quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

OS PORCOS-ESPINHOS E A CONVIVÊNCIA HUMANA


Arthur Shopenhauer (nasceu em 22/02/1788, em Dantzig, Prússia, atual Polônia e faleceu em 21/09/1860, em Frankfurt, Alemanha) fez uma importante analogia sobre os dilemas dos porcos-espinhos e a convivência humana.

Relata esse filósofo que em tempos glaciais quando muitos animais desapareceram por não suportar o clima muito frio, os porcos-espinhos começaram a se juntarem para uns usufruírem do calor dos outros e assim sobreviverem no ambiente gelado. Mas logo perceberam que se machucavam com os espinhos. Afastavam-se para se livrarem da dor, mas o frio intenso comprometia-lhes a vida. Voltavam a se juntar e depois se afastavam novamente, até encontrarem uma equidistância que lhes permitissem o aquecimento mútuo, sem sofrerem tanto com o frio. E assim sobreviveram até os nossos dias...

Com a convivência humana acontece, guardadas as devidas proporções, a mesma situação. Muitas pessoas ao se juntarem, machucam-se com ofensas, incompreensões e desrespeito... É possível acrescentar muitos outros itens que prejudicam o relacionamento e machucam as pessoas. Ferir sentimentos é muito grave. Não se brinca com isso. A traição é muito grave, como a mentira é muito grave, além de injustas. As injustiças são marcas indeléveis que modificam as pessoas para sempre.

Por isso pessoas se afastam para nunca mais se reaproximarem... Esta é a diferença entre os humanos e os porcos-espinhos. Estes lutaram muito, sofreram muito até encontrarem as soluções para os seus problemas de relacionamentos, que, aliás, significavam a diferença entre a vida e a morte.

Relacionamentos morrem por falta de equilíbrio, de maturidade. A equidistância está justamente no respeito pela maneira de ser do outro, na liberdade, na transparência...

Os porcos-espinhos machucavam-se pelo toque, como se machucavam na distância, pelo frio. As pessoas podem não se machucarem pelo toque, mas pelo frio do toque, pelo toque falso, interesseiro, banal, efêmero, como laranja lima, doce no inicio e amargo, muito amargo no fim.

O drama dos porcos-espinhos, narrados por Shopenhauer, nos ensina que relacionamentos perfeitos não existem, pessoas perfeitas não existem. Ensina ainda que a convivência é possível a partir do equilíbrio encontrado a partir de atitudes maduras, do entendimento das pessoas e principalmente, da compreensão e do autoconhecimento. Jamais podemos atribuir a nós mesmos a perfeição absoluta e exigirmos dos outros a conformação de suas vidas à nossa maneira de ser e de viver. Tudo é equilíbrio, tudo é equidistância... Só assim as completudes se somarão para a construção da felicidade.

São palavras de Shopenhauer (foto): “Quanto mais nos ocupamos com a felicidade dos outros, maior passa a ser nosso senso de bem-estar. Cultivar um sentimento de proximidade e calor humano compassivo pelo outro, automaticamente coloca a nossa mente num estado de paz. Isto ajuda a remover quaisquer medos, preocupações ou inseguranças que possamos ter, e nos dá muita força para lutar com qualquer obstáculo que encontramos. Esta é a causa mais poderosa de sucesso na vida”.

Está dito.



Imagem: Google

Nenhum comentário:

Postar um comentário