sexta-feira, 31 de outubro de 2014

DESLUMBRAMENTO


A vida em si mesma traduz um deslumbramento, Todo milagre é um deslumbramento, porque escapa à razão humana. Viver exige o deslumbramento, pois só assim evoluímos para o bem, para o melhor, para a alegria e para a felicidade.

Se alguém não está deslumbrado com a vida corre o sério risco de interrompê-la, ou melhor, terminar o que já não existe.

Porém, o deslumbramento carrega em seu bojo grandes riscos. Se procurarmos no dicionário sua definição vamos encontrá-la como “...Ação ou efeito de deslumbrar ou de se deslumbrar... Embaçamento da vista que pode ser causado pela exposição ao excesso de luz (ou por outras razões, como a vertigem)".

É isso mesmo: embaçamento da vista, ou da visão, ou da razão. Desse conceito derivam outras situações da vida em que o deslumbramento é prejudicial à pessoa. Deslumbrar-se é encantar-se, encantar-se é sublimar-se, isto é, sair do chão, alcançar um mundo imaginário, um paraíso inexistente. In extremis leva à alienação, fuga da realidade.

“Pés no chão” é o antídoto natural para o excesso de deslumbramento.

Leonardo Boff quando escreveu sobre “A Águia e a Galinha” e suas “dimensões”, ensinou que nós humanos temos  inseridas em nosso ser as perspectivas da águia que busca o vôo nas alturas, sempre mais e mais, e da galinha, que não sai do chão. Somos águias quando nos deslumbramos com as alturas, com os vôos acima das nuvens. Somos galinha quando insistimos em mirar o chão, sem darmos conta que existe um infinito acima de nós. Precisamos do equilíbrio.  Nem tanto as alturas que nos aliena, nem tanto o chão que também nos aliena.

Miremos o infinito, como sonhos a serem buscados sem nos esquecer que na terra a vida acontece e precisa ser vivida e os problemas enfrentados e resolvidos. Pois à medida que superamos os obstáculos outros surgirão e deverão ser igualmente superados.

O deslumbramento cega, como o irracional também cega. Cair de cabeça numa aventura é ato de cegueira. A razão manda desenvolver uma visão holística, isto é de 360 graus, que permite avaliar quase todas as situações, tanto de risco quanto de alegria.

O deslumbramento na medida certa faz a vida valer a pena, assim como manter os “pés no chão” também, pois superar os obstáculos gera em nossa alma a agradável sensação de leveza, de liberdade, bem como a certeza que o Deus de nossa crença cuida de nós, como a galinha cuida de seus pintainhos.

E a grande vitória desse equilíbrio é a paz de espírito, o amor (dado e recebido) e a felicidade plena.

Que assim seja!



Imagem: Google

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