quinta-feira, 31 de março de 2016

A VIDA É UMA GRANDE LITURGIA


A liturgia é uma das partes essenciais do culto religioso historicamente organizado: missa, sacramentos, objetos de cultos, formalidades, rituais, cerimônias, orações, etc.

A liturgia disciplina, organiza o culto e a prática da doutrina religiosa. É também uma celebração. No caso do Cristianismo, o elemento central é a morte e ressurreição de Jesus Cristo. A missa é a celebração e a memória de sua Paixão. Dessa celebração derivam todos demais aspectos litúrgicos do ciclo anual dos eventos religiosos do ano inteiro.

A liturgia em qualquer tempo, portanto, tem o Deus da crença de cada um como centro. No entanto, todo culto não fica preso em si mesmo. Ele tem duas dimensões: vertical e horizontal. A dimensão vertical é a relação pessoal daquele que crê na divindade (sempre via liturgia); e a dimensão horizontal que é a projeção dessa relação com aqueles que compõem os relacionamentos imediatos e distantes... As pessoas.

Porém, nada acontece sem uma conversão, sem juma experiência pessoal com a divindade. Nada acontece se a vida de cada um não é uma extensão da liturgia que se busca no templo ou nos locais sagrados e se projeta na vida pessoal e social.

Assim, a vida de cada ser humano, quer queira ou não (consciente ou não) é uma grande liturgia. A vida é ma celebração, apesar dos percalços que ela apresenta ao longo de sua história. Coletiva ou individualmente.

A liturgia celebra memórias e milagres. A vida é um grande milagre. A concepção é um milagre; a gestação é um milagre; o nascimento é um milagre; a amamentação é um milagre; o crescimento é um milagre; o amadurecimento biológico, mental e psicológico é um milagre; a capacidade de procriar é um milagre; a carreira profissional e a realização pessoal é um milagre, a cura de doenças graves ou a superação de acidentes são milagres; o envelhecimento saudável e natural é um milagre... Passar para a história é um milagre.

Assim, as celebrações, as liturgias, as rememorações da vida são constantes. A vida é uma grande liturgia.

As celebrações litúrgicas são também fúnebres... As perdas, os sonhos não realizados, os descaminhos, os acidentes inexoráveis e tantos outros fatos que se transformaram em rituais dolorosos de difíceis lembranças. Mesmo assim, em muitos casos, pode acontecer o milagre do recomeço. E os recomeços acontecem.são as ressurreições... As Páscoas.

Portanto, a religiosidade madura, consciente, por opção, é fundamental. A religiosidade assim concebida e assim vivida pode permitir ver e vivenciar os milagres celebrados na grande liturgia da vida.


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terça-feira, 29 de março de 2016

O COTIDIANO


Lava roupa todo dia, que agonia
Na quebrada da soleira, que chovia

Quem, num passado recente, não cantou essa música de Luiz Melodia? Pois é, ela é uma referencia ao cotidiano das pessoas... Vale pensar um pouco sobre isso.

Os dicionários falam do cotidiano como repetições que acontecem no dia-a-dia das pessoas, como lavar “lavar roupas todo dia”... Repetições que com o tempo vão se transformando em agonia. Por que, será? Tudo, tudo, mas tudo na vida precisa ter um sentido, um significado, uma importância, uma “poesia”, um gosto, um amor, um desprendimento. “Faço isso por que amo fazê-lo... Faz bem p’ra mim e para a pessoa que amo”. Aqui se trata de amor correspondido. O contrário é “agonia”, sofrimento... Vida sem sentido.

Cotidiano, monotonia, vida sem sentido, são sinônimos de irritação, de estresse, de depressão, de risco de morte. Saúde comprometida.

É triste, injusto, indigno, quando no entardecer da vida se olha para trás e não se vê nada de útil construído. O tempo e implacável: não permite retorno. O Poeta Rainer Maria Rilke ensina: “Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse; acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair suas riquezas”.

Ser poeta não significa essencialmente fazer poesia, mas ser criativo. Ser criativo no cotidiano é brigar com ele para transformá-lo em algo prazeroso e buscar as mudanças necessárias para que isso aconteça.

Mas as coisas não acontecem por acaso... O cotidiano não pode tomar as 24 ou 26 horas dia. Se isso está acontecendo é melhor repensá-lo. E um dos primeiros passos é reestudar o controle do tempo. Administrar o tempo, priorizar as atividades e estabelecer critérios para encontrar espaços no dia-a-dia para executar as tarefas que fazem bem.

No cotidiano tem que haver espaços para coisas simples e agradáveis: uma leitura, uma revista, um programa de TV, um livro, um telefone para um amigo ou uma amiga de que se está afastado há tempos. Isso para não sair de casa.

Importante também é sair de casa. Uma visita ao shopping center, ao calçadão, ao mercado, à feira-livre... Um almoço diferente, um sorvete, as novidades do mercado. Um encontro com amigos.

Vencer a monotonia é uma atitude de coragem. As tarefas continuarão as mesmas... Porém desempenhadas com outro espírito: amor, alegria, prazer e felicidade. A vida ganha sentido.

Todos ganham.



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sexta-feira, 25 de março de 2016

PÁSCOA, O NOVO PROTAGONISMO


Uma história, provavelmente de uma nação indígena norte-americana, dá conta do rito de passagem para a idade adulta. É um segredo entre os adolescentes. Quando o menino está terminando esta fase é levado pelo pai para uma montanha habitada por lobos. Lá o menino passará a noite sentado numa pedra e com os olhos vendados. Não deverá temer os lobos, nem esboçar qualquer reação que indique que está com medo. O certo é que ao amanhecer o pai virá para girar-lhe a venda e resgatá-lo e dizer-lhe que agora é um homem e pode assumir os compromissos inerentes à pessoa adulta. A grande surpresa é o maior segredo dessa história é que sem o menino saber o seu pai permaneceu o tempo todo ao seu lado.

Várias ideias advêm dessa história, a principal delas é a presença do pai. O pai verdadeiro está sempre ao lado do filho e da filha, sem lhe podar as asas. Outra ideia, que é o próprio objetivo dessa história, é o “rito de passagem”, no caso da  adolescência para a fase adulta.

A vida é feita de fases, de passagens, de Páscoas, de muitas Páscoas. Páscoa é Ressurreição, mas pressupõe antes um sofrimento, como a crucifixão de Jesus. Antes da Páscoa tem sempre uma cruz.

Sim, o assunto é Páscoa. Os Judeus celebram a Páscoa, relembrando a passagem  pelo Mar Vermelho o que significou a passagem da escravidão para a liberdade. Cristo morreu na Sexta-Feira e ressuscitou no Domingo, transferindo a celebração da Páscoa do Sábado para o Domingo, significando a “passagem” para uma nova vida, para uma nova humanidade.

Na vida, as “passagens” não seguem uma cronologia, uma sequência lógica... Dependem de como o viver é conduzido, das sementes lançadas, das escolhas feitas... Páscoa é mudança... Claro que não se pode colher algo diferente do que se plantou, mas é sempre possível os recomeços.

Os Judeus, na travessia do deserto acreditaram no projeto de seu líder, Moisés. Cristo, com sua ressurreição propõe uma mudança, uma nova vida, que precisa ser abraçada e aceita... Significa recomeços.

Os ritos de passagem da vida podem significar recomeços... E eles são inevitáveis. Uma gravidez indesejada, um acidente, um diagnóstico de uma doença grave, o primeiro emprego, o primeiro desemprego, a formatura técnica ou universitária e a necessidade de caminhar com os próprios pés, a perda um ente querido, o envelhecimento, a dependência definitiva. E tantas outras.

Situações previsíveis e imprevisíveis, para as quais podemos ou não estar preparados. Portanto, Páscoa também é maturidade. E maturidade dói, porque significa renúncias, reconciliação com o passado, perdão, virar páginas. E muitas vezes, ao virar as páginas deparamos com um livro em brando, esperando que a gente inicie a escrita de uma nova história, um novo protagonismo.

Antes de tudo, porém é preciso fé. Pois, em algum lugar, alguém zela por nós. E pode estar bem ao nosso lado, protegendo-nos dos lobos.

Feliz Páscoa!



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quarta-feira, 23 de março de 2016

OS EXEMPLOS DE UM GRANDE LÍDER


Nesta quinta-feira, a chamada Quinta-Feira Santa, é simbólica e muito importante para os cristãos e especialmente para os católicos. Foi a última ceia de Jesus com os apóstolos, a ceia que antecedeu a Páscoa dos Judeus. Foi a celebração da primeira Missa e o apelo aos apóstolos para manter a sua memória com as palavras: “...Fazei isso em minha memória”.

A “Última Ceia”, eternizada por Leonardo Da Vinci...

Nesta ceia Jesus praticou um ato simbólico que também repercute até hoje: Ele lavou os pés dos apóstolos, como exemplo de humildade, de serviço, de diaconia. Um exemplo para grandes líderes. Combina com os ensinamentos de Thomas C. Hunter, autor da série de livros sobre a essência da liderança “O Monge e o Executivo.

Queiram ou não Jesus é ser humano mais enigmático da História. Seu nascimento é o divisor de águas da Cronologia, a ciência do temo e dos calendários: Antes de Cristo (aC) e Depois de Cristo (dC). Tudo nele é grandioso: sua doutrina, seus exemplos, sua vida, seu martírio, a espantosa expansão de seu projeto de Igreja.

Se falarmos em medicina Ele curou. Se falarmos em Psicologia Ele orientou. Se falarmos em autoridade Ele primeiro fez e serviu e depois mandou fazer... Deu exemplos. Perdoou. Expulsou demônios. Resgatou as mulheres. Desestruturou os políticos, até os sacerdotes do tempo. Enfrentou as autoridades. Não teve medo. Aceitou as dores e as duvidas, como no Getsêmani. Foi fiel ao projeto a se propôs. Até o fim...

Os líderes atuais de qualquer esfera de atividades humanas têm muito a aprender com Jesus, a começar pela humildade. Um líder verdadeiro precisa ser humilde para compreender o ser humano tal como ele é.

Jesus soube montar sua equipe... Outro exemplo. E procurou pessoas diferentes, com manias e psicologias diferentes. Soube moldá-las, soube compreendê-las, sou engajá-las no seu projeto.

Um líder precisa amar, mesmo que isso pareça anacrônico. Quem ama cuida e isso não sai de moda. Quem é cuidado corresponde. Judas, o  Iscariotes, não correspondeu foi excluído. Um líder que tem autoridade sabe com quem contar e sabe quem excluir de sua equipe, pois antes r acima de tudo está a harmonia e os propósitos da equipe.

Nesta quinta-feira muitos católicos acorrem às igrejas para participarem das cerimônias previstas principalmente ver as pessoas das quais os padres lavarão os pés. Acharão lindas, comoventes, emocionantes. O grande perigo é tudo isso ficar enclausurado no templo e a vida continuar a mesma. Os exemplos e ensinamentos de Jesus são para serem vividos no dia-a-dia, no cotidiano. Não só para os líderes, mas, também, para  todos os seus seguidores, para aqueles que dizem que Jesus “tocou” seu coração e transformou sua vida.

Isso precisa ser verdade e de verdade: a coerência entre fé e vida.


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terça-feira, 22 de março de 2016

POR QUE EU TE AMO?


Simplesmente porque eu te amo!

Simplesmente te amo porque...
És a paz
És a alegria
És a maturidade

És a força capaz
És a luz que irradia
És a simplicidade

Tens a verdade como essência
Tens na razão o respeito
Tens a justiça como premência

Tens o sorriso sincero
Tens o carinho sem despeito
Tens a modernidade que quero

És minha luz
És meu caminho
És meu melhor auguro

És a mão que me conduz
És a certeza de que não estou sozinho
És meus passos seguros

Simplesmente te amo
Simplesmente te agradeço
Simplesmente te adoro
Simplesmente sou feliz
Simplesmente
Simplesmente

Simplesmente...
...Te amo!




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segunda-feira, 21 de março de 2016

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA



Promulgada no dia 22 de Março de 1992 pela ONU, Organização das Nações Unidas, para ser lembrada junto com as comemorações do dia Mundial da Água, lançado nesse mesmo dia.

Artigo 1º - A água parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Artigo 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado no Art. 3º da Declaração dos Direitos do Homem,

Artigo 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis, e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Artigo 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos por onde os ciclos começam.

Artigo 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Artigo 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Artigo 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Artigo 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Artigo 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Artigo 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Importante:
Vivemos, no ano passado, uma terrível crise de água. Esta foi uma pequena mostra do que pode vir pela frente.

É bom a gente refletir sobre o assunto. Dois terços da superfície do Planeta /terra é coberta por água, porém, apenas 0,008% dessa água é potável. E mais, desse percentual mínimo, uma ínfima parte é disponível para o consumo.

A geração atual é responsável. A geração futura vai cobrar



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JOGO DE CENA


Uma frase que se tornou jargão popular, mas que nos confronta cotidianamente: “Arte imita a vida... A vida imita a arte”. No fundo é praticamente a mesma coisa.

A arte é uma forma de comunicação, muitas vezes não verbal. E o grande trunfo, ou o mistério, ou a capacidade do artista é a leitura da vida, dos sentimentos, dos dramas, das tristezas, das alegrias, das esperanças, das frustrações das pessoas. No teatro a arte representa, mas toca fundo o íntimo de cada um, pois muitas vezes os expectadores se vêm representados no palco. “Parece que é comigo!

Coisas de artistas para os amantes da arte... Entretanto, artistas somos todos nós. E essa confrontação entre realidade e sonho, verdade e inverdade, o ser e o não ser. Por que isso?

Porque a todo instante somos instados  a ser verdadeiros ou não, sem que isso signifique sermos falsos. Não somos instados pratica da falsidade, mas, sim, fazermos “um jogo de cena”, isto é, representarmos um papel, justamente para não provocarmos a mágoa, a frustração, a humilhação de alguém. É muito mais uma situação de prudência.

O “jogo de cena” é um dos componentes da arte de representar... Outros podem chamá-la de “misancene

Um exemplo bem característico dessa situação é o ensinamento do Professor Mário Sergio Cartela, quando diz que “...O nosso conhecimento deve ser para encantar as pessoas e não para humilhá-las”. Assim, em determinados ambientes é a humildade que deve falar mais alto. O conhecimento deve estar sempre aliado à humildade e ser “acionado” apenas quando necessário ou quando uma situação exigir.

Fazemos “jogo de cena” sempre, por humildade, por educação, por necessidade, por proteção à vida, nossa ou de terceiros, por prudência, para evitar constrangimentos.

Há quem diga que concordar com o interlocutor é uma boa maneira de terminar uma conversar desagradável. É um “jogo de cena” prudente, pois  não é agradável e saudável uma conversa desagradável. Por terminar em discussão e briga, deixando de ser “diálogo’.

Isso são algumas situações que ilustram o nosso cotidiano. Sim, no cotidiano a arte de representar, como dissemos é uma arte, arte da sobrevivência, a arte de cultivar bons relacionamentos.

Porém existem os grandes jogos de cena... Todos nós ficamos pasmados, embasbacados com as revelações de escutas telefônicas envolvendo autoridades e pessoas públicas. Quantos jogos de cena! O triste é imaginar que o que foi divulgado é apenas um pequenino grão de areia na imensa praia dos bastidores dos poderes: político, econômico, jurídico e das pessoas que têm nas mãos os destinos de uma nação inteira.

Pobre República!



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sexta-feira, 18 de março de 2016

JOSE, A MÍSTICA E O HUMANO

José em Agonia, Igreja de São José -  Rio de Janeiro

“A grande tarefa do ser humano é ser humano” (Sigmund Freud)... O Portal Vozes, através da “Folhinha do Sagrado Coração de Jesus”, traz esta frase emblemática do fundador da Psicanálise.

Aliás, a “Folhinha...” é uma bela fonte diária informações e temas para reflexão. Está no site da Editora Vozes.

Neste dia 19 de Março, várias religiões celebram a memória daquele que foi o pai adotivo de Jesus, o Cristo, o Salvador, o Redentor da Humanidade. Até os luteranos se lembram dele como o “Tutor” de Jesus.

Há quem diga que no processo hebraico para a escolha do pai do Messias, José era um candidato... A certeza de que ele seria o pai do Messias foi a “flor branca que brotou em seu cajado”

A literatura religiosa e profana está plena de referências a José de Nazaré, o Carpinteiro, o Patrono dos Trabalhadores, o chefe da Sagrada Família, o Pai humano de Jesus. Humano em termos, pois como se sabe Jesus foi gerado no ventre de sua mãe por obra e graça do Espírito Santo.

A grande contribuição de José para a mística religiosa e humana foi a sua forma de abraçar o matrimônio com uma jovem grávida, de um filho não seu, numa época e cultura em que a mulher era vilipendiada e o adultério punido de forma drástica. A história  registra que ele vacilou, foi temeroso, mas recebendo uma mensagem divina, através de um anjo, em sonho, percebeu, teve a visão de sua missão e de quem seria aquela criança para o futuro da humanidade, em sua simplicidade, ignorância até, abraçou a causa.

E foi exemplar como pai e marido... Protegeu a esposa e o filho nos momentos críticos, como a obediência à ordem imperial do recenseamento, a perseguição de Herodes,  a perda do filho na festa da Páscoa, a ordem para que Jesus, naquele momento, deixasse os “doutores” e fosse para casa, pois já era tempo; o ensino da profissão ao filho, como demonstra Mel Gibson em seu filme “A Paixão de Cristo” (singelas cenas).

José foi simples. Não escreveu nenhum tratado de filosofia ou de teologia... Mas é uma prova contundente do Jesus Histórico, do Jesus Humano. E há registros indicando que teve o seu filho em sua cabeceira de morte. Não há dúvida que é modelo de esposo, que amou sua noiva já grávida, protegendo-a... É modelo de pai, de educador, de trabalhador...

Na Igreja Católica é Santo. São tantas as pessoas que levam o seu nome. São tantas as cidades que o homenageiam... Não há como não aceitar sua importância na História.

Ele cumpriu a tarefa descrita por Freud dois mil anos depois. José um ser humano simples, modesto, porém “humano” o suficiente para ter um “Deus” em sua família, educá-Lo como humano e torná-Lo livre para cumprir a missão da qual estava incumbido.

Consciente, permaneceu à margem.


quinta-feira, 17 de março de 2016

HONESTIDADE



Conta-se que um pai e seus três filhos, um de sete, outro de nove, foram assistir a uma partida de futebol. A regra era a seguinte: até 6 anos o ingresso era gratuito; até 11 anos meia entrada e acima de 12 (não sendo estudante, entrada inteira. O pai pediu uma inteira para ele e três meias entradas, uma vez que seus filhos estudavam e estavam de posse de suas carteirinhas. O bilheteiro, olhando para o caçula disse ao pai que o menino, por ser franzino, entraria de graça. “Era só falar ao moço da catraca que tinha menos de 6 anos”. O pai insistiu: “Pode me vender o ingresso dele, pois ele já tem sete anos e precisa saber que ele tem de pagar ingresso. Ele precisa aprender desde já a ser honesto!

A honestidade parece estar fora de moda... Quem é “nerd”, fiel, honesto, compromissado, correm o risco de ter rotulado de “careta”. O mundo é dos espertos... E há quem ache que é melhor ser desonesto, pois é confiável, uma vez que já não tem mais nada a perder. Já o honesto, infelizmente está sempre n grupo de risco de cometer um deslize, de falar com a honestidade.

A convivência humana é regulada por regeras e convenções. Elas são necessárias para o perfeito funcionamento da vida, nos seus limites, com base no verdadeiro sentido da liberdade. A desonestidade não ser apanágio especialmente daqueles que têm o comando político e empresarial. A desonestidade não deve ser o espelho da melhor conduta dos membros da sociedade.

Honestidade rima com transparência. Não mentir, não dissimular, não ser cínico, são características da pessoa honesta.

Os bons exemplos de honestidade e transparência devem vir de cima e se espalhar por toda a sociedade. A justiça deve ser honesta, os legisladores devem ser honestos e os executores da lei também devem ser honestos, os trabalhadores devem ser honestos, os parceiros devem ser honestos, os filhos devem aprender a serem honestos.

Só se pode cobrar atitudes positivas se se pratica atitudes positivas... Há uma conivência “velada” da sociedade em relação aos pequenos atos de desonestidade. Um livro não devolvido à Biblioteca Pública... Um grampeador trazido do escritório da empresa onde se trabalha... a falta de transparência na vida conjugal. Parecem mais virtudes que desvios atitudinais...

A expressão “honestidade” vem do grego “honos” que significa honraria, dignidade. Portanto, é uma glória, um ponto positivo, para quem é honesto. Ela, sim, deve ser fonte de cofiança, pois é disso que a sociedade precisa, especialmente no campo da política. Mas ela é absolutamente necessária em todos os ramos das atividades humanas.

Quem reflete sobre a honestidade sempre se lembra das palavras de Rui Barbosa proferidas início do Século XX, que conclui que o “...O homem chega a ter vergonha de ser honesto”. Palavras atuais!

Precisamos cuidar para que a banalização da honestidade não continue...



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quarta-feira, 16 de março de 2016

AMAR E CUIDAR


Muito se fala sobre o amor e o amar... Mas esse assunto está ficando brega e arcaico. Mas não deve ser assim... A banalização desse sentimento fundamento do ser humano é um das grandes questões com as quais a humanidade num futuro recente terá de se confrontar.

E a humanidade já sente os efeitos dessa banalização. É só dar uma olhada rápida no ambiente ao redor: a lista é enorme e não há efeitos mais importantes que os demais... Todos são graves... Muito graves, em detrimento da maior maravilha entre as maravilhas da criação: o ser humano.

Os animais amam por instinto. É amor puro, para a preservação da espécie. Os animais preservam a natureza e o ambiente e do jeito deles cuidam de suas crias e das fontes de alimentos, sem destruir o ecossistema que os mantém vivos. Cuidar é a palavra forte. Há, porém,  varias concepções de amor, como veremos a seguir.

O amor EROS, que é a busca pelo parceiro para a união conjugal, para a procriação e para o prazer sexual. É movido pela atração física, pela beleza corporal. Mas é amor, ,por isso legítimo. Os animais o praticam nos seus limites instintivos.....

O amor STORGÉ,  que é familiar, materno, paterno, filial. O amor de pai e mãe é básico para a com formação e equilíbrio psicológico dos filhos. É fonte de segurança e de maturidade. Depende, é claro da maturidade dos pais.

O amor FILOS ( ou Philia) que é amizade, respeito pelos os outros. Gera interesse, acolhimento, altruísmo. Daí a expressão “filantropia”, sentimento que move as pessoas ao voluntariado, ao compartilhamento de tempo e material em prol de pessoas carentes ou excluídas da sociedade....

O amor ÁGAPE que é o amor total, de doação, de dedicação, de compartilhar tempo, de renúncia. É o símbolo do amor de Deus, mas também aquele que leva alguém a renunciar sua vida por ccausa de outras pessoa. Assim são os missionários... Assim são os filhos que  perdem sua perspectiva de vida própria para cuidar de pais idosos, acamados e dependentes.

Em todas as concepções de amor há sempre espaço para incluir nelas a ideia do cuidado. Já é famosa a frase “Quem ama cuida”, que até já foi tema de música, de poesia, de sermões de, padres, pastores e papas.

Se fosse o caso de uma ação de resgate do amor, a principal parte a ser regatada deveria ser, de fato, o cuidado, pois quem ama e tem cuidado cumpre essencialmente a sua missão de vida, já que ninguém vive só. Precisa cuidar e se cuidado. Cuidar para que a pessoa amada seja feliz (e não mero objeto consumo e de prazer), para que o amigo seja feliz, para que o filho cresça de forma equilibrada, com os limites estabelecidos, para que a natureza seja preservada, para que a moral social seja mantida, para que a corrupção não se alastre, para que as causas da violência sejam minimizadas... Para que os idosos mantenham sua dignidade de vida.

Amar e cuidar vão além da superficialidade, da aventura, da efemeridade... Amar e cuidar são projetos de vida que nascem na essência do humano e se projetam para todo o tecido social.

Hoje, devido à vulgaridade, à banalização da vida e dos valores, à superficialidade, amar e cuidar não passam de uma grande utopia...

Utopia... Utopias... Sonhos que farão falta.



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terça-feira, 15 de março de 2016

A QUESTÃO DO ABSOLUTO


O que é o absoluto? É um assunto para os pensadores e doutrinadores religiosos. Porém, todos nós, constantemente somos levados a questionar, ainda que inconscientemente, o nosso conceito de absoluto. Faz parte do nosso ser, da nossa essência. Nesse sentido, como não somos especialistas, o absoluto é relativo.

O absoluto, na verdade se confunde com a verdade total, com o Ser Supremo, com o Criador, com aquele que é o “Princípio” e o “Fim” de tudo.

Nesse sentido vale algumas considerações e questionamentos sobre o conceito de absoluto para as pessoas comuns. Senão, vejamos.

O que é o absoluto para o sertanejo, o matuto, que nasceu, cresceu, amadureceu e está prestes a terminar os seus dias no mesmo lugar e na mesma atividade, isto é, lavrar a terra, semear, colher, guardar, vender, cuidar dos animais, num  mundo restrito? Claro que hoje, graças aos meios de comunicação ele está antenado com o mundo urbano, mas não tem interesse ou não consegue as informações que recebe.

O que é o absoluto para quem teve uma grande perda material, humana ou sentimental, e ficou sem chão, sem perspectivas, em plena solidão de si mesmo?

O que é o absoluto para quem nasceu na periferia, cresceu na periferia, estudou na periferia, engravidou mais de uma vez na periferia, trabalha na periferia, vê seus filhos crescerem nesse mesmo círculo da pó reza?

O que é o absoluto para quem deu tudo errado na vida? O que planejou deu errado, os estudos não deram certo, o casamento foi um fracasso, não se fixa num emprego... Chega mesmo a pensar que não foi “cegonha” lhe trouxe e sim uma dessas aves “mal agourentas”.

O que o absoluto para quem não consegue elaborar um TCC e com isso não termina o curso universitário? O que é o absoluto para um padre que deixa o ministério para se casar  e, como consequência, não consegue se estabilizar economicamente e o casamento fracassa?

E por diante... A mãe com seu filho no mundo das drogas ou encarcerado... Alguém com uma doença degenerativa... As vítimas das catástrofes naturais que roubam o pouco que possuem... Os violentados nas suas infinitas formas... E tantas e tantas outras situações e sofrimento, de dor, de realidade nua e crua... O que é o absoluto para essa gente?

O absoluto é ambíguo: por um lado é maravilhosos quando motiva a busca da verdade maior via filosofia, via questionamentos das questões ultimas ou os princípios das coisas. Exige o pensamento, o exercício da lógica, da dúvida, do pensar profundamente. Por outro, é a verdade irretorquível, inexorável, imutável... Deixa marcas indeléveis na alma das pessoas.



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segunda-feira, 14 de março de 2016

RESPEITO E HUMILDADE


Quando se respeita alguém não queremos forçar sua alma sem o seu consentimento
Simone de Beauvoir

A expressão “respeito” dá ensejo para uma série de considerações. Ela significa submissão, que é ruim quando em demasia;

Ela significa sujeição às leis. Estas, podem ser injustas, caso que depende da educação política da sociedade, em que assim sendo podem melhorá-las.

Ela significa a valorização do próximo, com o objetivo da harmonia social, da paz, da construção do bem comum. É esse significado que nos interessa no momento.

Nesse sentido, a expressão “respeito” tem o sentido de não fazer aos outros o que não queremos para nós. É não maltratar, não humilhar, não constranger, não deixar mal perante os demais. Interessante  é sua origem latina... Ela vem de “respectus”, que em sua época significava o ato ou efeito de respeita, de venerar, de render homenagens. Alguns linguistas dizem que “respectus” significa, também, “ter um novo olhar”, ou “olhar novamente”... Assim quando se respeita uma pessoa, reconhece nela suas virtudes e suas qualidades.

Talvez essa origem tenha inspirado o Papa São João XXIII, quando disse: “Devo estar convencido que meu próximo é sempre melhor que eu, e, por isso, digno do maior respeito”. (Folhinha do Sagrado Coração de Jesus – Portal Vozes).

Uma bela lição de convivência: o respeito, a valorização, a veneração, o cuidado para com os outros. Lição de humildade. Ah! A humildade, postura tão ausente nos dias de hoje, dias marcado pela tecnologia, pela informação imediata, e, também, pela banalização e banalidades.

Violência, corrupção, aviltamento da condição humana, desagregação das famílias, relativização dos valores, dessacralização dos sentimentos religiosos e principalmente do corpo humano, vítima mortal do sexualismo e da sexualidade. Desrespeito... Em ambiente assim sobressaem a arrogância, o autoritarismo, a soberba, o “levar vantagem em tudo” e a qualquer preço.

Está claro que o respeito mútuo é fundamental para o ordenamento natural e equilibrado do país, da sociedade, das famílias, dos relacionamentos, enfim... E o mais importante: não se deve esperar respeito para depois respeitar. Respeito dos demais vem por acréscimo.

Lição de humildade.



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quinta-feira, 3 de março de 2016

DESAFIOS

Nascer, crescer, amadurecer, viver a vida, enfim, é, sem dúvida uma sucessão de pequenos e grandes desafios. Nesse trilhar de caminhos, somos guerreiros (claro, se quisermos vencer os desafios), pois a vida é  mesmo uma guerra constante. De manhã sonhos passageiros de uma grande viagem... À noite somos sobreviventes... E tome desafios...

O primeiro grande desafio acontece no primeiro encontro quando ainda éramos espermatozoide e óvulo... Para que esse encontro quantos desafios, quanta luta, quanto sufoco.

No momento do nascimento outro grande desafio: filho e mãe travam uma grande e dolorosa batalha pela conservação da vida. O primeiro choro é mais uma vitória. E o crescimento saudável outra batalha. O aprendizado, a descoberta do mundo, o desmame, os relacionamentos, as vacinas, o amadurecimento biológico, o caminhar pelas próprias pernas, as escolhas e as colheitas...

E os desafios vão se sucedendo. Somos desafiados a competir e a derrotar o competidor (ou competidores). Assim são os vestibulares e a busca por emprego, especialmente o primeiro emprego. Vencem literalmente os melhores, melhores batalhadores, melhores estrategistas, os mais bem preparados. Portanto, a preparação (com estudo e leitura) está na base da estratégia para vencer os desafios da vida.

Temos desafios no cotidiano da vida, desde as coisas corriqueiras, como uma partida de futebol, ou de truco, ou de dominó, de dama, de tênis, de vôlei, etc., etc., etc.

Somos, também desafiados para os grandes e decisivos eventos da vida. A mudança de emprego, de país, de ramo de atividade. Nesse momento precisaremos da “resiliência”, que é a capacidade de enfrentamento dos grandes desafios e das turbulências da vida sem perdermos a nossa essência. A manutenção da ética e a “resiliência” formam uma dupla imbatível. Somos desafiados constantemente no campo da ética. Com a palavra os políticos.

O desafio é sempre uma coisa boa, pois é uma oportunidade de crescimento em todos os sentidos. Primeiro revela nossas fraquezas e depois consolida os aspectos nos quais somos fortes. Eliminar as franquezas e consolidar as virtudes, eis o grande ensinamento dos desafios maduramente enfrentados.

E o desafio maior que enfrentamos na vida é a superação de nós mesmos, a começar pelo autoconhecimento. Depois vêm as escolhas, a reconciliação com o passado (isto e, livramos das mágoas e rancores), a aceitação de novas ideias, o aprendizado continuo, a adaptação às novas exigências do tempo, a superação dos vícios, da arrogância, do autoritarismo, do egoísmo, do orgulho, da antipatia, da chatice enfim...

Portanto, o nosso maior confidente é o travesseiro... Ele dirá se nesse dia fomos bons ou maus guerreiros... E tome desafios!



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quarta-feira, 2 de março de 2016

FALSIDADE


Falsidade é a principal característica de quem não é verdadeiro, de quem prefere a mentira, a dissimulação, o engodo, a calunia, a difamação, a enganação, a desfaçatez, a esnobação, a antiética. O objetivo, ou os objetivos, de uma pessoa falsa é obter vantagens, como o mascaramento de vícios, defeitos, qualidades negativas, enfim, características que tornam as pessoas inferiores em determinados momentos ou situações da vida. Há, portanto, uma “certa utilidade” na falsidade.

A falsidade está impregnada na sociedade como uma praga invisível e que se alastra silenciosamente, comprometendo relacionamentos, a dignidade das pessoas, projetos políticos e a própria democracia, bem maior de  uma sociedade livre.

A falsidade está a serviço da classe dominante, dos lideres empresarias e executivos autoritários e prepotentes, dos profissionais liberais que atentem aos interesses de grupos que estão no poder, desejam manter monopólios, trustes e cartéis.

A falsidade está a serviço do mal amante, dos ciumentos, dos que se sentem donos de gente, quando cultivar o amor,  respeito, a liberdade...

A falsidade é má conselheira, é negativa e torna as pessoas indesejáveis. É má educadora, dando péssimos exemplos para crianças que crescem em ambientes dominados por ela e passam a pensar que ser falso é natural, é normal, é uma forma de sobreviver ou de se impor na sociedade.

Não existe falsidade boa ou útil. Não existe mentira necessária... A falsidade machuca muito e dói tanto quanto. Mantém a infantilidade das pessoas falsas. Suas marcas são indeléveis, isto é, eternas, para sempre.

A falsidade ideológica é a condição jurídica de quem esconde a verdade oficialmente... É um crime tipificado quando alguém omite documentos, insere declarações e testemunhos falsos ou adulterados, com o objetivo de dificultar o exercício da justiça.

Os falsos, apesar de tudo, não conseguem praticar o “olho no olho”... Por isso não é difícil detectar quem é ou está sendo falso ou mentido. Basta fixar o “olho no olho”... É insuportável. A verdade deve vencer sempre.

Para combater a falsidade é preciso resgatar a verdade em todos os sentidos. A verdade também dói, também machuca. Mas o seu efeito é de cura, é de paz, é de crescimento, é de amadurecimento.

Para encerrar, uma reflexão de Buda: ”Um amigo falso e maldoso é mais temível que um animal selvagem; o animal pode ferir o seu corpo, mas um falso amigo  irá ferir sua alma”.

Está dito...



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terça-feira, 1 de março de 2016

A ROTINA É COMO FERRUGEM


Às vezes somos tentados e corremos o risco de repetir chavões já consagrados de desgastados pelos livros e textos de autoajuda. Certos temas parecem não mais terem lugar na vida das pessoas, simplesmente porque estamos numa outra época, talvez o pós-pós-modernidade.

Nesse sentido (nessa época) de ultra modernidade chamar a atenção para a rotina torna-se arriscado e soa como antiquado e inadequado. Coisas de velhice ou de falta de assunto. Mas vamos lá...

Rotina é sempre fazer as coisas sempre do mesmo jeito. Há age um dito popular, herdado do futebol dizendo que “em time que está ganhando não se mexe”. Daí o conceito chulo do “imexível”.

Hoje em dia ninguém dá a mínima para a rotina. Estão todos preocupados com os seus equipamentos de comunicação. Estamos, também, na “era da comunicação” instantânea, reafirmando a profecia de Herbert Marshall McLuhan a respeito da instalação da aldeia global. Quem não se comunica está fora dos trilhos. E p trem já foi e est4á apitando para além da curva.

E a rotina existe e, como uma espécie de ferrugem, detona os relacionamentos. Corrói os relacionamentos... Torna inviável um relacionamento sadio... Quanta solidão! Quanta irritação! Quanto estresse! Quanta depressão! (E depressão mata!) E tem gente que confunde uma irritação momentânea com estresse e depressão. A verdade é que a depressão leva ao suicídio muito letamente e as pessoas desse grupo de risco precisam de ajuda. Mas de quem? Se estão todos desligados ou envolvidos pela rotina?

Nos relacionamentos conjugais tudo começa de forma maravilhosa. Tudo é novidade... Claro que de imediato as máscaras já caem, pois literalmente as pessoas tiram as máscaras e as roupas se dando por inteiro um ao outro. As novidades acabam por aí. Então, os amantes precisam ser muito criativos para manter o espírito elevado das primeiras conversas, das primeiras mensagens, dos primeiros encontros...

“Quem ama cuida..”. Essa máxima, já antiga, surrada, ainda permanece válida e importante. No amor conjugal há uma troca fundamental que é um assumir a felicidade do outro, sem perder a liberdade própria. É um exercício difícil que requer maturidade. Um deve assumir, sim, a felicidade do outro, sem abrir mão de sua individualidade. Um não deve “morrer” para a vida, simplesmente para permitir a alegria e a realização do outro. O amor conjugal é uma construção comum, um caminha ao lado do outro, sempre mirando horizontes únicos, comuns. O amor, o amar são sinônimos de cuidado...

Acontece que nesse processo há o descuido, a .centralização em si próprio, a centralização, o sentimento de posse, o colocar-se em primeiro lugar, a “síndrome de Gabriela”, a fala de criatividade, a desatenção para com as necessidades, particularidades e peculiaridades da pessoa amada.  O resultado dessa equação chama-se rotina.

Um relacionamento rotineiro mantém as portas escancaradas para que o outro passe por ela e, talvez, jamais volte. A ferrugem é irreversível.



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