Uma
reflexão de fundo cristão, mas nada proselitista.
A cruz
pode significar muitas coisas: sofrimento, morte, castigo, punição, um passo
para a salvação, redenção e tantos outros. Destacamos, porém, um simbolismo que
bem sociológico e humano e que tem a sua relação com a visão de futuro.
A cruz
tem duas hastes: a vertical que aponta para o alto e para o infinito e é um elo
com o sobrenatural, com o místico, com os sonhos, com os horizontes distantes.
A haste horizontal, ainda que pregada na parte alta da haste vertical,
simboliza o humano e suas necessidades de viver em comunidade. Por isso lembra
os braços abertos dispostos a acolher, a juntar e juntar-se, para a caminhada em
direção dos objetivos colimados.
A haste
vertical é ideológica, busca os conhecimentos, a cultura, a sabedoria. Para os
cristãos a fonte da fé.
A haste
horizontal lembra, sabiamente, que nenhum ser é uma ilha e que nada consegue
sozinho. Um precisa do outro, daí a noção de comunidade. Quem vive só, isolado,
morre logo (ou já morreu, quando tomou a decisão de isolar-se, apesar de ser um
direito de escolha). Pois, se alguém, de fato, quiser chegar a algum lugar na
vida, sozinho não vai conseguir.
A cruz
lembra ainda, e isso é muito importante, o despojamento. Cristo morreu
despojado, inclusive do seu aspecto humano. Todos os outros condenados do
Império Romano ao suplicio da cruz foram igualmente despojados de tudo, da sua
liberdade, da sua vida. A morte de cruz é cruel.
Para alcançar
objetivos na vida, sonhar alto, vivenciar as ideias, viver em comunidade, buscar
os horizontes, é preciso renúncias e despojamentos. Renunciar ao que pesa e
dificulta a comunidade e o relacionamento com outras pessoas. Despojar-se da arrogância,
do autoritarismo, da metidez e revestir-se da humildade e disposição para o
diálogo.
A haste
horizontal, também, sendo puramente ideológica, remete a Salomão, que do alto
de sua sabedoria, permitida por Deus, recomenda que “...Teus olhos devem olhar à frente, para que tua vista preceda teus passos”.
Vamos
traduzir essas palavras como um alerta, nesse mundo pleno de surpresas, violência,
e inovações tecnológicas constantes. É preciso a visão 360º, isto é, antes de
qualquer atitude, qualquer opinião, qualquer julgamento, qualquer passo à
frente, primeiro, um olhar em tudo o que nos cerca, exatamente na dimensão 360º.
É prudência mesmo!
O olhar
360 torna-se melhor e mais profundo na perspectiva da cruz, com todos os seus
simbolismos, com todos os seus ensinamentos que vão muito além daquele
acontecimento perdido da História da Humanidade, mas vivo na memória dos cristãos,
naquela sombria sexta-feira, no Monte Calvário.
Imagem:
Google
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