sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O ARCO-IRIS E A UTOPIA


O arco-íris é um dos mais belos fenômenos da natureza e que ainda hoje encanta seus observadores, apesar da modernidade e de as cidades terem sido tomadas pelos arranha-céus.

No passado esse fenômeno foi pleno de mitos, lendas e simbolismos,  pelo fato de não ser inteiramente explicado. A Antropologia e a Historia mostram que os fenômenos físicos não explicados e compreendidos passam automaticamente para o reino místico, para o sobrenatural. Exemplos dos raios e trovões mistificados pelos antigos, mas hoje perfeitamente compreendidos, ainda que temidos.

O arco-íris é um fenômeno físico, ligado à ótica, isto é, aos efeitos da luz solar, sem cor, que ao passar pelas gotas de água das chuvas ainda suspensas na atmosfera, são refratadas, subdividindo-se nas cores básicas do espectro visível, que vai do vermelho ao violeta, projetando-se num belo arco lá na frente. Nesse caso, as gotas d’água funcionam como o prisma que, como sabemos através de experiências de laboratório refratam (dividem), a luz branca em feixes coloridos.

Foi Isaac Newton, famoso físico inglês quem primeiro fez tal experiência e ofereceu as primeiras explicações ao fenômeno, causando até protestos por parte do poeta John Keats, também inglês, que reclamou pelo fato de Newton ter eliminado todo o romantismo que até então envolvia o arco-iris.

Muitos povos e civilizações antigas construíram seus mitos em relação ao arco-íris. A principal delas é em relação ao pote de ouro que ficaria numa de suas pontas. Outras lendas referem-se às ligações entre o céu e a terra.

No Antigo Testamento simboliza a “Aliança” entre Deus e os judeus após o dilúvio, como promessa de que castigos semelhantes não mais aconteceriam.

Povos ciganos, nativos da América, civilizações africanas e nórdicas também desenvolveram simbolismos a respeito do arco-íris.

Essas lendas, mitos e simbolismos, claro que sob o olhar do presente, sob o signo da modernidade, já não fazem sentido. Entretanto, elas permanecem na cultura dos povos e têm seu valor, como busca da utopia.

Como sabemos, a utopia é um sonho irrealizável. Mas também é uma grande motivadora de vida, É de Eduardo Galeano a frase que dá conta que “...Se cada vez que nos aproximamos da utopia e ela se afasta de nós, qual é a sua função? Sua função é, de fato, nos fazer caminhar...”

O arco-íris é luz, energia, não é sólido. É palpável aos olhos, mas não às mãos. Buscá-lo, encontrá-lo, tocá-lo, é impossível. Mas ele continua lá, desafiando-nos, chamando-os, extasiando-nos.

Então, que ele venha até nós através da nossa imaginação. Que não nos traga tesouros, mas que nos faça caminhar, que nos inspire a fazer poesias, músicas e contos...  Que nos ligue ao céu.


Imagem: Google

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

IDEIA FIXA


A “Ideia Fixa”, uma manifestação particular de uma questão maior, que é o TOC, Transtorno obsessivo Compulsivo, que afeta uma grande número de pessoas.

Muito se fala sobre o TOC. Trabalhos, comentários, reportagens, entrevistas praticamente esgotam o assunto diariamente.

Seguem algumas considerações a respeito das pessoas que têm Ideias Fixas sobre determinados assuntos.... E delas não abrem mão, pois não cessam de focarem nelas, considerando-as seu patrimônio intransferível.

O aspecto doentio nem é tão grave, mas que impacta diretamente na personalidade das pessoas, especialmente na sua arrogância e seu orgulho...

Pessoas com Ideia fixa não aceitam perdas... Muito menos serem contrariadas. Enervam-se e torna o relacionamento com elas uma chatice. Não são capazes de reavaliar os seus pensamentos e não consideraram as idéias dos outros. Vivem na “mesmice... Antes, de qualquer coisa, são dignas de pena, pois trazem na alma um histórico do complexo inferioridade e de infantilidade.

Quando, carregadas por ímpetos de maldade, de dissimulação, tornam-se perigosas e ainda mais indesejáveis. Porém, uma coisa não justifica a outra. São pessoas encrenqueiras, que arrumam confusões e estão sempre achando que alguém no mundo lhe deve uma resposta, uma explicação, ou uma satisfação.

Pessoas fragilizadas pelo seu histórico de desmandos e desencontros psicológicos ao longo da vida precisam de ajuda profissional, de terapias. Ou auxílios de pessoas especialistas em gente, como sacerdotes, pastores, religiosas, professores e conselheiros familiares.

Pessoas conscientes de que são assim, precisam rever seus posicionamentos, suas posturas, suas maneiras de ser. Eventualmente procurar ajuda.

Tanto neste quanto no outro caso, é estreitamente necessário o “querer” das pessoas. Da mesma forma que é muito complicado tratar um consumidor de drogas quando ele não quer, não deseja ser tratado, o mesmo acontece com os portadores de TOC. A princípio, essas pessoas são senhoras de si mesmas e acham que não são ou estão doentes. Não é fácil penetrar no seu mundo e transformá-la de dentro para fora.

Enquanto isso vamos convivendo com pessoas difíceis, tendo que aturá-las, ou fugindo delas, até  para evitarmos escândalos, tumultos e outros tipos de “barracos”.

Assim não dá...


Imagem: Google

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

MODELOS DE VIDA... (SALVAR OU DESTRUIR O PLANETA?)

Revendo a História dos grandes modelos de vida e suas biografias, podemos pinçar alguns exemplos, atos e atitudes que nos fazem refletir e até nos motivar a transformar nossa vida, não com atos heróicos, mas como pequenos gestos, num tempo em que é tão necessária a radicalidade para construirmos um futuro melhor para nossos descendentes e, por que não, para a humanidade. 

Francisco de Assis, percebendo a futilidade e a banalidade da vida luxuosa, num gesto de extrema coragem para seu tempo, despiu-se, ficou literalmente nu em plena praça e, cobrindo-se de roupas simples foi para a floresta conviver com os animais e com os amigos que atenderam o seu chamado para Uma vida pobre, natural, sem luxo.

Madre Tereza de Calcutá, conta-se, ainda jovem vivia enclausurada. Certo dia ouviu  os gritos de um mendigo que clamava por comida. Incomodada, foi até a superiora, advogando ajuda para aquele homem. Foi orientada a voltar para o seu quarto e não se preocupar, pois sua missão era orar pelo fim da pobreza. Mas os apelos continuavam. Novamente a superiora negou ajuda. O que ela fez? Pulou o muro, atendeu o mendigo e nunca mais voltou à clausura. Preferiu o clausura do mundo onde estão os pobres e fundou sua instituição que espalha caridade, não só na índia, mas em todo o mundo.


Maximiliano Kolbe, padre polonês, contemporâneo e amigo de João Paulo II, preso pelos nazistas, viu um um companheiro de prisão estava marcado para morrer fuzilado. Chorava muito e pedia clemência, pois tinha família para cuidar. Maximiliano, condoído, apresentou-se ao soldado para morrer em seu lugar, o que prontamente o soldado aceitou. E assim aconteceu. Não faz tempo que aquele homem, salvo pelo padre, morreu de morte natural. Kolbe foi canonizado por João Paulo II.


Sidarta Gautama, o Buda, vivia no palácio, sendo preparado para ser o futuro rei do seu povo, que ele não conhecia, pois estava enclausurado e protegido. Adolescente resolveu fugir para conhecer o seu país e, naturalmente, o seu povo. Chegou até a periferia e viu o quanto era o sofrimento de sua gente. Ficou compadecido e se junto aos párias, os excluídos, os quais, eram identificado pelas cabeças raspadas. Buda também raspou a cabeça em solidariedade e nunca mais voltou ao palácio, abandonado o seu projeto de ser rei. Por isso os sacerdotes budistas raspam suas cabeças. É em solidariedade aos mais pobres e excluídos.

Pedro era o mais rude dos apóstolos. Mesmo assim Jesus o escolheu como o seu sucessor, Ainda assim, Pedro, nos momento críticos da morte de seu mestre, o negou três vezes. Pedro fez um grande trabalho para divulgar o cristianismo. Foi para Roma, onde se transformou no primeiro Papa. Perseguido pelos Romanos, foi preso e condenado a morte na cruz, o castigo para os piores inimigos de Roma. Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, pois achou-se indigno de morrer como Jesus, seu mestre.

Tiradentes era o mais inculto dos Inconfidentes mineiros. Durante o processo investigatório pelos emissários portugueses, foi recaindo sobre ele a principal culpa do movimento contra a Coroa Portuguesa. Foi condenado à forca, o único. Muito fraco, seu corpo não conseguiu matá-lo, tendo para isso a ajuda do carrasco que abriu o cadafalso. José Joaquim da Silva Xavier, o seu verdadeiro nome teria dito momentos antes de sua morte: “Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria”. Os nacionalistas brasileiros passaram a retratá-lo muito parecido com Jesus, O Salvador da Pátria.

São muitos, milhares, talvez milhões de exemplos de pessoas doaram e doam suas vidas para o bem do próximo. São pessoas essenciais para a vida de outras pessoas. Capazes de pequenos gestos e grandes atitudes.

Que tal fazermos a nossa parte, pelo menos economizando água e protegendo o resta da natureza? Passaremos para a história como “salvadores da pátria”, e não como a geração que destruiu o planeta...



Imagens: Google

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

DIÁLOGO COM DEUS


Senhor,,,
Nestes dias de reflexão, sensibilizado, percebo que tenho tanto a Lhe agradecer...  E muito pouco a pedir...

Senhor...
Sou-Lhe grato pelo amor da em minha vida... Sei que ela sofre calada... E seu rosto só sabe sorrir, especialmente para me animar e não me entristecer... Peço suas bênçãos sobre ela, fortaleça-a ainda mais e me ajude a fazê-la muito mais feliz, como eu sou feliz.

O Senhor tem feito tantos milagres em minha vida, que não posso contá-los... Para não cometer injustiças...

São tantas as janelas abertas... Não, não posso descuidar em dar as costas a nenhuma delas...

Senhor...
Uma coisa é certa: eu sei pelo menos agradecê-Lo a dia que amanhece, pois sou abençoado pelo dom da vida. E vida é oportunidade de ir à luta...

Senhor...
São tantas pessoas precisando de seus cuidados. As crises: hídrica, social, econômica,.. Dramas pessoais, dos quais cada um e o Senhor sabem o tamanho da dor que eles geram. Pessoas que sofrem caladas... Pessoas que gritam... Pessoas que choram... Pessoas que se alegram com a chuva, pessoas que a temem desesperadamente.

Senhor...
A falta de moral, a degradação dos costumes, as drogas, a bebida, a violência... Que comprometem o futuro do nosso país e principalmente do povo que nele habita. Grande parte dele não tem educação suficiente... Não sabe votar e se deixam enganar por políticos corruptos.

Senhor,,,
Eu sei das cruzes que coloca nos ombros das pessoas. Por mais pesadas que possam parecer, estão no limite da superação de cada um. Agradeço-Lhe, também, pela minha... É com amor que a carrego.

Senhor...
Penso no Apóstolo Paulo que escreveu esta afirmação séria e consoladora: “Completo em mim as chagas de Jesus Cristo”...

Senhor,,,
Agradeço-Lhe pelas mãos que cuidam de mim, do amor com que me suportam e não me deixam abater... São mãos de amigos, de pais, irmãos, parentes e especialmente mãos anônimas, que no exercício de sua missão inspiram e demonstram amor e carinho para com todos que lhes estão próximos.

Senhor...
Nada quero de especial... Quero apenas ser um pouco, pouco mesmo do projeto de Francisco de Assis: “...Um instrumento de Sua paz”.



Imagem: Google

sábado, 14 de fevereiro de 2015

MAMÃE EU QUERO... MÚSICA DO CARNAVAL DE SEMPRE

Vídeo: YouTube

CRISE, CARNAVAL E QUARESMA


Estamos vivendo um ano que, literalmente, vai ser um divisor de águas na história do nosso país. Estamos já entrando na plenitude do carnaval e, em seguida vem um tempo especial, para os cristãos, a Quaresma.

E não hã como negar a influencia da cristandade na formação sócio-cultural e religiosa da sociedade ocidental, fundamentada nas culturas Greco-romana e cristã. Não há como negar, também, que até os conscientemente ateus são impactados pelos eventos desse período,

Assim, tanto Carnaval quanto Quaresma são tempos especiais. Aquele convida ao divertimento, à alegria, ao esbanjamento, aos excessos, aos perigos da vida mundana, bebidas, drogas, sexualismo. É um tempo do chamado “vale tudo”. O Carnaval convida também para a reflexão, para a introspecção. Vários movimentos religiosos realizam retiros espirituais como alternativas para aqueles que resistem aos apelos do reinado de momo.

Portanto, mais do que nunca Carnaval e Quaresma, em  2015, são essenciais para a preparação e enfrentamento da realidade que virá durante o ano. O Brasil está em crise e pede socorro. A primeira grande oportunidade do povo se unir e juntos estender a Mao ao país já passou: foram as eleições. A decisão foi pelo continuísmo (também, que opções se tinha?).

É hora de pequenos gestos e de grandes atitudes. Pequenos gestos, por exemplo, economizar água no corriqueiro ato de lavar as mãos. Um exemplo: larvar as mãos deixando a torneira aberta gasta-se até 12 litros de água. Fechar a torneira, enquanto se ensaboa as mãos, o gasto pode chegar a apenas 2 litros. E hora de mudar.

Grandes atitudes é perceber que o Brasil dos sonhos não existe. Se existe, está projetado para muito longe no tempo. Gigante com os pés de barro, o Brasil é o pais do engodo, da mentira... Da corrupção e do desprezo pelas causas mais nobres da sociedade, com educação, saúde, infraestrutura e proteção da natureza.

Povo unido, país forte. Se vamos desopilar o fígado no Carnaval, preparemo-nos pela “Quarta-feira de Cinzas” (Tu és pó...) Vem chumbo grosso por aí.

A Quaresma não serva apenas para fazer jejum e abstinência. Tem gente nem sabe o quê são e para quê servem. Muito menos a Quaresma serve para alienação, fugir dos problemas, entregá-los nas mãos de Deus. Não é assim que funciona. Existe um protagonismo histórico aí. Isto é, fazer acontecer, com atitudes práticas e gestos concretos.

O Brasil perdeu em casa a Copa do Mundo de futebol, e está perdendo outras copas: a crise hídrica no Sudeste, a crise moral na política, o descontrole da macroeconomia, a perda da credibilidade internacional e interna, a saúde, a educação, e outras tantas copas, que podemos falar em geração perdida, em década perdida, em apocalipse.

Vamos nos divertir, vamos refletir, vamos colimar sonhos, vamos agir. Não vamos desperdiçar novas chances... Estamos no buraco, ainda bem que não tem terra em cima.



Imagem: Google

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

EXISTIR OU VIVER


Há uma diferença crucial entre o viver e o existir; se estamos vivos, existimos, se estamos mortos, também existimos.

...Tá lá um corpo estendido no chão...” Diz a letra “De frente pro crime” de João Bosco. Sim, lá existe um corpo. Como existe uma árvore caída, interrompendo o trânsito. Ou, naquela represa, neste momento, devido à estiagem brava, existem muitos peixes mortos.

O que existe simplesmente “é”. Um ser animado, com vida; ou inanimado, sem vida.

Existimos por um milagre, ainda não totalmente explicado (por isso, o milagre). Num ato de amor, assim o presumimos, dois seres vivos, se unem para formar um novo ser vivo. Eles morrem para se transformarem num novo ser, o feto, que passa a “existir”, com vida, no útero materno.

Quando nascemos, ainda somos um ser “existente”, pois, recém-nascidos, ainda não fizemos as nossas opções. Trazemos uma carga em potencial de realização, que vai se materializando, dependendo de uma série de circunstancias, ao longo do nosso crescimento, em idade, em tamanho e em mentalidade. Enquanto crianças, por muito tempo existimos em função de nossos pais, que ditarão o “nosso” querer, quase sempre imbuídos de ótimas intenções.

Mas, eis que chega o tempo no nosso querer verdadeiro. Não há um tempo certo... Um tempo calendário, quantitativo, físico. É um tempo qualitativo.  Quando chega esse tempo, aí, sim vamos exercer as nossas opções de vida.

Nesse momento acontece a diferença entre o viver e o existir. É o tempo do amadurecimento, portanto, tempo de colheita. O fruto maduro tem poucas opções: é colhido para a satisfação humana ou animal,  ou cai para renovar-se e se transformar em nova árvore. É sua função natural.

Nós temos um leque infindável de opções. Difícil enumerá-las. Encontrá-las depende de outras infindáveis variáveis colocadas à nossa disposição.

Em síntese: escolhe-se existir, permanecendo na inércia da infantilidade, sempre na dependência de alguém, como o filho depende de sua mãe; ou a força da maturidade para escolher caminhos, construir sua própria história. Caminhar com os próprios pés rumo à realização pessoal, profissional, social, política e etc... etc... etc...

Existir é “ser” qualquer coisa. Claro que podem acontecer acidentes de percurso. Uma doença incapacitante, uma paralisia... Algo que está fora do nosso controle.

Viver é fazer “acontecer”, é marcar a nossa passagem pela vida, em consonância com o amor que nos gerou. É ser feliz e fazer a felicidade de outras pessoas.  É fazer com que as pessoas sintam muito mais a nossa ausência do que a nossa presença.

Portanto, existir é um fato consumado. Viver é uma opção de “vida”



Imagem: Google

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

GASES TRAQUINAS


Ele, aos quarenta anos, apesar de responsável, trabalhador, pai de família, permanecia um menino, alegre, observador e sempre pronto para “aprontar” das suas traquinagens.

Ela uma senhorinha já na terceira idade, mantinha sua postura de gente da classe média alta, cheia de direitos e apresentando sinais de arrogância.

Nada de comum entre eles... Distância quilométrica os separava. Não se conheciam, nunca se falaram e sem a menor chance de e falarem algum dia. Jamais se miraram um no olho do outro, nem naquele dia.

Naquele dia, ele tocava sua vida como sempre. O diferencial é que havia ingerido algo que não tinha caído bem no seu estômago e com conseqüências  no intestino. Em outras palavras: estava dominado pelos gases.

Ela, provavelmente estava viajando. Ou estava chegando de alguma cidade distante, ou partindo para algum lugar semelhante.

Ambos precisavam de dinheiro e foi ao caixa eletrônico do Terminal Rodoviário. Na fila, ele estava na frente dela. O equipamento era uma cabine fechada e nela só cabia uma única pessoa. Ele, calmo e tranqüilo, apesar na turbulência intestinal, observava certa inquietação por parte dela. As pessoas, como acontece nessas ocasiões, demoravam muito para executar as operações na cabine, que era a única da rede 24 horas. Isso fazia a fila crescer e a inquietação aumentar.

Ao chegar a sua vez, ele entrou na cabine com a tranqüilidade de sempre. Tinha algumas operações para fazer e por isso pouca atenção deu ao movimento lá fora.

De repente, mais que de repente, a velhinha inquieta começou a bater no vidro da porta da cabine tentando fazer com ele acelerasse o seu processo. Ele fez ouvido de mercador. Ela continuou a bater e a gesticular. Isso começou a afetá-lo. Mas não se alterou, não. Continuou a fazer suas operações normalmente. Até que estava sendo rápido.

Ela continuou a perturbá-lo. Então ele resolveu a “aprontar.

Em primeiro lugar tratou de desincumbir-se da sua missão. Assim que terminou, enquanto guardava os documentos, deixou escapar uma boa dose dos gases que estavam acumulados em seu intestino. E saiu rapidamente.

A velhinha, de pronto foi para a cabine. Ele de longe apenas observava os fatos. Ela perdeu a pressa e ficou um bom tempo com a porta aberta, segurando-a com uma das mãos e com a outra fazia sinais desencontrados, ora protegendo o nariz, ora comunicando aos demais que deveriam esperar mais um pouco.

Ele, rindo muito, perdeu-se na multidão. Tinha “aprontado” mais uma traquinice, batendo de frente com a velhinha arrogante e apressada. 

Paa ele a alegria da vida... Para ela uma lição a ser aprendida...



Imagem: Google

domingo, 8 de fevereiro de 2015

RIR OU CHORAR


Ninguém vive sem problemas. Já nascemos apanhando, pois quando saímos da barriga da mãe, a primeira coisa que o médico faz é bater na nossa bunda para nos fazer chorar. Choramos e todos choram juntos, de alegria. Festa, só festa.

Nos primeiros seis ou sete anos da nossa vida, em geral (tem gente que com ela isso não é assim) vivemos sob proteção da mãe. Hoje esse tempo está sendo reduzido drasticamente, tendo em vista a criação de creches e escolinhas, que de alguma maneira cuidam das crianças para as mães trabalharem. Mas é numa parte do dia. Já à tardinha as crianças estão todas em casa, em torno de suas mães.

Somos a espécie animal que mais tempo vive colado à sua mãe. Na natureza, todas as espécies de animais, despacham seus filhotes o mais rápido possível. Logo os filhotes aprendem por si só a sobreviverem. Nós temos que passar por dois processos educativos: o processo da família, cuja participação dos pais e das pessoas mais velhas é fundamental para preparar o filho para a vida em sociedade; e o processo escolar que “deveria” complementar a educação familiar com as informações necessárias para que o menino ou menina possa entrar no mercado de trabalho e realizar-se pessoal e profissionalmente.

Em cada fase da nossa vida enfrentamos problemas diferentes ou próprios da idade, maiores ou menores, de acordo com a maneira que os encaramos.

Uns choram, lamentam, transformam seus problemas em “cavalos de batalha”, tentando atrair para si a atenção. Tais pessoas acabam se tornando chatas, ridículas, e, não raras vezes, apenas são dignas de pena... E têm mais dificuldades para solucionar os problemas

Outras pessoas têm astral elevado e fazem pilherias de seus problemas, sem, é claro, deixá-los de enfrentá-los. Com certeza essas pessoas têm mais facilidade de superar suas dificuldades, pois, simpáticas, encontram mais portas abertas em suas caminhadas.

As pessoas que remoem seus problemas são lamentosas, chorosas, introspectivas. Encontram menos portas abertas, pois são negativas e “repelentes”.

Dos problemas jamais nos livraremos... Resta repensar a maneira de lidarmos com eles. Eles terão de ser resolvidos, com a consciência clara de que a solução de um gera outros... E assim por diante.

Rir ou chorar... O riso, a pilheria, o zombar-se de si mesmo, reforçando a autoestima é o melhor caminho.  Chorar não é proibido... Que o choro aconteça nos momentos solidão e tristeza, que são necessários.  Porém, quando em público é bom demonstrar uma disposição alegre para enfrentar a vida.

E como diz Cora Coralina "...o importante é o dcidir".



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BUNDA OU PEITO - O QUE VOCÊ PREFERE? VEJA ESTE VÍDEO. É IMPORTANTE!

Video: Internet

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

CIÊNCIA E FÉ



Nós não damos conta, mas convivemos cotidianamente, diariamente, com o confronto entre a ciência e a fé.

As rádios que transmitem em AM são quase todas dedicam suas programações a temas religiosos, pois, pertencem à instituições afins. Muitas “FMs” também. E os temas dessas transmissões invariavelmente são os “milagres” que podem acontecer em nossa vida pelo poder da fé. Nesse momento a fé esbarra na ciência.

A Igreja católica, como instituição milenar, toma cuidados maiores para aceitar um milagre e para isso recorre à ciência. Se esta não explica o acontecido, principalmente as curas, oferecendo as situações limítrofes, a Igreja Católica toma para si a responsabilidade de considerar aquela cura como um milagre. Esse processo dura anos, até séculos. Não é assim tão instantâneo.

Durante séculos os teólogos faziam a Igreja a pregar que a terra era o centro do universo, tendo como base os ensinamentos de Ptolomeu (90-168)m e porque, também, e tal não poderia ser diferente, Deus escolheu esse planeta para fazer nascer nele seu filho, feito homem. Esse conflito custou o julgamento inquisitorial de Galileu Galilei, que com seus cálculos cosmológicos afirmava o contrário: a terra era apenas um corpo celeste que girava em torno de uma estrela, o sol. Só não foi condenado, pois, renegou suas afirmações, reafirmando-as depois. Hoje, Galileu está oficialmente livre das suas acusações.

A encrenca entre ciência e fé, hoje se mantém, ainda que mais amena. A ciência cuida dos fatos, dos eventos testáveis em laboratório ou por cálculos matemáticos. Cuida, também, dos fenômenos físicos naturais e biológicos, estes relacionados à vida. A ciência investe seus conhecimentos para desvendar os mistérios da mente humana e das profundezas do universo infinito. Mas várias vezes, por várias vozes, têm afirmado os seus limites. Após tais limites, os conhecimentos são transferidos para a fé.

A fé vem de uma religião e busca a essência das coisas. Está acima da ciência, mas não pode desprezá-la. Uma descoberta que prove uma verdade definitiva precisa ser aceita pela fé, mesmo que contrarie a religião que pertence.

A fé é tão essencial quanto a religião é essencial. Ela humaniza o ser humano, tornando-o, mas afável, mais acolhedor, mais amigo, mais, altruísta. A ciência pura e simples pode tornar o ser humano mais árido, mais arrogante, mais senhor de si, mais egoísta, menos acolhedor, menos amigo, menos altruísta, menos humano.

Fé e ciência caminham juntas, estão presentes em nossa vida. Se não damos conta disso, seria bom perceber que seus conhecimentos somados (e com a nossa participação), podem fazer um mundo melhor.



Imagem: Google

FAMÍLIA


Escrever a respeito de família, hoje, é um desafio extremamente grande e importante, visto que é no mínimo polêmico. Haja polêmica nisso!

Há muitos envolvimentos nisso: sociológicos, antropológicos, filosóficos e principalmente religiosos. Cada área tem seus especialistas, seus “donos” da verdade, com opiniões incisivas, conclusivas e definitivas sobre a família. Livros e livros foram escritos... A situação é tão séria que o próprio Papa Francisco determinou  que em 2015 será, ao longo do ano, será realizado um Sínodo (reunião de bispos),  para estudo da Família, envolvendo os citados especialistas. No final do ano será lançado um livro contendo a posição da Igreja Romana a respeito do assunto.

Nada queremos além refletir algumas idéias e verificar algumas realidades sobre a família. Com certeza continua sendo a base da sociedade, especialmente a sociedade ocidental, que é de fundo Greco-romano e cristão. Mas é uma instituição em crise, pois se mantém em bases arcaicas num mundo ultramoderno.

Sua organização permanece patriarcal. Às vezes matriarcal... Porém, a partir da evolução dos direitos das mulheres de buscarem a igualdade com os homens, os reflexos foram imediatos. E as sociedades, respondendo a esses mais, mais que legítimos, foram alterando as leis e consagrando às famílias os mesmos direitos e deveres para ambos os pilares da família tradicional: o homem e a mulher.

Os filhos diminuíram... As mulheres cresceram culturalmente... passaram a desempenhar papeis sociais semelhantes aos dos homens, apesar de ainda manterem as mesma atividades domésticas.

Novas realidades surgiram: as uniões homo afetivas e o reconhecimento delas pela via legal. Tais uniões não geram filhos e nem se pensam  no futuro distante, quando na família tradicional tem os filhos para protegerem seus pais e avós. O Capitalismo consumista prega viver o presente, sem estar presos no passado nem ansiedade em relação ao futuro. Isso tem o reverso da medalha. Jovens se atiram muito cedo à vida de adulto, banalizando o sexo e gerando filhos que são colocados nos colos dos pais.

Os filhos libertam-se muito cedo. Com as facilidades educacionais universitárias vão para longe, exigem das famílias muito recurso financeiro. Quando terminam os estudos, simplesmente não voltam, não se casam, constroem uniões estáveis temporárias, reconhecidas por lei, desfigurando aquele modelo de família tradicional existente na sociedade.

As mulheres conseguiram grandes conquistas, assume, importantes cargos executivos, surpreendem os homens no desempenho profissional. Estas estão seguras e no caminho certo. Mas estão concentradas nos grandes centros. Nas periferias elas também lutam, mas o machismo é um empecilho a mais. Os programas policias sensacionalistas estão plenos de exemplos de situações ainda humilhantes de mulheres sendo massacradas pelo simples desejo de assumir suas próprias vidas e consequências. Para deleite da classe média, que navega a braçadas no mar da tranquilidade.

A família ainda é o berço da educação dos filhos. A escola o complemento, não o contrário. Nos centros urbanos é possível encontrar isso, mas na periferia não. Na periferia a escola é mera extensão da família e jamais atingirá seus objetivos. Resultado: na periferia os filhos jamais serão educados na mesma intensidade e jamais atingirão o mesmo nível educacional. Os programas sociais são apenas paliativos, bandeiras políticas e a maneira que o Capitalismo Consumista encontrou para consolidar sua situação de domínio pleno da sociedade. Uns manda, outros obedecem. Afinal, a sociedade precisa de frentistas,  borracheiros, raladores de queiro, de diaristas, trabalhadores em feiras, e assim por diante (Pelo amor de Deus: nada contra a esses trabalhadores, dignos e merecedores de todo o respeito e consideração). Mas assim é o sistema.

Cuidar da família hoje é cuidar das relações entre pessoas num mundo conturbado e marcado pela tecnologia, informação e banalização.  Diálogo é fundamento. A aceitação de novos valores também. Romper com os preconceitos mais ainda.

Agora, como convencer homens machistas, violentos? Homens e mulheres machistas presos a valores arcaicos? Chamar a sociedade para se organizar e eleger políticos sérios, honestos e comprometidos com essas causas dos valores familiares, amor, educação, respeito humano, unidade? Ah! Isso não vai dar certo.


Resta o consolo de cada um fazer sua parte e dormir tranqüilo em plena balbúrdia....



Imagem: Google

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

EL TORERO: AS TRES FACES DE UMA TRAGÉDIA

(Este é um texto de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Por sermos contra as "Corridas de Touros", não incluimos ilustração a respeito)


A cidade parou, o melhor toureiro da região estará no inicio da tarde na Plaza de toro, a maior do país. A cidade inteira, gente de cidades próximas e de cidades distantes, O comércio fechará as portas e haverá reforço em todas as modalidades do transporte coletivo.

Ele, o toureiro, não era apenas um bom no ofício de enfrentar e matar os animais bravios, rústicos, violentos. Era carismático, bonito, rico e presentes nas altas rodas, mídia, e capas de revista. Será o maior espetáculo da tauromaquia da região. Inesquecível. Aliás, o show já começou, pois desde o inicio da manhã rolava no Plaza, eventos, pequenas corridas para animar o público até a chegada da principal atração. Alguns animais já teriam sido mortos.

De repente o frisson não era mais no centro da arena, mas fora. Ele estava chegando... E chegou. Empertigado com um Deus grego, caminhou em direção dos camarins... Precisava descansar um pouco, concentrar-se para o grande espetáculo. Antes, porém, deu uma expiada no público presente. Um largo sorriso iluminou o seu rosto, acenou a cabeça fazendo e levantou o polegar direito, mostrando que tudo aquilo era positivo... Recolheu-se para os minutos de silêncio, que demorou um pouco mais que o normal.

Talvez pensasse na responsabilidade de agradar aquele grande público, com uma exibição especialíssima...  Talvez tivesse pressentido que algo pior pudesse acontecer... Tudo... Talvez...

De outro lado o touro: quatro anos e meio, bem criado, bem preparado para o combate. sangue ruim. Antes mesmo de ser solto na arena já bufava exalando raiva e vontade de ir à luta.

O público delirava,  “ola” acontecia, o estádio tremia... Parecia que uma multidão inteira projetava no “torero”, toda sua animalidade, todo seu primitivismo enraizado, mas abafado pelas convenções sociais. Por outro lado, o próprio oficio do “torero”, ao desafiar, enfrentar e matar o touro, animal bravio, encarna a masculinidade, a força masculina, vitalidade, a fonte que gera outras vidas. Vencer o touro é mais que necessário para a reafirmação do ser humano como senhor da natureza.

Oooooooolé! Ooooooooolé! Oooooooooolé! É a festa do público. Ao soar das trombetas, o silêncio! O touro está na arena... Agitado, bufando, dando coices duplos e arranhando o chão com as patas dianteiras. Entrando os auxiliares para irritá-lo ainda mais, perfurando seu couro hastes pontiagudas e bandeirolas coloridas. O sangue começa e escorrer pelo corpo do touro. Ele se agita ainda mais. O público está próximo ao delírio.

Depois de alguns minutos de palhaçadas e cutucadas do touro, do outro lado da arena surge o grande “torero”... Nas arquibancadas reinava uma grande alegria, festa total. E ele começa a exibição, sempre observado de perto pelos auxiliares...

A provocação. O “torero” sabe o que faz e chama o touro. O touro é diblado. O público delira. O touro recebe mais algumas picadas. Mais e mais provações e avanços e o “torero”, senhor de si e da situação, vai levando o animal ao cansaço. A postura elegante do “torero” é um espetáculo a parte.

Novos ferimentos no touro. Ele sangra, bufa e luta e o torero se esquiva. E o espetáculo continua.

Tércio da morte. O torero muda de capa. Com ela a espada fatal. O touro está exausto, babando (de raiva?), seu corpo já está tomado por seu próprio sangue. Impassível o torero que fazer o melhor: esperar o animal manter juntas as patas dianteiras e baixar a cabeça, expondo seu dorso. O torero vai se aproximar um pouco e lançar sobre ele e enfiar-lhe a espada no dorso cortando a sua jugular. A morte será instantânea e a gloria total.

Um segundo de distração. Antes de atacar o animal, o torero vira-se para o público, agora em silêncio sepulcral. Nesse lapso de tempo quem avançou o touro atingindo seu inimigo na virilha e fazendo-o voar. Na queda, antes dos auxiliares chegar, nova chifrada no peito. O “torero” está morto. Ato contínuo o touro também é morto pelos auxiliares do espetáculo. Sua carne será repartida entre os açougueiros da cidade.

Na arena sangue humano e bovino se misturam... Nas arquibancadas estupefação, lágrimas, e risos inapropriados. Decepção.

A vida contada em tragédias... Esta, uma tragédia com três faces: a humana, com a morte do “torero”, que acima de tudo encarnava a arrogância; a natural, a morte do toro, que sem saber o porquê foi torturado até o fim; a manutenção da barbárie, que ainda faz muita gente feliz.



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