Às
vezes somos tentados e corremos o risco de repetir chavões já consagrados de
desgastados pelos livros e textos de autoajuda. Certos temas parecem não mais
terem lugar na vida das pessoas, simplesmente porque estamos numa outra época,
talvez o pós-pós-modernidade.
Nesse
sentido (nessa época) de ultra modernidade chamar a atenção para a rotina
torna-se arriscado e soa como antiquado e inadequado. Coisas de velhice ou de
falta de assunto. Mas vamos lá...
Rotina
é sempre fazer as coisas sempre do mesmo jeito. Há age um dito popular, herdado
do futebol dizendo que “em time que está ganhando não se mexe”. Daí o conceito
chulo do “imexível”.
Hoje em
dia ninguém dá a mínima para a rotina. Estão todos preocupados com os seus
equipamentos de comunicação. Estamos, também, na “era da comunicação”
instantânea, reafirmando a profecia de Herbert Marshall McLuhan a respeito da instalação
da aldeia global. Quem não se comunica está fora dos trilhos. E p trem já foi e
est4á apitando para além da curva.
E a
rotina existe e, como uma espécie de ferrugem, detona os relacionamentos.
Corrói os relacionamentos... Torna inviável um relacionamento sadio... Quanta
solidão! Quanta irritação! Quanto estresse! Quanta depressão! (E depressão
mata!) E tem gente que confunde uma irritação momentânea com estresse e
depressão. A verdade é que a depressão leva ao suicídio muito letamente e as
pessoas desse grupo de risco precisam de ajuda. Mas de quem? Se estão todos
desligados ou envolvidos pela rotina?
Nos
relacionamentos conjugais tudo começa de forma maravilhosa. Tudo é novidade...
Claro que de imediato as máscaras já caem, pois literalmente as pessoas tiram
as máscaras e as roupas se dando por inteiro um ao outro. As novidades acabam
por aí. Então, os amantes precisam ser muito criativos para manter o espírito
elevado das primeiras conversas, das primeiras mensagens, dos primeiros
encontros...
“Quem
ama cuida..”. Essa máxima, já antiga, surrada, ainda permanece válida e
importante. No amor conjugal há uma troca fundamental que é um assumir a
felicidade do outro, sem perder a liberdade própria. É um exercício difícil que
requer maturidade. Um deve assumir, sim, a felicidade do outro, sem abrir mão
de sua individualidade. Um não deve “morrer” para a vida, simplesmente para
permitir a alegria e a realização do outro. O amor conjugal é uma construção
comum, um caminha ao lado do outro, sempre mirando horizontes únicos, comuns. O
amor, o amar são sinônimos de cuidado...
Acontece
que nesse processo há o descuido, a .centralização em si próprio, a
centralização, o sentimento de posse, o colocar-se em primeiro lugar, a
“síndrome de Gabriela”, a fala de criatividade, a desatenção para com as
necessidades, particularidades e peculiaridades da pessoa amada. O resultado dessa equação chama-se rotina.
Um
relacionamento rotineiro mantém as portas escancaradas para que o outro passe
por ela e, talvez, jamais volte. A ferrugem é irreversível.
Imagem:
Google
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