sábado, 17 de dezembro de 2016

A TEORIA DO CAOS E O EFEITO BORBOLETA


“A minha vida está um caos!”... É uma expressão muito comum na boca das pessoas desorganizadas e/ou atrapalhadas.

O que é o caos? Caos é desordem, bagunça, confusão, desequilíbrio, imprevisão. Caos é nada,vazio, portanto, desesperança. Em princípio, caos é algo negativo, ruim. Na verdade, em sua concepção antiga, uma situação de caos, é ma situação de vir a ser, pois é algo que está à espera de alguém com força para a reorganização, reestruturação.

Modernamente falando, mas sem aprofundamento científico de sua análise, surgiu a “Teoria do Caos”, que tem em sua essência a imprevisibilidade. Tem muita gente gostando desse tema.

Assim, a nova ‘teoria do caos” parte do princípio de que uma mudança num sistema qualquer, por menor que seja, por mais banal ou corriqueiro, vai alterar a equação que a explica e ter consequências imprevisíveis num futuro distante. Foi descrita inicialmente pelo meteorologista do MIT, Edward Lorenz, em 1963, batizando-a como “Efeito Borboleta”, dizendo que o simples bater de asas da borboleta pode causar efeito a milhares de quilômetros de distancia.

Esta teoria foi corroborada pelo matemático polonês Benoit Mandelbrot, que paralelamente desenvolveu os “fractais”, com o mesmo sentido e consequências.

A Teoria do Caos e o Efeito Borboleta explicam a imprevisibilidade dos sistemas caóticos (confusos e desorganizados, como a meteorologia) e também da vida. E os exemplos surgem aos borbotões. Uma palavra errada dita na hora errada, que gera conflitos e traumas irreversíveis... Um descuido no volante, quantas consequências!

E o caso de um noivo, que na festa de seu casamento, se descuidou e caiu sobre a taça de champanhe que segurava. Um dos cacos cortou-lhe a artéria da virilha? Morreu antes de o resgate chegar.

Um negócio mal feito. Uma atitude de desrespeito. Um mau trato ou palavras de preconceito a uma criança. Atitudes que podem parecer banais no momento, como o bater das asas de uma borboleta, mas guardam no seu bojo o potencial do caos, da desordem, do desequilíbrio, da imprevisibilidade, que vão se manifestar ao longo da vida.

Será que a Teoria do Caos, fora do campo científico pode ser evitada ou minimizada?  Difícil dizer, pela própria imprevisibilidade, mas pode nos remeter a um nível de consciência a respeito do cuidado, do amor no seu verdadeiro sentido, dos valores humanos.

São preocupações possíveis no micromundo das relações humanas e também no macro mundo das sociedades humanas, especialmente no mundo político. Por falar nisso, algumas decisões, tomadas hoje e tidas como necessárias, terão, sim, o efeito borboleta, banais no nascedouro, mas geradoras de caos no futuro.

Quem viver verá.
  


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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

"O COMPLEXO DE VIRA-LATAS"

Nelson Rodrigues

“O Complexo de Vira-Latas” foi uma expressão criada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues (foto) em sua coluna semanal “personagem da Semana” na antiga Revista “O Cruzeiro”. A origem da expressão remete ao sentimento de frustração do povo brasileiro após a derrota para o Uruguai, por 2x1, no Maracanã, na final da Copa do Mundo de 1950.

O povo brasileiro ficou muito abalado, afetando diretamente o seu complexo de inferioridade, o que Nelson Rodrigues chama de “Complexo de Vira-Latas”, lembrando a aquela raça de cachorro de rua que não tem pedigree, não tem dono, não tem destino e depende da comida que encontra nas latas de lixo que revira.

É uma afirmação ousada, mas que tudo tem a ver com a história do povo brasileiro, fruto da miscigenação, tão criticada por intelectuais nacionais e estrangeiros do inicio do século passado. Até a tentativa de se estabelecer um programa em longo prazo de “branqueamento da população brasileira”, sugerida por Arthur Gobbineau a D. Pedro II, ideia essa que o nosso imperador quase comprou.

Mas o “Complexo de Vira-Latas” não é uma simples expressão de alguém esperançoso de que o Brasil pudesse dar a volta por cima na próxima copa, no caso a de 1958, tão brilhantemente vencida pela nossa seleção. Nelson Rodrigues enxergava longe... Tanto o passado como o presente e o futuro. Sim, um profeta.

Gobineau errou em sua previsão de que em 2030 a população brasileira seria totalmente branca. Hoje a miscigenação gerou uma brasilidade racial nacional maravilhosa que está longe, muito longe de ser alterada.

Nelson Rodrigues não. Ele viu o que o complexo de inferioridade extrapola o âmbito do futebol. Esse complexo está presente hoje, em pleno sécul0 XXI. A derrota para Alemanha na copa de 2014 foi mais acachapante e vexatória e nem mexeu tanto com autoestima do brasileiro. O que esta impactando mesmo é a incapacidade de reação do povo diante das perspectivas negativas que se lhe apresentam diante da realidade social, econômica e política na atualidade.

Índices educacionais baixos... Qualidade de escrita e leitura abaixo da crítica (Que o digam os textos de MBAs)... Fluência duvidosa em inglês...

As previsões são sombrias. Desemprego aumentando... Milhões serão atirados para abaixo da linha da pobreza... Corrupção sem fim... Impunidade... Violência... Drogas lícitas e ilícitas... Consumismo Desgoverno... Deseducação... Comprometimento da saúde, da infraestrutura, do meio ambiente, inflação no supermercado altíssima e oficialmente baixíssima (puro engodo). E a população, estática, paralisada, anestesiada, desorientada... Massificada pelos meios de comunicação, que são instrumentos de dominação dos donos do poder.

É o Complexo de Vira-Latas presente... Quem está por baixo projeta-se em quem está por cima. Daí a presença dos ídolos (falsos deuses). Daí a mídia fazendo do catastrofismo um meio manipular e anestesiar ainda mais e reforçar a baixa autoestima e reforçando, sim, o “Complexo de Vira-Latas” do sofrido povo brasileiro.


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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ESQUERDA E DIREITA NÃO PRECISAM EXISTIR


É tempo de pensar diferente. Estamos nos referindo à dicotomia política entre esquerda e direita.

Uns dizem que q esquerda acabou... E faz tempo! Desde a queda do muro de Berlim, em l989. A partir de então a direita vem dominando o cenário político em todos os lugares.

O que é “direita”? E o que é ”esquerda”?

A direita congrega os partidos políticos mais conservadores. As pessoas de direita são as donas do poder, tanto do poder político quanto do poder econômico. Esta concepção surgiu na Revolução Francesa. Naquela época as pessoas que não queriam perder os privilégios vindos da monarquia, naturalmente se alinhavam à direita e formavam partidos com essa ideologia para defenderem seus interesses.

No contraponto, as pessoas que sonhavam por uma vida melhor, com mais dignidade, com mais direitos sociais, econômicos e políticos, passavam a se alinhar à esquerda. Mas foi com o Marxismo que a esquerda se politizou de fato, pois foi essa ideologia que fomentou no mundo inteiro o Socialismo, como caminho para se atingir o Comunismo, situação em que as diferenças sociais deveriam desaparecer.

Mas nada disso aconteceu. O Socialismo tornou-se vigoroso durante o Século XX, mas desapareceu com o seu fracasso na União Soviética. E como uma onda (ou tsunami) foi se desmantelando mundo a fora, desamparando das classes sociais empobrecidas que depositavam nessa ideologia fundadas esperanças de uma vida melhor.

Fenômeno recente, o Partido dos Trabalhadores, surgiu no Brasil como uma luz no fim do túnel. Adotando um discurso de esquerda, mas sem representar profundamente as ideias e os ideais da esquerda tradicional, o PT faliu na mesma velocidade como surgiu. Não co seguiu sobreviver aos encantos do poder.

Essa discussão vai longe. E a verdade é que a direita continua dominando, defendendo, é claro, os interesses dos conservadores, os donos do poder.  A desigualdade continua, o descompasso entre discurso e prática, também, deixando os excluídos cada vez mais excluídos.

A grande verdade, é que se a pregação da direita indica o desaparecimento da esquerda, porque seus representantes são iletrados, incultos e até ágrafos (não sabem escrever), a direita também deve desaparecer por sua arrogância, pedantismo, autoritarismo e desprezo pelos excluídos.

É preciso uma nova ordem, uma nova classe política, uma nova ideologia que tenha como centro de suas atenções o ser humano. Podemos chamá-la de “humanismo”, “gentismo”, “socialismo humanizado”, “capitalismo humanizado”, ou qualquer ou denominação, desde que indique a pessoa humana e a sua dignidade como centro.

Todo o processo político deve ser desconstruído e reconstruído em base humanas, não humanitárias (sinônimos de ajuda, caridade, esmola, enfim, manutenção do status quo). É possível até resgatar o socialismo cristão. Mas isso pode ser um retrocesso.

Nada de combater empresários, latifundiários e outros membros da elite conservadora. Nada, também, de achar que só essa gente sabe pensar corretamente.  Vamos buscar uma transformação, via educação, no modo de pensar e de fazer política. Acabar com a corrupção e com a política de carreira. Buscar a honestidade e a valorização humana.

Portanto, buscar a utopia e começar tudo de novo, sob a bandeira da dignidade humana. Sem os políticos da esquerda, muito menos os da direita.


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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

INDECISÃO



“Não existe ser humano mais miserável do que aquele em que a única coisa habitual é a indecisão”.
William James

São inúmeras situações em que a indecisão de uma pessoa pode impactar de forma importante e definitiva a vida da própria pessoa e de outras que fazem parte de seu relacionamento.

Situações as mais corriqueiras como o desejo de comprar uma roupa. A pessoa vai à loja, encontra o que precisa, mas indeciso deixa para depois. Quanto volta a loja, o produto já não está mais lá, pois se tratava de uma edição limitada e outras peças não voltarão mais pra serem vendidas. Resta o lamento e o choro.

Quantos e quantos negócios não acontecem... Quantas empresas perdem dinheiro, pois seus negociadores, tíbios e indecisos protelam ou procrastinam decisões...

E os vestibulares? Os concursos? As tão aguardadas dinâmicas para admissão em um emprego. A insegurança e a indecisão podem retardar a resolução das provas ou das situações-problemas e os candidatos não conseguirem entregar as respostas n0 prazo predeterminado. E as esperanças morrerem no nascedouro.

Portanto, os riscos de perdas são enormes. Juntos chegam as frustrações, as desesperanças e o pior, o aprofundamento do, problema: a incapacidade de decidir. É um círculo vicioso que pode levar à tristeza, ao isolamento,  à depressão, à morte (pois depressão mata!).

A indecisão é um estado mental de “aflição” em que as pessoas não conseguem decidir pelas opções que determinadas situações lhes oferecem. É uma incapacidade, uma fraqueza, uma situação de “branco” na hora de decidir.

São muitas as desqualificações dos  indecisos (constam nos dicionários): incapaz de decidir, falta de resolução, sem determinação, não se define, não é resoluto, é mal resolvido, é dominado pela incerteza e pela indeterminação.

Pessoas assim precisam ser orientadas, precisam de ajuda, especialmente de ajuda profissional especializada (psicologia). 
sim, há esperanças.

Antes de tudo a calma, a avaliação de todos os ângulos da situação... Depois a coragem de decidir. E a certeza de que uma decisão, certa ou errada trará sempre uma consequência, consequência essa que terá de ser assumida. Para o bem ou para o mal.. O mais importante é que a decisão foi tomada... E a indecisão vencida.



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terça-feira, 15 de novembro de 2016

DO MICRO AO MACRO, OS CAMINHOS DA VIDA


É muito difícil para uma mãe confrontar os ensinamentos de uma professora para sua filha de seis ou sete anos. As palavras da professora são extremamente fortes e praticamente imprimem marcas profundas na mente da criança e se torna muito difícil fazê-la mudar de ideia.

Esta constatação, por um lado reforça a importância de uma boa professora nos primeiros anos escolares (e nos anos subsequentes, claro!). Por outro, indica a necessidade de bons exemplos, de coerência entre o que se fala e o que se pratica, para a formação do caráter de uma criança, caráter que vai amadurecer e se manifestar na sua vida adulta.

Aliás, a vida é mestra em demonstrar que pequenos atos, pequenos exemplos, posturas simples, no nascedouro, se transformam em situações definitivas e irreversíveis no decorrer dos anos.

Mais explicitamente, a questão dos bons exemplos, da coerência são aspectos positivos. Assim também a iniciação à leitura e à religiosidade, sem imposição, mas como base para uma opção definitiva à posteriori.

Há os negativos: a permissividade, os pequenos roubos, pequenos gestos de má educação. Posturas que “parecem bonitinhas” para uma criança podem desencadear o processo de transformação para uma pessoa chata, arrogante, egocêntrica, intolerável.

E assim por diante... Pequenas injustiças, toleradas aqui e ali, darão origens às grandes injustiças.

Pequenos exemplos e facilidades de acesso às drogas lícitas podem ser a gênese de grandes, irreversíveis e inconsequentes consumidores de drogas ilícitas.

Manifestações, quase subliminares, de preconceitos incutem numa mentalidade ainda precoce inverdades terríveis sobre a diferenciação de raça, gênero, origens, classes sociais e todos os tipos de rejeição ainda latentes na nossa sociedade.

Devemos ser radicalmente intransigentes com os maus exemplos. Há que sermos definitivamente coerentes entre fé e vida. É peremptório que sejamos fiéis aos bons ensinamentos que aprendemos na infância, das professoras, dos pais, dos avós, dos amigos mais velhos.

Uma longa caminhada rumo ao sucesso começa com o primeiro passo. Assim também um belo exemplo de caráter, de responsabilidade, de acolhimento, de simpatia, de humildade, de não violência, de compromisso com o bem e com a paz.

Do contrário, um violento, um preconceituoso, um arrogante, um estúpido, um chato, um ditador, um criminoso, um centralizador, também, teve contato com situações geradoras desses comportamentos e sentimentos na infância.

Do micro ao macro, do pequeno ao grande, assim são construídos os caminhos da vida. Talvez uma questão de escolha... Definitivas são as consequências.



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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A REPÚBLICA, DO SIMPLES AO COMPLEXO


Precisamos refletir um pouco sobre a questão da “República”, palavra que herdamos dos romanos. Entre eles a expressão “res pública” significava “coisa pública” ou “assunto público”. Modernamente, República é a forma de governo em que o Chefe de Estado ou o Governante é escolhido em eleição direta pelos próprios cidadãos, de acordo com a legislação estabelecida.

O Governante recebe, pelo voto, uma delegação para governar por um período limitado, sendo reeleito por algumas vezes, também, de acordo com a legislação vigente.

Assim, em princípio, na República, o governante, recebendo uma delegação, está a serviço do povo e jamais deve pensar ou colocar o povo a seu serviço. A República pressupõe uma democracia, com divisão equitativa de poderes, com funções bem definidas: Executivo, Legislativo e Judiciário.

O poder Legislativo elabora as leis, sob demanda da população. Os legisladores, Deputados e Senadores, são, da mesma forma escolhidos pelos cidadãos. Deve, o Legislativo, estar atento às necessidades do povo, especialmente no que e refere à modernização das leis, diante da modernidade e das novas exigências da vida humana no mundo moderno.

O Executivo, em linhas gerais executa as leis, gerencia o país, protege-o das ameaças internas e externas. Cuida das obras, do orçamento, dos investimentos, do equilíbrio na economia, da saúde, da educação, do saneamento, da infraestrutura, de oferecer aos cidadãos iguais oportunidades para a realização pessoal e profissional.

O Judiciário cuida do cumprimento das leis, do estabelecido na Constituição, a Lei Maior, a Carta Magna, elaborada por representantes dos cidadãos.

Esta parece ser uma definição irrelevante, simplista e didática da República, instalada num país que não existe. Um sonho românico. E é verdade. Hoje, os homens, os políticos, complicaram tanto a República, que a descaracterizaram. A verdadeira República não existe mais. Existe, sim, um sistema de jogo de poder, em que manda que pode, obedece quem tem razão. É uma forma mascarada de ditadura.

Neste 15 de Novembro vamos comemorar a implantação da República do Brasil, em 1889. Vamos comemorar, sim, Mas a República Brasileira está tão vilipendiada que há mesmo um profundo sentimento de frustração, de incerteza e mesmo de tristeza com o que está ocorrendo no país.

Populismo à solta, incoerência entre discurso e prática, lapidação do bem público. Corrupção, descrédito para com os políticos, frustração com a justiça, incertezas com a economia, assistência social em perigo. Falência da proteção ao meio ambiente. Violência, drogas, Insegurança.

Se a República for realmente definida como a promotora e protetora do bem comum ela ainda é um sonho distante.


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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A CONSPIRAÇÃO POSITIVA


È preciso, em primeiro lugar, algumas considerações a respeito da palavra “conspiração” e suas derivações, como, porexe4mplo, “a teoria da conspiração... ou de conspiração”. Não vamos aprofundar muito no tema, pois, esse não é o nosso propósito aqui.

Conspirar é de origem latina, a partir da palavra “conspirare” e significa pensar junto, respirar junto, soprar junto. É formada pelos vocábulos con (= junto), mais spirare (= soprar, respirar).

Hoje a palavra tem um cunho essencialmente político. Conspirar é tramar, combinar, fazer planos... Tudo de maneira secreta para atingir determinados fins, como por exemplo, derrubar governos para implantar ditaduras. Pode haver conspiração para prejudicar igrejas, instituições, diretorias de empresas  publicas e privadas, e até mesmo para prejudicar pessoas.

Existe, também, o conceito das “teorias da conspiração”, que ganhou força a partir da Década de 60, especialmente após o assassinato do Presidente Americano John F. Kennedy. As investigações desse crime levaram às suspeitas de muitos grupos interessados em sua morte. A execução do crime seria apenas a ponta de um grande iceberg, até hoje não totalmente desvendado.

Com essas in formações dá para se perceber que conspirar, fazer parte de uma serta secreta, com planos específicos (claro, não revelados) não é coisa boa, ou agir para o mal. Assim, conspirar é sempre para o mal de alguém.

Entretanto, não será possível, também, conspir3ar para o bem? Juntar forças, combinar, planejar ações, não prejudiciais, mas para o bem da comunidade, da sociedade, das instituições, das pessoas? Uma conspiração positiva!

Quando alguém participa de uma corrente para praticar o altruísmo, ajudar o próximo, praticar a caridade, a solidariedade, está em última análise, participando de uma conspiração positiva. Gestos de amor... E é muito interessante o poder de multiplicação que tais gestos têm. Cria-se uma espécie de aura, de iluminação, e aquele gesto pode gerar outro, que pode gerar outro e assim por diante.

Algumas falas históricas justificam esse otimismo. Antonio Frederico Ozanam, hoje Beato, fundador da Sociedade de Sociedade de São Vicente de Paulo, escrevendo para um amigo, em 1831, afirmou categoricamente seu sonho de “abraçar o mundo numa rede de caridade”. Já no final do Século XX, João Paulo II, hoje Santo, lançou um apelo ao mundo para a a “globalização da caridade”, ao perceber que a globalização econômica inclui poucos e exclui muitos. São conspirações positivas. A Sociedade de São Vicente de Paulo é uma realidade mundial. A “globalização da caridade”, um projeto ainda em aberto. Porém, se macro mundo é um sonho0 distante, no mundo micro das relações interpessoais pode, sim, ser uma realidade papável.

Participar da corrente da conspiração positiva pode começar com um gesto simples: “Acender uma vela antes de maldizer a escuridão” e dar um passo à frente em direção do outro e considerá-lo, não um competidor, mas um companheiro de caminhada.



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domingo, 30 de outubro de 2016

EUGENIA... UM PERIGO!


Quem pensa que viu, ouviu ou viveu uma larga experiência de conhecimento, diante de novas descobertas, especialmente através da leitura e da pesquisa, acaba por compreender que ainda pouco sabe e  que, apesar do estarrecimento, é preciso conhecer ainda mais. Nunca, em momento algum, alguém pode dizer que já sabe ou conhece de tudo

É o caso da “eugenia” (ou eugenismo), que em palavras mais simples, significa a ciência que busca o aperfeiçoamento da raça humana. Foi descrita em 1865, pelo biólogo inglês Francis Galton (parente de Charles Darwin), que a definiu, de forma rebuscada, como... ”o estudo dos agentes sob controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente”. Com certeza essa teoria é uma falácia, uma mentira. Mas gerou muita polêmica e muito interesse....

Gerou polêmica e tragédias como o “Holocausto” dos Judeus na Alemanha Nazista. Os nazistas também se basearam nas ideias do francês Conde de Gobineau, ardoroso defensor da “superioridade” dos povos arianos, ideia prontamente abraçada  por Hitler e seus asseclas.

Na verdade a História da humanidade registra exemplos de impérios, nações e cidades-estados que praticavam a “eugenia”. Os espartanos fizeram isso. Eles retiravam das famílias as crianças deficidentes e as atiravam nos despenhadeiros, eliminando-as. Crueldade pura.

No Brasil o próprio D. Pedro II foi tentado a aderir ao processo de branqueamento da população brasileira, convencido que foi pelo Conde Gobineau. A proposta era impedir a miscigenação e o incentivo à imigração de europeus “puros”, pois os africanos e orientais eram inferiores e enfraqueceria cada vê mais a nação brasileira. Proposta injusta, racista, preconceituosa. Ainda bem que não prosperou.

A “eugenia” previa (ou prevê), portanto a eliminação dos incapazes, dos doentes, dos “inferiores”, através das mutilações, da esterilização, da eutanásia, do aborto legal, do impedimento da entrada dessas pessoas no país. O que está acontecendo na Europa com os imigrantes que fogem das guerras será mera coincidência?

Na atualidade evoluiu muito o respeito aos direitos humanos. Mas o ideário macabro do “eugenismo” pode estar presente em grandes corporações, nos discursos políticos e nos projetos que visam cercear, ainda que de forma mascarada, a liberdade e a dignidade humana.

O Nazismo não morreu... O preconceito contra os afrodescendentes continua latente...  Outros preconceitos contra Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais (PNEs) só são restringidos por lei ordinária, não pela lei da consciência humana, do respeito, do amor, da solidariedade.

Com os avanços tecnológicos, o desenvolvimento do Projeto Genoma, que une esforços internacionais para decifrar a constituição genética do ser humano, se por um lado é uma grande esperança para cura de doenças até agora não compreendidas, como as neurodegenerativas, tipos raros de câncer e outras que desafiam a ciência, por outro pode abrir portas para pessoas ou grupos mal-intencionados, que usariam as informações para colocar em prática seus planos eugênicos.

Em situações assim a Ética, a Moral e o Escrúpulo passam longe. Por isso a necessidade de conhecer, de perguntar, de pesquisar, de fazer leituras das entrelinhas das falas dos pseudos cientistas e dos discursos dos políticos (legisladores) e até de juízes da Suprema Corte, cooptados pela ideologia engenista.

A “eugenia” é um perigo, especialmente para as gerações futuras.



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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ENTRE O AUTORITARISMO E A PERMISSIVIDADE

Algumas considerações sobre o autoritarismo. Este é a qualidade de quem é autoritário, isto é, daquela pessoa que procura sobressair-se sobre o grupo, procurando ser o centro das atenções e da realização de suas vontades. As demais pessoas “devem” estar ao seu serviço.

Essas posturas autoritárias acontecem em nível das pessoas, das lideranças nas organizações, das lideranças política, e até das formas de estruturação organizacional das nações. A História apresenta nações inteiras submetidas aos caprichos de comandantes autoritários e narcisistas e que não sobreviveram...

Interessa-nos a questão do autoritarismo pessoal, envolvendo o cotidiano: esposos, pais, filhos, líderes religiosos, empresariais e de instituições sociais. O autoritarismo sempre impactam pessoas. Se exagerado pior.

Quantas humilhações vivenciam esposas submissas a maridos autoritários! Filhos... Subordinados... Voluntários em instituições de benemerência. Tudo que é demais é demasia.

E a permissividade? É o conceito de que tudo é permitido,in dependente da lei ou dos valores da sociedade. Há uma irresponsabilidade e rebeldia embutidas na permissividade. Especialmente nas pessoas, geralmente jovens, que se consideram outsiders. Muitos são irreverentes bobos e banais. São aqueles que abrem o escapamento dos carros e motos, ligam o som do carro em altíssimo volume e invadem as madrugadas, nas ruas nas casas e nos apartamentos fazendo essa barulheira toda, beirando ao ridículo.

Há líderes permissivos que comprometem o processo produtivo das empresas quando fecham os olhos para a negligência dos subordinados. Há pais permissivos que negam o crescimento emocional dos filhos, infantilizando-os para sempre e tornando-os sérios candidatos a autoritários e narcisistas.

Nem autoritarismo demais que castra, nem permissividade demais que infantiliza. O equilíbrio é fundamental. Na gênese do equilíbrio está a harmonia, a estabilidade, a maturidade, a solidez, inclusive a solidez de caráter.

Na essência do equilíbrio está a consciência da igualdade, por exemplo, entre direitos e deveres. Uma forte consciência política. Porém, antes de tudo a consciência de que as relações sociais e políticas, numa democracia de verdade, há a determinação de que para cada dever, para cada obrigação há uma contrapartida, um direito. O oposto é a mesma coisa, para cada direito exercido, um dever a ser cumprido.

Nada de exageros, nada de promessas infundadas... A recompensa de um esforço na escola deverá ser uma boa nota. Um castigo para uma nota baixa não deve ser a violência. Diálogo equilibrado, eis a receita.

Os verdadeiros líderes sabem dosar entre o autoritarismo necessário e a permissividade indecente. O líder, na concepção moderna, influencia e arrasta pelo exemplo do conhecimento técnico, pelas decisões seguras e pela orientação amorosa.

Assim em todos os sentidos da vida, em todas as situações da convivência humana. Equilíbrio e maturidade sempre.



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domingo, 9 de outubro de 2016

DESDRAMATIZAR A VIDA


Há pessoas que são assim, dramáticas por natureza. Vi em alardeando: “...Não foi uma cegonha que trouxe... Foi um corvo... Sou muito azarado!”

Outras, basta visualizar a gente é já começa chorar ou fazer “aquela” cara de sofredora, da uma pessoa mais infeliz do mundo. São os dramas. De fato, são pessoas tristes, infelizes, trágicas, crentes, infantilizadas. São pessoas, que não souberam fazer corretamente as escolhas, quando foram chamadas ou instadas a fazê-las. Sim, porque a vida é feita de escolhas.  A gente sempre a opção de fazer escolhas. Os resultados são meras consequências. Portanto, chegou a hora de desdramatizar a vida.

Continuando um pouco mais no campo das opções, das sementes a serem plantadas. A pessoa que, consciente ou não, faz a opção de levar uma vida sedentária, precisa saber das consequências do sedentarismo pafra sua saúde. Da mesma forma que optou por não tomar água, deverá saber que num determinado momento da vida seus rins irão reclamar .

Numa cidade grande onde as enchentes fazem o drama da vida dos moradores e as autoridades nada fazem, na maioria das vezes nada fazem  porque é a natureza que está cobando um espaço que originalmente, desde que o mundo é mundo, era e é dela. Em dado momento as autoridades optaram em fazer vistas grossas e permitiram moradias nesses locais. Faltou conhecimento... Faltou planejamento... Com as pessoas também é assim. Verdades irretorquíveis.

E os exemplos são incontáveis. Assim acontece co  aquele que fuma; com aquele que ingere bebida alcoólica fora do limite aceitável; com aquele de come comidas gordurosas, com aqueles que não se preocupam em fazer exames periódicos, ou por não terem acesso aos serviços de saúde ou por mera negligência. A vida vai cobrar. E a pior afirmação de um médico ao seu paciente é: “chegou tarde demais”.

E são outras tantas circunstâncias em que a realidade da vida se mostra inexorável, sem retorno, que dramatizar, fazer cavalo de batalha ou encenar uma tragédia grega, em nada vai mudar essa realidade. Tudo deveria ser visto antes, planejado com antecedência, combinado, conversado, exposto (claro, na medida do possível). Hoje há tantos meios de comunicação, Mas nada substitui um diálogo aberto, sincero, honesto, franco. Nada de dramas. “O que não tem remédio, remediado está

Conhecimento... Autoconhecimento... Consciência das realidades mutável e imutável.

E, cá entre nós, é muito chato ter em nosso meio ou em nossa rede de relacionamento pessoas dramáticas. Relatar fatos desagradáveis ou um pequeno drama com final feliz, com certa dose de humor é até bom, pois ajuda a melhorar o astral.

Agora, viver eternamente no mundo cinzento dos dramas... Não, não dá. Vamos eliminar esse peso de nossas costas...
  


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"O VELHO CHICO E O HOMEM", TEXTO DE VERINHA AVELINO - NARRAÇÃO DE GENILSON SANTOS.


AINDA É TEMPO... ALIÁS, SEMPRE É TEMPO E CELEBRAR SÃO FRANCISCO DE ASSIS E PRESERVAR O "VELHO CHICO".

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sábado, 8 de outubro de 2016

O NORDESTINO


Escrever a respeito dos valores nordestinos é uma elevada pretensão e uma missão m tanto audaciosa. Porque muito já se tem falado e escrito a respeito do Nordeste, sua geografia, seus problemas, seu povo, história e sua cultura.

Muitos já falaram e escreveram sobre os problemas, a questão da seca e a problemática do sertanejo nordestino nesse meio geográfico cruel e de extremo abandono político e social. Muito já escreveram sobre a migração, as dificuldades e o preconceito sofrido pelo homem nordestino longe cd suas terras.

Porém, neste dia 08 de outubro, Dia do nordestino, vale novamente, uma pequena reflexão a respeito dos valores nordestinos, agora, que vivemos tempos de comunicação instantânea. Mesmo assim permanecem os antigos valores e as circunstâncias que fazem do Nordeste uma região especial do nosso país.

É uma região cheia de História. Esta registra as revoluções que ajudaram a forjar o caráter do Brasil Independente.

Recordemos as belezas de suas praias, concorridas, badaladas, românticas. Jamais podemos esquecer que à medida que avançamos, a partir das praias para interior notamos as alterações das paisagens. O verde vai sendo substituído pelo seco, a riqueza pela pobreza, a abundância de água, pela secura do ar e do chão. São os desafios. Desafios para a compreensão dos de fora, para a compreensão das autoridades. No centro de tudo o homem, o sertanejo, forte, corajoso, arraigado e apegado ao pouco que tem ou ao que lhe resta.

Mas o nordestino não é só sofrimento. O nordestino é alegria, é acolhimento. Vejam os cordéis, a música, a dança, o folclore, o carnaval.  Vejam a espontaneidade, o repente. Ainda que a música possa revelar a tristeza que o nordestino sente na alma, ela é alegre, esperançosa, sem jamais contestar os desígnios da natureza e do ambiente onde vive.

O nordestino é sinônimo de cultura. E haja valores. Nomes que o mundo inteiro cultua e que às vezes, o próprio brasileiro não conhece. Josué de Castro, Gilberto Freire, Adriano Suassuna, Patativa do Açaré. Celso Furtado, José Américo de Almeida, Raul Pompéia, Castro Alves, João Cabral de  Melo Neto, Jorge Amado, Raquel de Queirós José Lilns do Rego Graciliano Ramos Manuel Bandeira, e tantos e tantos outros.

O quê dizer dos cantores, compositores, poetas, artistas, repentistas, cordelistas, comediantes? Preenchem páginas e páginas...

A culinária é riquíssima e quente (apimentada), destacando-se a carne de sol, a buchada de bode, o sarapatel, o acarajé, o vatapá, o cururu, os frutos do mar, os derivados de milho, da macaxeira... As frutas originárias da região, como a graviola, o umbu, a manga, o buriti, o sapoti e outras mais.

Muito mais que não ter preconceito em relação ao nordestino, pois isso deve ser condição natural do ser humano, é preciso conhecer o nordestino de entro para fora, isto é, a partir da vivência e da convivência no seu cotidiano, para apreender sua maneira de pensar, de ver a vida, de cantar suas músicas de dançar suas danças, de vivenciar os seus problemas e de superá-los, com sua religiosidade simples, mas sincera, sem as sofisticações do mundo moderno.

O nordestino é um forte... Mas, também, mas todo alegria, todo espontaneidade, todo acolhimento. Basta contemplá-lo com olhos humanos.



Imagem: Google 

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

NO BLOG HÁ TRÊS ANOS: "É PRECISO"



É PRECISO
(Morris L. West, em “As Sandálias do Pescador”
Postado originalmente, neste blog, em 07/10/2013

Custa tanto
Ser uma pessoa pela
Que muito pouco são aqueles
Que tem a coragem
De pagar o preço.

É preciso abandonar por completo a busca dq segurança
E correr o risco de viver
Com os dois braços.

É preciso abraçar o mundo
Como um ser que ama

É preciso aceitar a dor
Como condição da existência

É preciso cortejar a dúvida e a escuridão
Como preço do conhecimento

É preciso ter uma vontade obstinada
No conflito, mas também uma capacidade
De aceitação total de cada consequência
Do viver e do morrer.

(Citado por Powell, G. J., John – No livro “Por que tenho medo de lhe dizer quem sou”)


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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

AS MUSAS, A INSPIRAÇÃO E O CONHECIMENTO


Um dos aspectos importantes (e são muitos) da Civilização Grega é a sua mitologia. Politeístas, isto é, os gregos adotaram muitos deuses em seu complexo sistema de crenças. Eram Deuses que tinham um relacionamento completo e livre com os humanos, interagindo e manifestando sentimentos comuns. Zeus era o deus maior, o grande chefe do Olimpo. Depois havia uma hierarquia bem estruturada de deuses menores, mas igualmente importantes.

As Musas compunham esse complexo “ideológico-religioso”, com funções específicas, com influências até hoje no cotidiano da humanidade. Elas nasceram de uma reivindicação dos deuses do Olimpo, quando consultados por Zeus, que havia vencido os “Titãs” e reorganizado o mundo, sobre o “quê” estaria faltando para qu3 tudo ficasse realmente bom. Os deuses alegaram que faltava algo que desse vida e inspiração a “esse” mundo reorganizado por Zeus. Zeus, então, esteve com Mnemósine, deusa da memória por sete noites consecutivas. No final de um ano nasceram as nove Musas do universo mitológico grego.

Elas vieram à luz no sopé do Olimpo e foram adotadas e criadas pelo caçador Croto. Aliás, este, quando morreu, como gratidão foi levado para habitar a Constelação de Sagitarius. As Musas então cresceram graciosas lindas, usando roupas finas, habitavam as fontes onde dançavam, cantavam e anunciavam a história do povo grego, ao som da lira e apoiadas pelo deus Apolo. Lá os poetas, os artistas, os contadores de história, os pedagogos, os líricos, os trágicos, os comediantes, se inspiravam para criarem suas artes e seus espetáculos, enfim para a edificarem a maravilhosa cultura grega de então.

O complexo mitológico grego é maravilhoso e aqui não há espaço suficiente para explorarmos todo o seu potencial.

As musas eram nove: Calíope, da Eloquência; Clio, da História: Erato, da poesia lírica; Euterpe, da Música; Melpômene, da Tragédia; Polímnia, do Hino Sagrado; Thália, da comédia e da poesia leve; Terpsícore, da Dança; e Urânia, da Astronomia e da Astrologia.

A cultura ocidental deve muito aos gregos. Estes, às suas Musas.

Hoje, quando falamos em musa inspiradora, logo vem à mente as mulheres seminuas, com seus corpos esculturais, sensuais e apelos sexuais. Inspiram muitos sonhos e desejos e pouca cultura, pouco saber, invertendo os valores originais da cultura grega. Isso explica, em parte, a fragilidade, a vulnerabilidade e a banalização da verdadeira cultura, do verdadeiro conhecimento para a formação de uma sociedade madura e consciente, principalmente quando se trata da questão política. 

Outro ensinamento prático que se obtém do estudo da mitologia grega e, especialmente de suas Musas: os deuses pediram a Zeus algo que lhes dessem um maior e melhor sentido à vida. A História das Musas revelou isso, que de fato é necessária a inspiração, o sentido, a qualidade, para que a vida valha a pena. Não à banalização... De tudo, inclusive não à banalização sexual.

A civilização ocidental tem sua base as culturas grega, romana e judaico-cristã. As fontes de inspiração são muitas. Podemos escolher. Mas é preciso dar um passo á frente na direção do conhecimento.

Leitura, leitura, leitura... Já!



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domingo, 2 de outubro de 2016

TER SANGUE DE BARATA


Dividiremos a postagem de hoje em duas partes: Um pouco sobre a barata, esse “animal nojento”, e um pouco sobre a figura simbólica do “ter (ou não ter) sangue de barata”...

Vamos à primeira parte. Hoje em dia se comenta muito sobre a questão da resiliência, que originalmente é a propriedade que alguns materiais tem de retornar ao seu estado inicial após ter sido submetido a uma grande pressão externa. Atribuída ao ser humano, é a capacidade de manter a sua essência, ou suas características principais, mesmo em situações de grande pressão ou de estresse.

Pois é, a barata, o que ela tem de nojenta tem de resiliência, pois existe na natureza há mais de 112 milhões de anos, permanecendo da mesma forma. Ela vem superando todas as dificuldades naturais da evolução do planeta. Ela é contemporânea dos dinossauros. Estes, apesar do tamanho,  não resistiram à primeira grande mudança climática. Hoje são milhares e milhares de espécies de baratas nos ambientes silvestres e urbanos. O que mais nos interessa são as baratas urbanas, conhecidas como “americanas”. E elas são nojentas (fazem questão desse adjetivo), transmissoras de doenças, resistentes, adaptadas aos ambientes que mais gostam, que são os esgotos, os depósitos de comida, as lixeiras e o lixo e gostam, também, da noite, quando buscam alimentos e água. Descansam placidamente durante o dia.

Importante: as baratas são vetores de doenças como as parasitoses, a toxoplasmose, a hanseníase, as disenterias, o tifo, a pneumonia e a meningite. O contágio se dá através do contato com suas fezes. Seus predadores naturais são os seres humanos, as aves, as lagartixas e, por vezes o gato. Os felinos se contaminam com a toxoplasmose, provavelmente ingerindo esses “simpáticos” bichinhos.

Sua biologia é diferenciada; seu sangue é incomum, uma espécie de gosma branca e fria, possui sensores especiais que as livram dos perigos e seu cérebro (!?) é espalhado pelo corpo. Por isso não morrem facilmente. Uma vez envenenada, protegem seus ovos do envenenamento.  E não é qualquer inseticida que as destroem. Só mesmo o “peso” de uma sapatada humana. Baratas têm sangue frio.

Agora vamos à segunda parte: “ter sangue de barata”. É uma expressão pejorativa, remetendo ao indivíduo que não reage à provações, humilhações, situações vexatórias, mantendo a frieza ou uma espécie de “alienação” em relação ao que está ocorrendo à sua volta.

Por outro lado, pode indicar também os motivos para reações inesperadas, inusitadas e intempestivas, do tipo “...eu bati mesmo nele, porque não tenho sangue de barata!”... “Eu mandei embora... Não tenho sangue de barata!”... Crimes são cometidos em nome da bandeira de não levar desaforo para casa e não ter sangue de barata.

Se os homens fossem, de fato, semelhantes às baratas ainda estariam vivendo de forma primitiva, pois não tinham evoluído, partindo de uma civilização tida como primitiva para uma civilização “moderna” e tecnológica. As baratas apenas se adaptaram, mantendo seu estágio primitivo.

É bom ser frio, racional e agir com prudência. Não é bom ter sangue de barata e permanecer inerte. Vale a pena o equilíbrio.



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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

VARIAÇÕES SOBRE A CARIDADE


Comecemos com o texto clássico de Paulo de Tarso. Sua Primeira Carta aos habitantes de Corinto (Capítulo 13, versículos de 1 a 13) Bíblia Editora Ave Maria.:
1 – ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.
2 – Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.
3 – Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!
4 – A caridade e paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante.
5 – Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor.
6 – Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade.
7 – tudo desculpa, tudo crê, ,tudo espera, ,tudo suporta.
8 – A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará.
9 - A nossa ciência é parcial, a nossa profecia [e imperfeita.
10 – Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá.
11 – Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tor ei homem, eliminei as coisas de criança.
12 – Hoje vemos como por um espelho, confusamente, mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte, mas então conhecerei tot5almente, como eu sou conhecido.
13 – Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.

Falamos em caridade. Paulo fala em amor. Acontece que caridade e amor, quando eles levado às últimas consequências é caridade. Portanto, caridade é mais que amor, é ágape, é oferecimento total e completo do ser para a causa do outro, sem perder a individualidade, sem perder a sua essência. É mesmo a materialização de um milagre.

É um texto cristão muito usado pelos católicos para a definição do amor no seu aspecto mais profundo, o amor ágape, sinônimo de caridade.. E tem sido usado para outras atividades, como por exemplo, para a definição de liderança, conforme fez Thomas C. Hunter em sua trilogia “O Monge e o Executivo” e Pe. João Carlos Almeida, em seu livro, também sobre liderança, “As sete virtudes do líder amoroso”.

Esses treze versículos do Apóstolo Paulo, muito bem que serviria de sugestão de uma base de ordenamento jurídico de uma sociedade ideal. Alias, é o que em síntese, o autor propõe. Uma sociedade estruturada nos moldes da caridade seria realmente uma maravilha, ressalvando o fato de que as suas proposituras não engessam as pessoas e a sociedade onde elas estariam inseridas. A caridade liberta... Mas, sobretudo, a caridade conduz o ser humano para o bem.

A caridade não é filantropia. Esta, que literalmente significa ser amizade pelo outro (ser amigo do próximo) é dar simplesmente para aliviar os possíveis sofrimentos do outro. Muitos fazem filantropia quando ajudam para se livrarem de um incômodo momentâneo. Ou contribuem com uma instituição filantrópica (atitude altamente louvável). Tais instituições fazem um ótimo trabalho, suprindo as ineficiências do setor público.  Acontece que a filantropia não vai além do situacional. A caridade, sim, busca as reais causas da pobreza e das necessidades. A caridade não se conforma com o assistencialismo puro e simples É a velha história: É melhor dar o peixe e, também, ensinar a pescar. Isso se chama promoção humana.

Das virtudes humanas a maior de todas é a caridade...



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