quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

OS CACTOS E OS SERTANEJOS NORDESTINOS


Contemplo a imensidão seca... Galhos retorcidos... Chão esturricado... Açudes quase secos... Gado magro... Seres caminhando devagar...

Em meio à secura eles estão lá, verdes, mas cobertos de poeira... Os mandacarus... Imagens da imensidão seca... Nordeste brasileiro.

Mandacarus e outros cactos... Alguns floridos, lindos, em contraste com a quase morte da região...

Contemplo as cidades, mesmo as litorâneas do Nordeste brasileiro... Nas janelas dos prédios e nos jardins das mansões, os cactos, vindos do mundo inteiro. “Este é da America Central...” “Este é da Colômbia... ”Aqui está um da Califórnia...” “É verdade! Da Califórnia...”

“Aquele ali, próximo ao muro do fundo? É o Figo da Índia... A gente come sua fruta. Aquele do outro lado é o agave e dele se faz cordas... Que lindas flores! Como fica bonito no jardim! É exótico no pomar...”

O cacto impressiona pela beleza de suas flores e também pela sua fortaleza... Como Deus e a natureza são bons”

Quando muita gente está desesperada pela falta de chuva e preocupada com o “futuro” da humanidade, eles estão lá, tranqüilos... Preocupados com a falta d’água? Nem um pouco... Seus espinhos são folhas atrofiadas que impedem o desperdício de água... É uma lição para os humanos? Quem sabe...

Os cactos são especiais, como o mandacaru nordestino também é. Eles lembram o homem do sertão... Mas do sertão longínquo, distante, muito distante da civilização...

O homem que luta, que sofre, que não tem perspectivas... O homem do sertão que é como o cacto, mesmo sem beleza exterior, é forte, tem alma pura, coragem forte e decisão indômita de continuar pisando o chão esturricado, quente e seco... Se tudo definha ao seu lado, ele espera, adia indefinidamente o seu definhamento até que a nova temporada de chuvas... Quando chega!

Aí, então, como o cacto que floresce, o homem do sertão revigora a vida e segue em frente dando graças a Deus pelos parcos pingos de água que Ele mandou... Nem olha pra trás...

O cacto, e especialmente o mandacaru são mais que simbólicos: resistem, têm a na alma a flor que espera o tempo certo para surgir. O nordestino igualmente “é um forte!” e resiste e mantém a alma pronta para se transformar em flor e sorrir para a vida no tempo (certo) de Deus.

Os cactos são exóticos... Os sertanejos nordestinos não são exóticos... São humanos, filhos do mesmo Deus, dotados da mesma dignidade que arrogamos ter. Por que razão os tratamos com indiferença (inclusive política)? Com preconceito? Como “diferente”?

Valha-nos Deus!



Imagem: Google

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