Oh! Meu
Brasil, hoje é o seu dia, o dia em que você se tornou republicano!
Aprendi
na escola que República é uma coisa boa, que significa res publica, ou melhor, “da coisa publica”, um regime político que
visa o bem comum. Aprendi que tem gente que até confunde República com
democracia e que democracia é o “governo eleito pelo povo e para o povo”.
Sabe,
meu Brasil, tudo parece uma coisa boa! Ser uma República, contrapondo a
monarquia, aquele governo em que o líder político é vitalício no poder.
Sei que
o regime republicano exige a alternância, isto é, o líder, o administrador, tem
um tempo específico para governar e dar sua contribuição para você, meu querido
país, e ao povo que você abriga.
Porém,
meu querido Brasil, sua história, o seu passado lhe foi terrível. Vieram os
amigos portugueses, colonizadores, tiraram-lhe tudo... e ainda acostumaram mal
o seu povo.
Sabe,
meu querido Brasil, esse passado lhe ensinou a infantilidade, a esperar tudo de
quem está ou tem algum poder. Vieram os Coronéis e a relação de compadrio; a
manipulação, a dependência, as eleições de cabresto, as oligarquias estaduais e
o povo cada vez mais longe, esquecido.
É isso
que eu lamento meu Brasil: o povo foi esquecido, relegado a um segundo plano, massa
de manobra dos políticos, da mídia. O povo ficou sem educação!
Qual a
razão, meu Brasil, qual a razão de você não querer dar educação para o seu povo?
Medo dos políticos perderem seus poderes? Será que é verdade mesmo que um povo
educado é um perigo?
Será
que apenas programas de TV, futebol, carnaval, são suficientes?
(Fizeram
isso em Roma - pão e circo – e o Império
fracassou!)
Mas,
meu país, os desastres ecológicos estão acontecendo no mundo e aqui também.
Acontece que aqui o povo sofre mais. É enganado. Os políticos fazem promessas e
não cumprem. Parece que torcem para que os desabrigados desapareçam logo ou
morram na próxima catástrofe!
Oh! Meu
querido Brasil...
Sinto
vergonha dessas coisas.
Sinto
vergonha dos políticos, sinto vergonha da corrupção, da violência, do
preconceito...
Sinto
vergonha dos alunos ameaçando ou agredindo professores.
Sinto
vergonha das coisas que você copia dos outros países, que nada tem a ver com a
nossa realidade.
Sinto
vergonha de ver a juventude se consumindo em droga e suas autoridades apenas
preocupadas em prender traficantes. Enquanto houver consumo haverá quem
forneça. É como enxugar gelo!
Sinto
vergonha da justiça que solta os bandidos presos ela polícia, tornando inócuo
do trabalho policial.
Sinto vergonha
da impunidade dos poderosos, dentre eles políticos, médicos, advogados, juízes,
administradores que abusam de você, do seu e do nosso dinheiro.
Sinto
vergonha quando fico sabendo que empresas brasileiras perdem dinheiro lá fora
porque seus negociadores brasileiros não sabem negociar em inglês. (Resultado
da nossa fraquíssima educação e do desinteresse dos estudantes).
Sinto
vergonha da degradação do meio ambiente, da devastação das florestas, dos
amimais ameaçados, e do roubo das plantas medicinais desconhecidas por você e
patenteadas no exterior.
Oh! Meu
querido Brasil...
Queria
apenas homenageá-lo, pelos seus 124 anos de República. Queria apenas cantar
suas maravilhas, suas conquistas, seus sucessos, suas músicas, seus
intelectuais, muitos desconhecidos aqui.
Queria
apenas vestir suas cores, enrolar-me em sua bandeira. Mas hoje, ninguém fará
isso. Vestirão as camisas de seus times e irão à praia, Vão beber, fazer farra,
falar mal de você e de sua gente (E com razão).
Quanto
a mim, tenho meu time, mas não vestirei sua camisa.
Mas sua
bandeira, meu querido Brasil, continuará em meu coração... Não tenho esperanças
de melhora imediata. Farei minha parte, alertando sobre sua verdade.
Quem
sabe um dia seu povo acorda definitivamente.