D. Ana (nome fictício)
no alto dos seus 70 anos, viúva há 10, por opção, vive só. Tem cinco filhos e
11 netos (dados fictícios)
Viveu casada por 40
anos... Seu marido, Jorge (nome também fictício) morreu há 10 anos de problemas
cardíacos. De seus filhos todos casados ( Três mulheres e dois homens), 3 moram
próximos e 2 bem longe, no exterior. Eles, em consenso montaram para ela um
apartamento pequeno, onde uma pessoa duas
vezes por semana cuidava da limpeza e nos demais passava por lá para
preparar-lhe uma sopa para a noite.
D. Ana recebia a
pensão deixada por Jorge, pouca, mas o suficiente para a sua rotina... Rotina?
Nem tanto.
Tomava seus remédios
religiosamente para cuidar da ameaça do diabetes e do colesterol elevado
(próprios da idade). Era franzina, mas muito alegre e comunicativa. Considerada
e amada por todos. Depois da morte de Jorge cumpriu o ritual do luto, mas nunca
se esqueceu dele. As alianças estão juntas na sua mão esquerda.
Diariamente, D. Ana
faz assim:
Levanta-se bem
cedinho. Toma seu banho e já liga para um dos filhos para dar notícias. Quem recebeu o “bom dia de Ana” repassa para
os demais o “como mamãe está”. Imediatamente, Ana, que já avisou, sai de casa e
ganha a rua (a diarista tem as chaves da de seu apartamento).
Ela tona café num
restaurante público da cidade, onde o preço é muito baixo. O cardápio é café
com leite, pão com manteiga e uma fruta. Nada mal.
Em seguida corre para
a Casa da Terceira Idade. Lá tem piscina, ginástica, e muitas outras atividades
próprias para pessoas de sua idade, inclusive palestras, cursos e passeios.
Já pelas onze ou onze
e meia, D. Ana volta para o almoço no mesmo restaurante. Às vezes retorna à
Casa da Terceira idade, ou, então, vai
para casa “descansar”. Gosta de ver TV, especialmente os programas policiais.
Vê o jornal da noite e, como não gosta de novela, vai dormir. Para isso toma
aquele sonífero leve que o seu cardiologista (que acha bonitão) receitou.
Não perde as consultas
médicas periódicas e faz os exames. Não se descuida dos remédios que pega no
posto de saúde.
D. Ana não lê, pois
sua vista não ajuda; mas adora folhear revistas, para, principalmente admirar
as fotos. Saudades do Jorge? Um pouco. Segue o conselho do Pe. Marcelo Rossi: “Saudade sim, tristeza não!”. Seus
filhos e netos estão por perto (ou se comunicando frequentemente) e seus amigos
são muitos.
Extremamente ativa,
participa de muitas atividades das muitas atividades na Casa da Terceira Idade
e não perde os passeios e excursões culturais. Não sabe dançar e não quer
aprender. Questão de opinião!
Eita vidinha boa e
tranqüila...
D. Ana tem um hobby:
gosta de flores. Sempre que passa pelo Mercado Municipal compra aqueles
pacotinhos de sementes,,, E que ela faz? Por onde passa, sempre à janela do
ônibus (tem passe livre), vai jogando as sementes.
Um dia foi questionado
por um jovem que coincidentemente era seu companheiro de viagem todos os dias
de manhã.
- A senhora joga as sementes pela janela do ônibus. Só cimento e
asfalto... Não tem como elas germinarem. São tempo e dinheiro perdidos...
Ela respondeu:
- Meu filho, jogo porque assim eu quero. Alguém precisa espalhar flores
pela cidade.
- Está bom, retrucou o rapaz, mas
acho difícil a senhora ver essas flores crescerem...
O tempo passou. D. Ana
por força do tempo, adoeceu de vez e deixou de freqüentar aqueles lugares de
sempre. Fazia falta no café da manhã, na Casa da Terceira Idade, no almoço e
nos passeios. Até aquele moço mudou de linha do ônibus. E o milagre
aconteceu...
Sem nenhuma explicação, naquelas ruas por onde D, Ana passava a primavera passou a ser cada ano mais
linda!
Semeie flores... Pense
no amanhã!
Imagem: Google
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