Uma
história, provavelmente de uma nação indígena norte-americana, dá conta do rito
de passagem para a idade adulta. É um segredo entre os adolescentes. Quando o
menino está terminando esta fase é levado pelo pai para uma montanha habitada
por lobos. Lá o menino passará a noite sentado numa pedra e com os olhos
vendados. Não deverá temer os lobos, nem esboçar qualquer reação que indique
que está com medo. O certo é que ao amanhecer o pai virá para girar-lhe a venda
e resgatá-lo e dizer-lhe que agora é um homem e pode assumir os compromissos
inerentes à pessoa adulta. A grande surpresa é o maior segredo dessa história é
que sem o menino saber o seu pai permaneceu o tempo todo ao seu lado.
Várias
ideias advêm dessa história, a principal delas é a presença do pai. O pai
verdadeiro está sempre ao lado do filho e da filha, sem lhe podar as asas. Outra
ideia, que é o próprio objetivo dessa história, é o “rito de passagem”, no caso
da adolescência para a fase adulta.
A vida
é feita de fases, de passagens, de Páscoas, de muitas Páscoas. Páscoa é
Ressurreição, mas pressupõe antes um sofrimento, como a crucifixão de Jesus.
Antes da Páscoa tem sempre uma cruz.
Sim, o
assunto é Páscoa. Os Judeus celebram a Páscoa, relembrando a passagem pelo Mar Vermelho o que significou a passagem
da escravidão para a liberdade. Cristo morreu na Sexta-Feira e ressuscitou no Domingo,
transferindo a celebração da Páscoa do Sábado para o Domingo, significando a
“passagem” para uma nova vida, para uma nova humanidade.
Na vida,
as “passagens” não seguem uma cronologia, uma sequência lógica... Dependem de
como o viver é conduzido, das sementes lançadas, das escolhas feitas... Páscoa
é mudança... Claro que não se pode colher algo diferente do que se plantou, mas
é sempre possível os recomeços.
Os
Judeus, na travessia do deserto acreditaram no projeto de seu líder, Moisés.
Cristo, com sua ressurreição propõe uma mudança, uma nova vida, que precisa ser
abraçada e aceita... Significa recomeços.
Os
ritos de passagem da vida podem significar recomeços... E eles são inevitáveis.
Uma gravidez indesejada, um acidente, um diagnóstico de uma doença grave, o
primeiro emprego, o primeiro desemprego, a formatura técnica ou universitária e
a necessidade de caminhar com os próprios pés, a perda um ente querido, o
envelhecimento, a dependência definitiva. E tantas outras.
Situações
previsíveis e imprevisíveis, para as quais podemos ou não estar preparados. Portanto,
Páscoa também é maturidade. E maturidade dói, porque significa renúncias,
reconciliação com o passado, perdão, virar páginas. E muitas vezes, ao virar as
páginas deparamos com um livro em brando, esperando que a gente inicie a
escrita de uma nova história, um novo protagonismo.
Antes
de tudo, porém é preciso fé. Pois, em algum lugar, alguém zela por nós. E pode
estar bem ao nosso lado, protegendo-nos dos lobos.
Feliz
Páscoa!
Imagem:
Google
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