segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

GASES TRAQUINAS


Ele, aos quarenta anos, apesar de responsável, trabalhador, pai de família, permanecia um menino, alegre, observador e sempre pronto para “aprontar” das suas traquinagens.

Ela uma senhorinha já na terceira idade, mantinha sua postura de gente da classe média alta, cheia de direitos e apresentando sinais de arrogância.

Nada de comum entre eles... Distância quilométrica os separava. Não se conheciam, nunca se falaram e sem a menor chance de e falarem algum dia. Jamais se miraram um no olho do outro, nem naquele dia.

Naquele dia, ele tocava sua vida como sempre. O diferencial é que havia ingerido algo que não tinha caído bem no seu estômago e com conseqüências  no intestino. Em outras palavras: estava dominado pelos gases.

Ela, provavelmente estava viajando. Ou estava chegando de alguma cidade distante, ou partindo para algum lugar semelhante.

Ambos precisavam de dinheiro e foi ao caixa eletrônico do Terminal Rodoviário. Na fila, ele estava na frente dela. O equipamento era uma cabine fechada e nela só cabia uma única pessoa. Ele, calmo e tranqüilo, apesar na turbulência intestinal, observava certa inquietação por parte dela. As pessoas, como acontece nessas ocasiões, demoravam muito para executar as operações na cabine, que era a única da rede 24 horas. Isso fazia a fila crescer e a inquietação aumentar.

Ao chegar a sua vez, ele entrou na cabine com a tranqüilidade de sempre. Tinha algumas operações para fazer e por isso pouca atenção deu ao movimento lá fora.

De repente, mais que de repente, a velhinha inquieta começou a bater no vidro da porta da cabine tentando fazer com ele acelerasse o seu processo. Ele fez ouvido de mercador. Ela continuou a bater e a gesticular. Isso começou a afetá-lo. Mas não se alterou, não. Continuou a fazer suas operações normalmente. Até que estava sendo rápido.

Ela continuou a perturbá-lo. Então ele resolveu a “aprontar.

Em primeiro lugar tratou de desincumbir-se da sua missão. Assim que terminou, enquanto guardava os documentos, deixou escapar uma boa dose dos gases que estavam acumulados em seu intestino. E saiu rapidamente.

A velhinha, de pronto foi para a cabine. Ele de longe apenas observava os fatos. Ela perdeu a pressa e ficou um bom tempo com a porta aberta, segurando-a com uma das mãos e com a outra fazia sinais desencontrados, ora protegendo o nariz, ora comunicando aos demais que deveriam esperar mais um pouco.

Ele, rindo muito, perdeu-se na multidão. Tinha “aprontado” mais uma traquinice, batendo de frente com a velhinha arrogante e apressada. 

Paa ele a alegria da vida... Para ela uma lição a ser aprendida...



Imagem: Google

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