A vida em si mesma
traduz um deslumbramento, Todo milagre é um deslumbramento, porque escapa à
razão humana. Viver exige o deslumbramento, pois só assim evoluímos para o bem,
para o melhor, para a alegria e para a felicidade.
Se alguém não está
deslumbrado com a vida corre o sério risco de interrompê-la, ou melhor,
terminar o que já não existe.
Porém, o
deslumbramento carrega em seu bojo grandes riscos. Se procurarmos no dicionário
sua definição vamos encontrá-la como “...Ação ou efeito de deslumbrar ou de se deslumbrar... Embaçamento da vista que
pode ser causado pela exposição ao excesso de luz (ou por outras razões, como a
vertigem)".
É isso mesmo:
embaçamento da vista, ou da visão, ou da razão. Desse conceito derivam outras
situações da vida em que o deslumbramento é prejudicial à pessoa. Deslumbrar-se
é encantar-se, encantar-se é sublimar-se, isto é, sair do chão, alcançar um
mundo imaginário, um paraíso inexistente. In extremis leva à alienação, fuga da
realidade.
“Pés no chão” é o antídoto
natural para o excesso de deslumbramento.
Leonardo Boff quando
escreveu sobre “A Águia e a Galinha” e suas “dimensões”, ensinou que nós
humanos temos inseridas em nosso ser as
perspectivas da águia que busca o vôo nas alturas, sempre mais e mais, e da
galinha, que não sai do chão. Somos águias quando nos deslumbramos com as
alturas, com os vôos acima das nuvens. Somos galinha quando insistimos em mirar
o chão, sem darmos conta que existe um infinito acima de nós. Precisamos do
equilíbrio. Nem tanto as alturas que nos
aliena, nem tanto o chão que também nos aliena.
Miremos o infinito,
como sonhos a serem buscados sem nos esquecer que na terra a vida acontece e
precisa ser vivida e os problemas enfrentados e resolvidos. Pois à medida que
superamos os obstáculos outros surgirão e deverão ser igualmente superados.
O deslumbramento cega,
como o irracional também cega. Cair de cabeça numa aventura é ato de cegueira.
A razão manda desenvolver uma visão holística, isto é de 360 graus, que permite
avaliar quase todas as situações, tanto de risco quanto de alegria.
O deslumbramento na
medida certa faz a vida valer a pena, assim como manter os “pés no chão”
também, pois superar os obstáculos gera em nossa alma a agradável sensação de
leveza, de liberdade, bem como a certeza que o Deus de nossa crença cuida de
nós, como a galinha cuida de seus pintainhos.
E a grande vitória
desse equilíbrio é a paz de espírito, o amor (dado e recebido) e a felicidade
plena.
Que assim seja!
Imagem: Google