segunda-feira, 4 de agosto de 2014

DEUS ESTÁ VENDO


O adolescente questionador vivia aperreando sua mãe que o ensinara à ir à igreja desde sua tenra idade. Queria saber, na prática, como era aquele céu de que tanto ouvira falar. E pelo que havia entendido, o céu era um lugar monótono, modorrento, onde os anjos tocavam harpas, a música era aquela suave e sem graça e todos viviam flutuando, como se fosse um espetáculo de balé, cuja música era lenta, tão lenta de dar sono. Isso não podia ser verdade: ralar uma vida inteira e viver a eternidade toda nesse marasmo?

Sua mãe, já não agüentando mais tanto “enchimento (...)” e sem saber a resposta certa, recorreu ao chefe da igreja. Este sugeriu que o levasse a um orfanato e lá fizesse um estágio, mesmo que fosse de poucas horas.

E assim ela fez. Com muita dificuldade, sem revelar o real motivo, levou-o para a tal orfanato. Ficou lá o dia todo, até almoçou com as crianças. Quando o dia terminou, voltando para a casa, a mãe foi logo perguntando:
- Como foi o seu dia, filho?  Ele respondeu, com a chatice de sempre:
- Nem sei. No começo fiz uma brincadeira com um menino e outros pirralhos se agarraram em mim e eu tive que inventar muitas outras brincadeiras. Fiz todas as bagunças que a gente faz na escola para “cabular” as aulas que a gente não gosta. Olhando por esse lado eles se divertiram muito. Eu é estou um “caco”, quero mais tomar um banho e comer alguma coisa. Faz um lanche pra mim!

Na verdade, como bom adolescente, ele nada entendeu. Aos poucos sua mãe, orientada pelo chefe da igreja, foi tentando explicar que o conceito de céu deixou de ser físico e passou para o contexto de presença ou ausência de gestos de bondade (em última análise, presença ou ausência do Deus da crença de cada um).

O garoto rebelde e questionador viveu esse céu quando fez as crianças do orfanato felizes, com o simples dom que ele tinha, o de fazer a “bagunça”, plena de alegria, inerente à sua idade.

Ele foi útil, importante, e tornou aquele dia especial (e talvez inesquecível) para as crianças do orfanato.

Os teólogos (de todas as vertentes religiosas) dizem que Deus é imanente, pois está presente em tudo. Então...

Céu é sinônimo de felicidade... Que o digam as pessoas que amam e são amadas! Céu é sinônimo de alegria... Que respondam as crianças do orfanato! Céu é viver a bondade, a amizade, o ombro amigo, o acolhimento.  Céu é gratidão... Céu é celebração, especialmente das pequenas conquistas do cotidiano.

Deus está vendo!



Imagem: Google

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