quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

EXISTIR OU VIVER


Há uma diferença crucial entre o viver e o existir; se estamos vivos, existimos, se estamos mortos, também existimos.

...Tá lá um corpo estendido no chão...” Diz a letra “De frente pro crime” de João Bosco. Sim, lá existe um corpo. Como existe uma árvore caída, interrompendo o trânsito. Ou, naquela represa, neste momento, devido à estiagem brava, existem muitos peixes mortos.

O que existe simplesmente “é”. Um ser animado, com vida; ou inanimado, sem vida.

Existimos por um milagre, ainda não totalmente explicado (por isso, o milagre). Num ato de amor, assim o presumimos, dois seres vivos, se unem para formar um novo ser vivo. Eles morrem para se transformarem num novo ser, o feto, que passa a “existir”, com vida, no útero materno.

Quando nascemos, ainda somos um ser “existente”, pois, recém-nascidos, ainda não fizemos as nossas opções. Trazemos uma carga em potencial de realização, que vai se materializando, dependendo de uma série de circunstancias, ao longo do nosso crescimento, em idade, em tamanho e em mentalidade. Enquanto crianças, por muito tempo existimos em função de nossos pais, que ditarão o “nosso” querer, quase sempre imbuídos de ótimas intenções.

Mas, eis que chega o tempo no nosso querer verdadeiro. Não há um tempo certo... Um tempo calendário, quantitativo, físico. É um tempo qualitativo.  Quando chega esse tempo, aí, sim vamos exercer as nossas opções de vida.

Nesse momento acontece a diferença entre o viver e o existir. É o tempo do amadurecimento, portanto, tempo de colheita. O fruto maduro tem poucas opções: é colhido para a satisfação humana ou animal,  ou cai para renovar-se e se transformar em nova árvore. É sua função natural.

Nós temos um leque infindável de opções. Difícil enumerá-las. Encontrá-las depende de outras infindáveis variáveis colocadas à nossa disposição.

Em síntese: escolhe-se existir, permanecendo na inércia da infantilidade, sempre na dependência de alguém, como o filho depende de sua mãe; ou a força da maturidade para escolher caminhos, construir sua própria história. Caminhar com os próprios pés rumo à realização pessoal, profissional, social, política e etc... etc... etc...

Existir é “ser” qualquer coisa. Claro que podem acontecer acidentes de percurso. Uma doença incapacitante, uma paralisia... Algo que está fora do nosso controle.

Viver é fazer “acontecer”, é marcar a nossa passagem pela vida, em consonância com o amor que nos gerou. É ser feliz e fazer a felicidade de outras pessoas.  É fazer com que as pessoas sintam muito mais a nossa ausência do que a nossa presença.

Portanto, existir é um fato consumado. Viver é uma opção de “vida”



Imagem: Google

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