quinta-feira, 9 de julho de 2015

CONTAR ESTRELAS (OU AMAR PROFUNDAMENTE)


Parece estranho falar de romantismo hoje em dia, não? Em tempos de fast food, caracol não tem vez...  Em tempos “Velozes e Furiosos” contemplar estrelas é para “lunático” ou “doido varrido”...

Aliás, em tempos urbanos, os “urbanóides” para ver alguma coisa mais concreta no céu preciso deixar o seu habitat. Coisa difícil...

Pois, então, a expressão “lunático” é atribuído a um vacilo do filósofo Tales de Mileto, também grande matemático. “Conta-se que ele, ao ser conduzido para fora de sua casa por uma velhinha para observar os astros, teria caído num buraco. A velhinha teria comentado: ‘Tales, não consegues ver o que tens aos pés e desejas conhecer o que está no céu’?”. Daí esse apelido.

Olhar para o céu, contemplar ou contar estrelas, pode, sim, ser coisas de “lunáticos”, mas tem tudo a ver com o ser humano, sua pequenez diante de um Criador capaz de tamanha façanha, construir algo inatingível, mas que evoca os mais profundos sentimentos de gratidão, de maravilha, de amor, de romantismo, de poesia, de filosofia...


Uma linda obra da discografia brasileira é um sinônimo desse encantamento. Chama-se  “Estrela do Mar”, composta por Paulo Soledade e Merino Pinto, gravada por Dalva de Oliveira, Maria Bethânia e outros. A letra (está na internet) é a seguinte:

Um pequenino grão de areia
Que era um eterno sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor
Passaram-se anos, muitos anos
Ela no céu, ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pode com ela se encontrar

Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O que já de verdade
È que depois, muito depois
Apareceu a estrela do mar

Os limites do espaço sideral, e o seu conteúdo, escapam de longe a capacidade humana de conhecê-los. É imaginável por cálculos matemáticos, físicos e astronômicos.

A infinitude do céu e a impossibilidade de contar todas as suas estrelas podem ser comparadas a um grande, sincero, livre, profundo, verdadeiro e respeitoso amor... Um amor assim e um contador de estrelas jamais chegam ao fim... Ainda que existam buracos na estrada!

Felizes daqueles que ainda conseguem amar no ritmo do caracol... Quem tem pressa “come cru” ou queima a boca com a sopa. Quem faz como o caracol pode observar o mundo ao seu redor, descobrir as maravilhas do céu, contemplar a pessoa amada, ver nela todos os dias belezas novas e aprofundar ainda mais os seus sentimentos. Amar é observar e cuidar. Sem pressa.

A vida pode cobrar rapidez, velocidade, intensidade... Mas sempre é possível encontrar momentos para tentar contar estrelas e compor versos  de amor, para que a vida realmente tenha sentido.

...E não é estranho falar de amor quando se ama profundamente!



Imagem: Google

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