da humanidade, como ainda o querem Leonardo Boff,  Pe. Zezinho e outros sóbrios formadores de opinião, religiosos ou não.

A ternura nasce na alma, passa pelo coração, pela razão e se projeta mundo afora... Não é ilusão. Nela não acreditam os egoístas.



Imagem: Google

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