quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

DESAPEGO


Uma historinha: 

Certa vez perguntaram ao Buda o quê ele ganha com a meditação. Ele respondeu:
- Nada... Mas deixe eu lhe explicar o que eu perco com ela: ansiedade, raiva, depressão, medo da velhice e da morte

Em última análise Buda fala do desapego, pois o “nirvana” que se atinge praticando a meditação é o total desapego dos problemas da vida. Não é fuga, pois a vida continua os problemas esperando soluções. A meditação e o desapego conduzem a pessoa à tranqüilidade, à maturidade para viver sem ansiedade e fazer com que as coisas aconteçam naturalmente.

Interessa-nos, por ora, o desapego, que é exatamente a falta de apego, de afeição. É, também, desinteresse, indiferença. desprendimento... É viver com pensamento voltado para o presente, sem preocupações com o passado nem ansiedade em relação ao futuro.

O desapego é uma conquista, uma vitória sobre nós mesmos... É a superação de nossa infantilidade, de nossas frescuras, de nossa arrogância, de nossa mesquinhez, de nossa mediocridade. É um crescimento.

Ser desapegado das coisas, dos bens, do egoísmo, não é ser mão aberta, pródigo, gastador, volúvel. O desapegado é aquele que dá a importância devida às coisas, às pessoas, respeitando o lugar delas (pessoas e coisas), na nossa vida.

O apego aprisiona... O desapego liberta! Pessoas livres podem voar, sobrepujar as mesquinharias. Pode conhecer os melhores ambientes e as melhores pessoas. Está livre para crescer em cultura, conhecimento e sabedoria... Pode, enfim, ter uma qualidade diferente de vida, atingir o conhecimento holístico (isto é, do todo)...

Pessoas desapegadas já descobriram que é preciso aliviar a bagagem da caminhada, especialmente daquelas coisas que as prendem ao passado. Do passado só se liberta a partir da reconciliação com ele, livrando-se das culpas e aprendendo as lições, sem amarguras.

O desapegado perceberá o quanto é importante (e superior) viver uma vida simples, leve, alegre, acolhedor, cercado de pessoas simples, boas, leves, de riso fácil, de saúde boa, com foco no presente.

O desapegado pode até meditar um pouco mais para aperfeiçoar o seu desapego, pois sabe que “quanto mais, melhor!”. Tempo para isso ele tem, já que a correria dos tempos atuais, que atinge em cheio os “escravizados do apego e do tempo”, não lhe faz diferença alguma.




Imagem: Google

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