terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

FAMÍLIA


Escrever a respeito de família, hoje, é um desafio extremamente grande e importante, visto que é no mínimo polêmico. Haja polêmica nisso!

Há muitos envolvimentos nisso: sociológicos, antropológicos, filosóficos e principalmente religiosos. Cada área tem seus especialistas, seus “donos” da verdade, com opiniões incisivas, conclusivas e definitivas sobre a família. Livros e livros foram escritos... A situação é tão séria que o próprio Papa Francisco determinou  que em 2015 será, ao longo do ano, será realizado um Sínodo (reunião de bispos),  para estudo da Família, envolvendo os citados especialistas. No final do ano será lançado um livro contendo a posição da Igreja Romana a respeito do assunto.

Nada queremos além refletir algumas idéias e verificar algumas realidades sobre a família. Com certeza continua sendo a base da sociedade, especialmente a sociedade ocidental, que é de fundo Greco-romano e cristão. Mas é uma instituição em crise, pois se mantém em bases arcaicas num mundo ultramoderno.

Sua organização permanece patriarcal. Às vezes matriarcal... Porém, a partir da evolução dos direitos das mulheres de buscarem a igualdade com os homens, os reflexos foram imediatos. E as sociedades, respondendo a esses mais, mais que legítimos, foram alterando as leis e consagrando às famílias os mesmos direitos e deveres para ambos os pilares da família tradicional: o homem e a mulher.

Os filhos diminuíram... As mulheres cresceram culturalmente... passaram a desempenhar papeis sociais semelhantes aos dos homens, apesar de ainda manterem as mesma atividades domésticas.

Novas realidades surgiram: as uniões homo afetivas e o reconhecimento delas pela via legal. Tais uniões não geram filhos e nem se pensam  no futuro distante, quando na família tradicional tem os filhos para protegerem seus pais e avós. O Capitalismo consumista prega viver o presente, sem estar presos no passado nem ansiedade em relação ao futuro. Isso tem o reverso da medalha. Jovens se atiram muito cedo à vida de adulto, banalizando o sexo e gerando filhos que são colocados nos colos dos pais.

Os filhos libertam-se muito cedo. Com as facilidades educacionais universitárias vão para longe, exigem das famílias muito recurso financeiro. Quando terminam os estudos, simplesmente não voltam, não se casam, constroem uniões estáveis temporárias, reconhecidas por lei, desfigurando aquele modelo de família tradicional existente na sociedade.

As mulheres conseguiram grandes conquistas, assume, importantes cargos executivos, surpreendem os homens no desempenho profissional. Estas estão seguras e no caminho certo. Mas estão concentradas nos grandes centros. Nas periferias elas também lutam, mas o machismo é um empecilho a mais. Os programas policias sensacionalistas estão plenos de exemplos de situações ainda humilhantes de mulheres sendo massacradas pelo simples desejo de assumir suas próprias vidas e consequências. Para deleite da classe média, que navega a braçadas no mar da tranquilidade.

A família ainda é o berço da educação dos filhos. A escola o complemento, não o contrário. Nos centros urbanos é possível encontrar isso, mas na periferia não. Na periferia a escola é mera extensão da família e jamais atingirá seus objetivos. Resultado: na periferia os filhos jamais serão educados na mesma intensidade e jamais atingirão o mesmo nível educacional. Os programas sociais são apenas paliativos, bandeiras políticas e a maneira que o Capitalismo Consumista encontrou para consolidar sua situação de domínio pleno da sociedade. Uns manda, outros obedecem. Afinal, a sociedade precisa de frentistas,  borracheiros, raladores de queiro, de diaristas, trabalhadores em feiras, e assim por diante (Pelo amor de Deus: nada contra a esses trabalhadores, dignos e merecedores de todo o respeito e consideração). Mas assim é o sistema.

Cuidar da família hoje é cuidar das relações entre pessoas num mundo conturbado e marcado pela tecnologia, informação e banalização.  Diálogo é fundamento. A aceitação de novos valores também. Romper com os preconceitos mais ainda.

Agora, como convencer homens machistas, violentos? Homens e mulheres machistas presos a valores arcaicos? Chamar a sociedade para se organizar e eleger políticos sérios, honestos e comprometidos com essas causas dos valores familiares, amor, educação, respeito humano, unidade? Ah! Isso não vai dar certo.


Resta o consolo de cada um fazer sua parte e dormir tranqüilo em plena balbúrdia....



Imagem: Google

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